
Ambiente é o Meio
By Ambiente é o meio
É um projeto de extensão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, em parceria com a Rádio USP, coordenado pelos professores José Marcelino de Rezende Pinto e Marcelo Pereira de Souza, ambos da FFCLRP.

Ambiente é o MeioAug 29, 2022

#112: Dessensibilização frente às crises climáticas é tema de novo livro de Tiago Novaes
O Programa Ambiente é o Meio dessa semana, conversa com o escritor Tiago Novaes, que fala sobre a reação da sociedade em relação às crises ambientais do mundo no século XXI. Através do novo livro Baleias no deserto: o corpo, o clima, a cura pela terra, o doutor em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP trabalha, na ficção, uma tentativa de sensibilizar o público quanto ao meio ambiente.
Novaes conta que a produção do novo livro se inicia durante a pandemia da Covid-19, com a observação do caos em termos geopolíticos e da dessensibilização das pessoas quanto à violência e aos problemas do mundo. Segundo o escritor, foi através de uma foto premiada de Lalo de Almeida sobre o corpo de um macaco carbonizado após queimada no Pantanal que começou a refletir sobre a relação do público com imagens de tragédia. “Me chamou muita atenção que a primeira reação que a gente tem é de repulsa, de ojeriza, de tentar não enxergar aquilo”, comenta.
Para Novaes, a abordagem de questões ambientais revela um padrão interessante de reações. Inicialmente, há quem confie na solução integral dos problemas por meio do trabalho de cientistas, bilionários ou Estados. “Como a gente pode fazer para falar para as pessoas acordarem?”, reflete sobre o processo de desenvolvimento do livro, considerando que muitos ainda tendem a desacreditar das crises, apontando exagero, sensacionalismo jornalístico ou a simples crença na autorregulação do planeta.
Sob a perspectiva de Freud, o autor destaca que as campanhas de conscientização ambiental transmitem implicitamente a ideia de que a resolução depende exclusivamente de boa vontade e conciliação com a natureza. Novaes aponta que a concepção idealizada de um mundo movido pela empatia e pelo cuidado, em que a natureza é retratada como uma entidade acolhedora e harmoniosa, é incompleta ao negligenciar o impulso agressivo humano, a pulsão de morte e o código genético orientado para o medo e ameaça.
Essa intensidade emocional, observa o escritor, tem sido apropriada pela extrema direita, que “está se valendo de crises provocadas, inclusive pela urgência climática” em contextos como o Brasil, Hungria, Israel e agora na Argentina. A presença desse fenômeno, segundo Novaes, não é algo novo, contudo ele reconhece a importância de direcionar essa intensidade emocional para ações construtivas.

#111: Pesquisa observa comportamento humano nas áreas verdes urbanas
O Programa Ambiente é o Meio desta semana fala sobre o impacto causado pelos espaços abertos urbanos, como parques e praças, no comportamento das pessoas, com a arquiteta e urbanista Kamyla Janinne Costa Barros, especialista em Reabilitação Ambiental pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda na área pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP em São Carlos.
Para contextualizar a importância das áreas verdes na realidade urbana, Kamyla conta que conforto e desempenho térmico são diferentes; o primeiro está ligado à sensação subjetiva de uma pessoa em relação às condições térmicas do ambiente em que se encontra, condições estas influenciadas por fatores como temperatura do ar e velocidade do vento; já o outro está relacionado às características técnicas e construtivas de um edifício. “Então, conforto térmico é basicamente como o ser humano se sente diante de uma situação climática ou microclimática”, explica.
Os espaços abertos desempenham um papel crucial como verdadeiros oásis frente à emergência climática e às ilhas de calor urbanas, afirma, pela capacidade de proporcionar um equilíbrio na qualidade de vida dos habitantes e na regulação do microclima urbano. Além de servirem como áreas de lazer e convívio, esses espaços desempenham múltiplas funções, contribuindo não apenas para o bem-estar, mas também para o aspecto estético das cidades, agregando valor financeiro às edificações.
Contudo, apesar dos inúmeros benefícios que os espaços livres urbanos oferecem, Kamyla lamenta que nem sempre são reconhecidos devidamente. O desafio reside na necessidade de conscientizar sobre a importância dessas áreas, tanto para os usuários quanto para o planejamento urbano em si. “Eu já vi muitos casos em que preferem cortar as árvores que têm na porta de casa ou perto de casa, porque vai derrubar folha, vai sujar e dar um trabalho para limpar, então preferem cortar”, observa.
Com essa base, a doutoranda desenvolve um trabalho de mapeamento das atividades e do comportamento humano no Parque do Kartódromo, uma antiga pista de kart desativada há 20 anos e transformada em área de lazer em São Carlos. A escolha do local foi pela continuidade dos trabalhos anteriores de Kamyla, além da relevância e por possuir “áreas sombreadas e não sombreadas para analisar o microclima e as suas influências na sensação de conforto dos usuários”, destaca.
O objetivo foi desenvolver mapas morfológicos para representar uma análise de fatores que impactam o microclima, com mapas topográficos, de uso do solo, de alturas das edificações e de ocupação de terrenos, incluindo vias públicas. Além do mapa de vegetação, o estudo produziu fichas bioclimáticas para identificar as características do parque, incluindo um estudo de insolação e sombreamento para compreender os padrões de exposição solar ao longo do dia.
De acordo com Kamyla, a análise levou a um direcionamento não pensado inicialmente. Ela aponta que as pessoas buscam áreas sombreadas para realizar exercícios com pesos, por exemplo, ajustando suas posições conforme a disponibilidade de sombra. “No fim, a gente percebeu que as atividades desenvolvidas no parque tinham muito a ver com o sombreamento e a insolação”, esclarece.
A doutoranda também se alinha ao pensamento contemporâneo de que a gestão das áreas verdes urbanas deve ser um projeto multidisciplinar, “porque não é só plantar árvores que vai resolver as questões climáticas ou de planejamento, mas é uma junção de tomadas de decisões coerentes e responsáveis”, opina.

#110: Expansão de monoculturas afeta biodiversidade e preocupa especialista
O programa Ambiente é o Meio dessa semana aborda o processo de zoneamento ambiental da silvicultura no Rio Grande do Sul, com o professor Paulo Brack da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Brack se dedica à conservação e ao uso sustentável da flora do Rio Grande do Sul e às políticas públicas relacionadas à biodiversidade e ao meio ambiente, com participação em conselhos ambientais das esferas municipal (Comam), estadual (Consema) e, por 11 anos, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O pesquisador também é ativista de causas ambientais. “Então sou uma pessoa indignada, mas ao mesmo tempo também estou indo para a rua quando eu posso, instigando, cobrando, fazendo documentos”, afirma.
O botânico conta que o Rio Grande do Sul enfrenta um desafio ambiental relacionado ao extenso cultivo de monoculturas abrangendo quase 1 milhão de hectares, em que predomina o plantio de eucalipto, pinus e acácia negra. No contexto nacional, segundo o professor, esse cenário se estende para além de 10 milhões de hectares dedicados a monoculturas.
Brack avalia que o contraste entre a riqueza natural e a expansão desenfreada de cultivos exóticos, como eucalipto e pinus, revela-se como uma preocupação para especialistas. A situação, garante, é agravada pela falta de consideração ambiental com o Brasil plantando árvores invasoras em grande densidade, comprometendo a biodiversidade ao impedir o crescimento de outras variedades e impulsionando a importância de maiores restrições ao uso comercial da terra.
O professor informa que uma resolução foi apresentada ao Consema por empresas interessadas, propondo a expansão de 1 milhão de hectares de monocultura, notadamente no bioma do Pampa, exclusivo do Rio Grande do Sul no Brasil. “Eu fiz um parecer longo de vários problemas, tentei discutir isso no conselho, mas não tive nenhum tipo de receptividade”, lamenta.
O dilema se estende à limitada variedade de opções econômicas, onde as escolhas parecem restringir-se a cultivos de soja e eucalipto, com a possibilidade de inclusão da mineração de carvão. Brack explica que, em 2009, uma resolução foi elaborada no Estado do Rio Grande do Sul pela Secretaria de Meio Ambiente, em colaboração com a Fundação Estadual de Proteção ao Ambiente (Fepam), estabelecendo normas para o plantio, mas que a visão econômica do País precisa mudar para conciliar as políticas de mercado e socioambientais.

#109: Investimento em inteligência artificial é questão de sobrevivência para o País
O programa Ambiente é o Meio entrevistou o professor André de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP de São Carlos, sobre a IARA, a Inteligência Artificial Recriando Ambientes, e o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras com o combate a crimes ambientais.
Carvalho conta que a iniciativa começou pela cidade de Canaã dos Carajás, que tem a maior mina de Ferro do mundo, pensando o que seria da cidade com o fim da mineração. De acordo com o pesquisador, foi criado um fundo de crescimento sustentável para o município para torná-la o município com a melhor qualidade de vida no Brasil. Para isso, a cidade contratou uma consultoria especializada em planejamento urbano e tecnológico.
Neste meio tempo, adianta o professor, seu grupo de pesquisa, aliado a colegas do Pará, tiveram projeto aprovado junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em programa para criar os primeiros centros de pesquisa em inteligência artificial do País, com aplicação em quatro áreas: indústria, agronegócio, saúde e cidades inteligentes. A equipe foi uma das seis aprovadas, propondo uma rede de inteligência artificial para cidades inteligentes e sustentáveis. A rede, segundo o professor, tem como objetivo desenvolver soluções tecnológicas que melhorem a qualidade de vida nas cidades, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Conta ainda que quando a rede IARA foi criada, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional entrou em contato para colaboração com uma plataforma de coleta de dados de todas as cidades do Brasil sobre todos os aspectos que caracterizam uma cidade, como a saúde, educação, meio ambiente, lazer, disponibilidade dos dados, gerenciamento e gestão das cidades, que podem ser usados para fazer política pública pelos municípios. “A ideia é justamente essa, de que ela apoie o município para identificar (melhorias)”, afirma.
Carvalho cita como exemplo mundial de uso da inteligência artificial o Emeritus, programa financiado pela União Europeia para combater o contrabando e o crime ambiental usando inteligência artificial. De acordo com o professor, o projeto utiliza dados públicos da União Europeia, dados de satélites, de drones e das polícias para criar uma plataforma que auxilie as autoridades a monitorar e prevenir esses delitos.
As perspectivas da rede IARA no Brasil, acredita Carvalho, são de colaborar com os municípios para a melhoria seus serviços e sua economia. Para o professor, “se o país não cuida bem do meio ambiente ou vai pagar uma taxa muito elevada ou não vai poder exportar para alguns países, alguns regiões”, sendo uma questão importante para a sobrevivência do País no mercado internacional.

#108: Gilberto Jannuzzi fala sobre a viabilidade e os desafios da energia nuclear no Brasil
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista o professor Gilberto De Martino Jannuzzi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em Estudos Energéticos pela Universidade de Cambridge, do Reino Unido. O professor fala sobre o uso e a viabilidade da energia nuclear no Brasil e o funcionamento das usinas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) inclui as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, a última em construção desde os anos 1980. O complexo foi um investimento do governo militar e, para Jannuzzi, foi implantado mais por questões estratégicas de desenvolvimento tecnológico do que por demanda energética. “É bom lembrar também que o Brasil tem uma reserva grande de urânio e, naquela época, tinha-se a intenção de dominar ciclos do combustível para agregar valor e exportar”, explica.
A energia nuclear, embora tecnologicamente avançada e com suas vantagens, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, enfrenta desafios significativos, segundo Jannuzzi, incluindo altos custos, preocupações com segurança e a gestão do lixo atômico.
Uma discussão recorrente, diz o professor, é quanto à necessidade da terceira usina, Angra 3, que tem o processo de finalização interrompido constantemente e voltou a ser pauta no governo Lula. O professor afirma ter se posicionado contra a construção da usina em diversos artigos publicados no Boletim dos Cientistas Atômicos em anos anteriores, pela variedade de recursos energéticos do Brasil em comparação com outros países do mundo.
Contudo, explica que a crítica persiste em investir recursos na energia nuclear para a geração de eletricidade, mas reconhece desenvolvimentos interessantes na área, como o da Marinha brasileira em reatores nucleares para submarinos e aplicações adicionais na indústria nuclear, como a produção de medicamentos e insumos agrícolas.

#107: Documentário dá voz à aliança indígena contra o garimpo
O Programa Ambiente é o Meio dessa semana, conversa com os documentaristas Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro que relatam sobre a produção do filme Escute: A terra foi rasgada, que apresenta a aliança entre as tribos indígenas Kayapó, Yanomami e Munduruku em defesa dos seus territórios ameaçados pelo garimpo.
Os diretores comentam que a produção do novo documentário partiu da afinidade que têm com temas ambientais e sociais. Mauro diz que sempre esteve ideologicamente ligado às causas ambientais e tenta, profissionalmente, mesclar esses ideais com seus trabalhos no audiovisual. Os documentaristas explicam que, ainda que o filme aborde a questão do garimpo, a história foi trabalhada de forma que o sofrimento desses povos e o garimpo não ofuscassem outras questões da realidade, da força e das culturas das tribos. Cassandra informa que o roteiro do documentário foi trabalhado de maneira que as informações ficassem bem distribuídas entre três blocos.
Além da estrutura narrativa, o documentário também inclui falas nas línguas maternas das três tribos. Segundo Cassandra, a decisão de adotar diferentes idiomas, ainda que difícil, não era apenas uma questão de complexidade técnica, mas também uma forma de respeito ao compreender como alguém pensa, como constrói seus pensamentos e como se expressa, estabelecendo uma maior conexão.
Os dois cineastas viram na experiência da produção uma oportunidade de conscientização. Ainda que as aldeias filmadas sejam contra o garimpo, elas sofrem com invasões próximas ou nos rios, segundo Mauro. “A gente escolheu não ir para lugares onde a gente pudesse colocar inclusive os indígenas em risco”, afirma o documentarista.
O documentário circula atualmente em festivais no Brasil e também internacionalmente. Para Mauro, um esforço de ouvir as vozes dos povos indígenas se faz necessário nos movimentos socioambientais para entender a realidade dos povos e o que eles têm a dizer.

#106: Áreas de pastagens produzem gás metano, ao invés de captá-lo da atmosfera
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversou com duas jovens pesquisadoras brasileiras, Julia Gontijo e Andressa Venturini, chamam a atenção para a questão Amazônia, aquecimento global e fenômenos climáticos. Confirmam a necessidade de manter a floresta em pé e alertam para o risco de substituir a floresta por pastagem com o desequilíbrio do potencial de produção e consumo de gases do efeito estufa.
Egressas da pós-graduação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, Julia e Andressa atualmente trabalham com biologia molecular no contexto amazônico em centros de pesquisa nos Estados Unidos. Entre os primeiros resultados de seus estudos, informam que o grupo de pesquisa que integram observou modificações nas funções dos microrganismos do solo da floresta em áreas desmatadas. De consumidores de gás metano, passaram a produtores, mostrando que as emissões de gases atmosféricos nas pastagens são muito maiores que nas florestas.
Tanto Julia quanto Andressa dizem que muito ainda precisa ser estudado e avaliado para se obter respostas assertivas sobre como conduzir recuperação de matas, por exemplo, mas são unânimes em afirmar que é preciso manter as áreas intactas e as regeneradas. E, também, que, para enfrentar os desafios que ainda representam a questão do clima e manutenção da floresta, é necessário mais que incentivo à pesquisa. Para as pesquisadoras, deve-se investir na formação de recursos humanos da própria região amazônica.

#105: Combate às espécies invasoras é essencial para conservação ambiental
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com a engenheira florestal Silvia Ziller, diretora do Instituto Hórus, organização de preservação e recuperação do meio ambiente que desenvolve trabalhos como a prevenção e controle de espécies exóticas invasoras, com sede em Santa Catarina.
Silvia explica que espécies exóticas são aquelas que foram introduzidas fora de sua área natural de distribuição, podendo ou não sobreviver nesse novo ambiente devido a condições desfavoráveis. Por outro lado, continua, as espécies exóticas invasoras são aquelas que não apenas sobrevivem, mas também se reproduzem e se estabelecem em grande escala.
Essas espécies, por não contarem com predadores ou patógenos naturais no novo ambiente, multiplicam-se rapidamente. “Elas se multiplicam muito rapidamente, ou em grande quantidade, e vão ocupando o espaço de espécies nativas”, contextualiza.
Além de espécies de peixes, insetos e os javalis, um exemplo famoso de invasor no Brasil é o caramujo africano. Silvia conta que o perigo da espécie no País se deu pela alta taxa de reprodução. Em comparação com a espécie nativa brasileira semelhante, diz, o caramujo africano tem uma capacidade reprodutiva grande, com fêmeas colocando cerca de 300 ovos em média, uma quantidade muito maior em comparação com a espécie nativa, que coloca, em média, cerca de apenas cinco ovos.
A alta taxa de reprodução é uma das razões pelas quais o caramujo gigante africano se tornou um problema de espécie invasora no Brasil. “É um bicho que vem de um ambiente mais árido, onde tem pouca água, e grande parte não sobrevive para formar um indivíduo jovem. E aqui, como a gente tem uma condição ambiental mais favorável e mais úmida, eles têm um índice de sobrevivência muito maior”, diz.
No Brasil, afirma, existem leis que criminalizam a disseminação de espécies invasoras e proíbem a presença delas em unidades de conservação. Além disso, alguns Estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Pernambuco, têm listas específicas de espécies invasoras, facilitando a gestão local.
Essa análise de risco é essencial, adianta a especialista, citando o exemplo do questionário adotado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em que a observação no ato da importação das espécies auxilia na contenção de espécies inapropriadas no País. “Qualquer coisa que seja importada que tenha risco moderado deveria ser autorizada a vir com um plano de contingência. Por exemplo, o caramujo africano já viria com uma previsão de que, se alguém soltasse, seria um problema”, aponta Silvia.

#104: Memória indígena é instrumento de preservação do meio ambiente
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista Ailton Krenak, renomado líder indígena, ambientalista, jornalista, poeta, escritor e professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Reconhecido como uma das figuras proeminentes do movimento indígena brasileiro, Krenak discute os temas abordados em seu livro Ideias Para Adiar o Fim do Mundo e destaca a importância fundamental de seu povo para a preservação da vida no planeta Terra.
Desde março, o escritor era membro da Academia Mineira de Letras e, recentemente, se tornou o primeiro indígena eleito à Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a vaga de José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto. Krenak concorreu com Mary Lucy Murray Del Priore e Daniel Munduruku, também ativista indígena.
Sua jornada no movimento indígena, conta o professor, começou nos anos 1980 com sua atuação na Assembleia Nacional Constituinte, desempenhando papel crucial para a Constituição Brasileira de 1988 em relação aos direitos civis indígenas. Diz que a participação na Assembleia ocorreu por meio de uma emenda popular e destaca a oportunidade de realizar uma intervenção única em defesa dos índios para a Constituição.
No livro Ideias Para Adiar o Fim do Mundo, o líder indígena examina a conexão entre a humanidade e o meio ambiente, além de sua perspectiva nativa e local. “Eu olhei o mundo e falei que ele estava ao avesso”, afirma ao questionar a forma como os povos originários são tratados nos países do Cone Sul.

#103: Falta gestão hídrica para reduzir impacto das chuvas no Rio Grande do Sul
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista o engenheiro agrônomo e ecologista Arno Kayser, que desempenha o papel de fiscal ambiental na Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) e é membro do Movimento Roessler, organização ecológica localizada em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A conversa aborda as tragédias climáticas que afetaram o Rio Grande do Sul e a gestão de recursos hídricos na região.
Kayser iniciou seu trabalho na área na década de 1980 e também desempenhou papel importante no processo de criação do Comitesinos, que foi o primeiro comitê de bacia de um rio estadual no Brasil. O ecologista também participou da elaboração da legislação que rege o sistema de recursos hídricos do Rio Grande do Sul, que serviu de modelo para a lei nacional de 1997.
Apesar de pioneiro na criação de comitês para a gestão de recursos hídricos, afirma Kayser, o Rio Grande do Sul não progrediu nos cuidados com as bacias hidrográficas por questões políticas e mudanças governamentais. Estados como São Paulo e membros da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, avalia, estão mais avançados atualmente, pois “ainda que existam 25 comitês no Estado gaúcho eles funcionam de forma semelhante a ONGs”.
A gestão de águas no Estado gaúcho enfrentou grandes desafios nos últimos meses, com o clima alternando extremamente entre período de estiagem e enchentes. Fato que se deve às mudanças climáticas e o El Niño, afirma Kayser, com ciclones e chuvas intensas atingindo a região desde junho em volumes historicamente novos.
Para o ecologista, a falta de uma política eficaz de gestão hídrica, incluindo a ausência de cobrança pelo uso da água, contribui para a situação, além do clima. O mau uso do solo, esclarece, como o crescimento desordenado e a ocupação urbana inadequada, geralmente por pessoas de baixa renda e em locais de risco, como várzeas, agrava os impactos, o que pede “planejamento integrado entre os municípios e comitês de bacia como ferramenta para abordar esses problemas”, enfatiza.

#102: Atendimento de saúde às populações indígenas é falho e resulta em altas taxas de mortalidade
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com o médico Clayton de Carvalho Coelho, membro, desde 2003, do Projeto Xingu, programa de extensão universitária da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), no qual já atuou como médico de campo.
O médico conta que, além das comunidades indígenas no Parque Indígena do Xingu, o projeto ampliou seu alcance, focando também populações indígenas que residem em áreas urbanas, frequentemente à margem da atenção pública. Ao longo de mais de cinco décadas de existência, acrescenta, o projeto tem se destacado na formação de profissionais de saúde, tanto indígenas quanto não indígenas, capacitando-os para atender às necessidades de saúde dessas populações.
Coelho aponta dois grupos indígenas distintos do ponto de vista epidemiológico. O primeiro compreende aqueles que habitam aldeias, correspondendo a aproximadamente metade da população indígena do País. Nesse contexto, descreve, prevalecem as doenças infecciosas, com taxas elevadas de mortalidade, especialmente entre crianças, devido a enfermidades como diarreia e pneumonia.
O segundo grupo é constituído por indígenas que residem em áreas urbanas, com maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis. O médico explica que, embora essa realidade possa parecer similar à da população não indígena, existem diferenças significativas. As populações indígenas urbanas, ressalta, historicamente enfrentam marginalização, dificuldades de acesso aos serviços de saúde e falta de compreensão das suas necessidades específicas.
Coelho reconhece que, nas medicinas tradicionais indígenas, há um foco no cuidado atencioso ao paciente, com um compromisso de tempo significativo na sua assistência. No entanto, essa abordagem exige um tipo de diálogo para o qual os profissionais de saúde nem sempre estão devidamente preparados.
Por fim, o médico avalia as falhas do Estado brasileiro em visibilizar a população indígena e cita a inclusão tardia da etnia indígena dentre a população brasileira no Censo, reconhecida, pela primeira vez, na década de 1990. Contudo, o cenário da saúde indígena no Brasil passou por uma transformação, afirma, indo de um período em que estava sob forte influência militar para um momento em que a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde e diversas coordenações são agora lideradas por indígenas. Esse movimento representa, segundo ele, um avanço em direção à autodeterminação das comunidades indígenas, embora o cenário político no Congresso ainda seja conservador.

#101: Desmatamento na Amazônia altera ciclo de chuvas e desequilibra emissão e absorção de carbono
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista Luciana Vanni Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e especialista em mudanças climáticas e o papel da Amazônia na emissão e absorção de gases do efeito estufa. Há 20 anos estudando o balanço de emissão e absorção de carbono pela Amazônia, Luciana conta que, no início das pesquisas, era esperado que o levantamento corroborasse a ideia de que a floresta representa 20% de toda absorção de gás carbônico no continente. Porém, afirma, no primeiro estudo, desenvolvido entre 2004 e 2009, observou-se que determinadas regiões emitem mais gases do que são capazes de absorver.
A partir de uma segunda pesquisa, durante a década de 2010, continua a pesquisadora, concluiu-se que a condição climática, como períodos de seca e chuvosos, influencia no equilíbrio da emissão e absorção de carbono pela floresta. O novo estudo também confirmou que existe uma correlação entre o desmatamento desenfreado em algumas regiões e a emissão maior de carbono. O desmatamento, informa, altera o ciclo de chuvas na Amazônia e causa impactos além da emissão de carbono, como no aumento da temperatura. Com a diminuição da evaporação de água, ou evapotranspiração, diminui-se também o refrescamento do ambiente.
Luciana informa também que um levantamento efetuado entre 2019 e 2020 demonstrou que as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, foram insuficientes na preservação da Amazônia e, com aumento de 90% no desmatamento da floresta, as emissões de carbono cresceram em 122%. Ao mesmo tempo, a exportação de madeira bruta, área de plantio e criação de gado também aumentaram.

#100: Bitucas de cigarro oferecem risco à vida marinha
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista Ítalo Braga de Castro, biólogo, pesquisador e professor do Instituto do Mar (Imar) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduado em Ciências Biológicas e doutor em Oceanografia Física, Química e Geológica, Castro estuda os riscos ambientais na vida marinha.
Segundo o pesquisador, a conservação da biodiversidade marinha passa por ameaças causadas por resíduos sólidos na água. Dentre as ameaças, conta, são estimadas mais de 4 trilhões de unidades de bitucas de cigarro descartadas inadequadamente no meio ambiente todo ano. A partir de estudo em Santos, o biólogo verificou que as bitucas representam entre 35% e 50% da quantidade de resíduos encontrados nas praias. A liberação e a dissolução de substâncias tóxicas dos cigarros, explica, podem atingir organismos importantes para o equilíbrio do ecossistema e também trazer perigos para a vida humana, considerando a comercialização e consumo dos animais.
Castro também conta que, inicialmente, o estudo descobriu, a partir de análise em laboratório, que as bitucas flutuam, em média, por três dias antes de afundar. O experimento foi fundamental para compreender o impacto nas espécies que vivem na água e, posteriormente, nas que se estabelecem nos sedimentos do fundo do oceano. Os experimentos com organismos aquáticos, afirma, mostraram que uma única bituca de cigarro tornava mil litros de água impróprios, devido à toxicidade. Um estudo mais recente com ostras revelou que uma única bituca poderia afetar até 2,5 mil litros de água.
Para o professor, um exemplo notável de política ambiental em relação às bitucas de cigarro no mar é o caso do governo de Barcelona que proibiu o fumo nas praias e passou a cobrar da indústria de tabaco o custo da limpeza pública das praias. Castro ressalta a importância de classificar as bitucas como um resíduo especial, devido às substâncias químicas perigosas, e adoção de políticas públicas semelhantes no Brasil.

#99: Cenário econômico e falta de fiscalização influenciam desmatamento do Cerrado
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista Michel Chaves, geógrafo e pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Doutor em Engenharia Agrícola especializado em Planejamento e Gestão de Áreas Naturais Protegidas, Chaves denunciou o desmatamento no Cerrado, principalmente, relacionado ao contexto de recuperação econômica pós-pandemia no Brasil.
Durante suas pesquisas, conta Chaves, notou a deterioração da vegetação natural à medida que as áreas agrícolas se expandiram, enquanto monitorava o desenvolvimento agrícola no bioma em projeto de pesquisa para o INPE. O geógrafo argumenta que as funções ambientais, econômicas e sociais do Cerrado são igualmente cruciais em relação à Amazônia e, portanto, demandam uma atenção ampliada.
Chaves observa que o desmatamento no Cerrado é causado principalmente por grandes produtores. Nos últimos anos, cerca de 75% do desmatamento se concentrou no Cinturão Agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região onde atores do agronegócio desempenham um papel significativo. Embora a monocultura possa gerar benefícios imediatos em termos de PIB e números, ele questiona a sustentabilidade a longo prazo.
Por fim, a atual situação econômica do Brasil requer uma política direcionada para a conservação e o fornecimento de recursos ecossistêmicos, afirma, incorporando aspectos ambientais e sociais na gestão do Cerrado. Ele ressalta que o País possui um vasto conjunto de dados e informações, incluindo sensoriamento remoto, cadastros ambientais rurais e imagens de satélite, que podem ser interconectados para melhorar o monitoramento ambiental.

#98: Substâncias liberadas por corantes podem ser cancerígenas
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Marília Cristina de Oliveira Souza, pesquisadora do Laboratório de Toxicologia Analítica e de Sistemas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, que atua na área de biomonitoramento humano de poluentes ambientais.
Marília fala principalmente de seus últimos estudos sobre a ação tóxica das aminas aromáticas, substâncias liberadas dos corantes utilizados pela indústria têxtil. Essas aminas aromáticas estão presentes em alguns tipos de corantes têxteis e colocam em risco a saúde humana porque têm potencial de alterar material genético e desencadear tumores.
Essas substâncias tóxicas estão em maior concentração em tecidos de cores mais intensas, como azul, preto ou rosa. E, apesar de ainda não contarem com muita pesquisa científica, já estão confirmadas em pelo menos 22 tipos de corantes, cujas concentrações na produção têxtil encontram-se regulamentadas na União Europeia, mas não no Brasil, que conta apenas com normas de recomendação de uso pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Como os riscos à exposição dessas aminas aromáticas é maior entre a população mais vulnerável (bebês, grávidas, imunossuprimidos, entre outros), além de recomendar às autoridades brasileiras a regulamentação do setor Marília indica, para prevenção de substâncias tóxicas ao organismo, a adoção de hábitos saudáveis, como alimentação. A pesquisadora cita, por exemplo, o consumo de castanhas que contêm selênio, um antioxidante natural.

#97: Economia circular prevê inúmeras oportunidades e novas formas de ver o mundo
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Efigênia Rossi, engenheira ambiental especialista em ciclo de vida e economia circular sobre esse “novo modelo econômico” que, segundo avalia, abrange várias áreas e deve levar a um novo modo de interagir, pensar e ver o mundo.
O conceito de economia circular ainda não está totalmente definido e, avalia Efigênia, trata-se de um novo modo de ver a vida e a economia. Para a especialista, este novo mundo pede novas consciências e educação para o maior equilíbrio ambiental e traz inúmeras oportunidades de crescimento.
A engenheira afirma que sua área de atuação, a avaliação do ciclo de vida, vê todo o ciclo do produto, desde o design, passando pela extração de matéria-prima, a produção, o uso e o pós-uso, com preocupação ambiental. E todas essas abordagens acabam desembocando em inovação, assinala Efigênia, que defende a criação de novos modelos de negócios, tanto para a eficiência ambiental quanto a social.
Como exemplo de novos modelos de negócio usando inovação, cita o aluguel de produtos (leasing) ao invés da compra. Em uma empresa, o aluguel de uma máquina que será devolvida à fábrica para a troca por uma nova; em residências, a possibilidade de comprar serviços de iluminação, ao invés de comprar e descartar lâmpadas. No caso, a compra do serviço, criado por um novo modelo de negócio, já incluiria a logística reversa, com a reposição e reciclagem da lâmpada.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, implantada em 2010, foi importante, avalia a engenheira, mas até hoje “não se sabe quem é o responsável por fazer a logística reversa”. Com a economia circular e os “novos modelos de negócio”, seria possível reduzir o desperdício e a imensa geração de resíduos sólidos, como os eletrônicos, por exemplo. É uma economia que prevê o consumidor, mas não o acumulador, e ainda ajudaria “na criação de novos empregos”, garante.
Enquanto esses “novos modelos de negócio” se estruturam, são necessárias políticas de incentivo às cooperativas de reciclagem e educação sobre esse novo mundo para os cooperados e para a sociedade em geral que precisa se conscientizar que “separar o lixo já é um passo muito grande”.

#96: Estudioso de emergência climática defende uso mínimo de automóveis
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Shigueo Watanabe Júnior, físico e professor titular aposentado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) que hoje atua no terceiro setor com foco na emergência climática vivida pela Terra.
O professor faz uma breve introdução sobre a produção dos gases de efeito estufa, relacionando queimadas, pecuária e uso de combustíveis fósseis para evidenciar como a atmosfera do planeta se transforma em um “cobertor” sobre a superfície da Terra. Comenta que, enquanto as queimadas diminuem os sequestradores de carbono (árvores), os meios de transportes das cidades, por exemplo, aumentam as emissões de CO2.
Comenta que, como 90% da população brasileira mora em área urbana, a importância dos transportes é fundamental, por isso acredita que a solução, para além da eletrificação dos carros, é o investimento em transporte coletivo de qualidade e eletrificação de transporte de carga, onde é necessário, alternando com outros modais, como o trem. Defende que o País faça um planejamento para descarbonizar os meios de transporte com a diminuição ao máximo possível do uso de automóveis.
Desta forma, Watanabe critica as decisões somente voltadas para a economia, como a do barateamento dos carros de passeio e da frota de caminhões de carga, e ainda o projeto de extração de petróleo na Amazônia.
Por fim, o professor afirma que as pessoas individualmente podem fazer a diferença defendendo o meio ambiente e a qualidade de vida e exigindo dos parlamentares as mudanças necessárias. Mas, para tal consciência, diz ser necessária a educação para busca de informação e formação de opinião, o que não se consegue sem grande investimento em educação e saúde.

#95: Estudos testam nanotecnologia para capturar agrotóxicos no meio ambiente
O Programa Ambiente é o Meio desta semana apresenta entrevista com a bióloga e professora da Universidade Federal de Goiás Simone Maria Teixeira de Saboia Morais. Simone fala sobre suas pesquisas utilizando nanotecnologia, materiais com dimensão nano, para minimizar o impacto de poluentes ambientais. Mais precisamente, os estudos da equipe de Simone se concentram no glifosato, um herbicida mais conhecido como Roundup.
A preocupação com o produto glifosato, afirma a pesquisadora, vem dos potenciais prejuízos que causa à saúde de animais e também do ser humano. Simone lembra que pesquisas vêm mostrando que o glifosato pode causar desde irritação na pele até alteração celular, pois tem a capacidade de entrar nos tecidos, podendo promover alguns tipos de câncer.
Como o glifosato já se encontra no meio ambiente (levado pela agricultura, jardinagem e até mesmo por tratamentos de água, como algicida), a pesquisadora conta que decidiram encontrar meios de retirá-lo do meio ambiente, criando nanopartículas magnéticas, tarefa já concretizada com sucesso, mesmo que ainda em testes laboratoriais.
Os estudos, afirma, continuam agora para o desenvolvimento de mecanismo de filtragem da substância na natureza contaminada; e, também, com as várias linhas de pesquisa que trabalham os diferentes fatores que podem comprometer a saúde e que fazem parte dessa nova abordagem que seus estudos oferecem.

#94: Riscos de extinção das abelhas vão além da produção de alimentos
O Programa Ambiente é o Meio desta semana entrevista a bióloga e pesquisadora Vinina Silva Ferreira sobre sua experiência com os insetos polinizadores e, em especial, as abelhas. Vinina é professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Bahia, e integra um consórcio internacional de pesquisadores que trabalham para melhorar a sustentabilidade da produção intensiva de frutas no Brasil.
Segundo a pesquisadora, as abelhas são os principais agentes polinizadores, pois são responsáveis diretamente pela produção de comida como as frutas e legumes. Diz que, mesmo para aquelas plantas que não dependem da polinização, as abelhas contribuem para a “polinização cruzada”, favorecendo alimentos maiores e de melhor qualidade.
Ao falar sobre os riscos de extinção desses insetos, a pesquisadora chama a atenção para as queimadas, o desmatamento e o uso de agrotóxicos nas lavouras. Estes últimos, alerta, causam danos neurológicos às abelhas, que se esquecem dos caminhos que as levam de volta aos ninhos e colmeias.
Alerta ainda que não somente a produção de alimentos fica comprometida com a falta de abelhas, mas o meio ambiente como um todo é afetado, já que desempenham funções específicas que não podem ser reproduzidas tão facilmente pela ação humana. “Grupos de abelhas determinam consequentemente a perda de outros grupos de plantas e outros animais que dependem das plantas”, complementa.
Por fim, Vinina conta um pouco sobre o projeto que desenvolve atualmente, reunindo pesquisadores de diversos centros que trabalham com insetos, com o objetivo de produzir novos conhecimentos e compartilhá-los com o maior número de pessoas.

#93: Indigenista vê Yanomami como exemplo de sociedade
No Programa Ambiente é o Meio desta semana, o professor José Marcelino de Rezende Pinto conversa com a escritora, educadora e indigenista Loretta Emiri, que fala de sua história com os povos yanomamis em Roraima. Loretta conta que seu interesse por realidades, sociedades e lugares diferentes começou muito cedo, quando era ainda estudante na Itália. Mas foi durante um evento em 1975 que ela conheceu um projeto com os povos yanomamis e decidiu seu futuro pelo Brasil.
Diz que chegou a Roraima em novembro de 1977 e logo se encantou pela sociedade, cultura e valores dos povos indígenas. Afirma que cada grupo de yanomami é como uma grande família extensa; não há um líder, mas os mais velhos são reverenciados e “as crianças são sagradas”. Diz que não há categorias sociais e todos têm os mesmos objetivos. O xamã, cita como exemplo, não é pago para cuidar de seu povo e tem que também pescar e preparar a roça para sustentar sua família.
Loretta se dedicou à alfabetização de adultos indígenas na própria língua yanomami e, como desdobramento de seu trabalho, produziu diversas publicações, entre elas a sistematização de uma gramática, uma cartilha e um dicionário da língua yanomami.
Ao falar da situação atual desses povos, Loretta adianta que a situação em que vivem ainda é muito delicada. Que os núcleos de garimpo ainda resistem, ameaçam a vida dos povos originários e são piores que os da década de 1980, já que o garimpo está associado ao crime organizado. Para a indigenista, a Funai deveria criar mais postos de fiscalização nas terras locais.

#92: Grupos vulneráveis influenciam transição energética
No Programa Ambiente é o Meio desta semana a conversa é com Lira Luz Benites Lázaro, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP. Lira fala sobre seus estudos junto ao Programa Eixos Temáticos da USP (para resolver grandes problemas sociais), com enfoque na “pobreza energética e os desafios da inclusão social e igualdade de gênero” vividos no Brasil.
A pesquisadora diz que existem diferentes definições de pobreza energética, dependendo do contexto geográfico e realidades locais, mas que a falta de acesso a serviços de energia seguros e sustentáveis está relacionada à pobreza geral. Informa, como exemplo, que cerca de 150 mil brasileiros não possuem eletricidade em suas casas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e acrescenta que não adianta apenas levar energia para essas famílias pois na maioria das vezes essa população não possui renda para pagá-la.
Neste contexto, Lira chama a atenção para os “grupos vulneráveis”, que não só contribuem para a queima de biomassa e aumento do efeito estufa, mas que colocam em risco a própria saúde. E esses grupos vulneráveis, alerta, são compostos, em geral, de população pobre, preta e parda e também envolve a questão de gênero, uma vez que “as mulheres e as meninas são as que mais sofrem com a pobreza energética”.
Lira ressalta que as considerações para a transição energética são mais econômicas e negligenciam a pobreza e a equidade social. Por isso, acredita que o País não deva pensar apenas na expansão da rede elétrica, mas também na adesão de toda a população para uma “transição justa”, em que se pense em “justiça energética”, levando em conta a pobreza e a equidade.

#91: Manipulação genética da cana-de-açúcar pode melhorar o biocombustível
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Glaucia Mendes Souza, professora titular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e coordena o Bioen_Fapesp, programa de pesquisa em bioenergia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Para melhorar a biodiversidade em biocombustível no Brasil, Gláucia trabalha há 20 anos com a manipulação genética da cana-de-açúcar, o biocombustível mais presente no País, desenvolvendo essa matéria prima a partir de novos conhecimentos tecnológicos. E, nesta edição do podcast, apresenta aos ouvintes um pouco sobre as pesquisas que seu laboratório desenvolve.
Fala das possibilidades de uso de biomassas no esquema de biorrefinarias, substituindo o petróleo por bioprodutos; o que, segundo a pesquisadora, traria diversos benefícios, tanto econômicos quanto ambientais.
Glaucia adianta que “para manter a temperatura da terra abaixo de um aumento de um grau e meio”, será necessário triplicar a produção de biocombustíveis no mundo até 2050. É nesse sentido que a professora defende as alternativas de substituição energéticas; mas adverte que, apesar de necessárias e já estarem à disposição, as tecnologias para substituir o petróleo precisam ser mais baratas, do contrário “quem é que vai pagar” por elas?
Nesse contexto, Glaucia apresenta sua metodologia de pesquisa, informando que realizou mapeamento de locais onde já existiam políticas de implementação de biocombustíveis, como o Brasil, a Argentina, a Colômbia e a Guatemala. Comenta que sua equipe realiza “análise do ciclo de vida” que começa com a produção do biocombustível e vai até o uso final do produto. Segundo a professora, com as informações, são capazes de medir as emissões dos gases de efeito estufa de todo o ciclo de vida daquele biocombustível.

#90: Prevista há 13 anos pela Lei de resíduos sólidos, logística reversa não saiu do papel
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com o professor de história da Universidade Federal de Goiás (UFG) Rafael Saddi Teixeira sobre logística reversa no manejo de resíduos sólidos. Antes de entrar para a carreira universitária, Teixeira já trabalhava com materiais recicláveis. Atualmente, além da atuação na academia, também coordena a Aceleradora Social da UFG, que presta serviços de assessoria e consultoria técnica para o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis em Goiás.
Com uma bagagem de cerca de 20 anos na área, Teixeira ressalta a importância da reciclagem dos resíduos sólidos e da figura dos coletores para a sociedade. Lembra que os profissionais que sobrevivem da coleta de resíduos foram os primeiros a terem contato com esses materiais e a fazer reciclagem, dando destinação adequada ao lixo. “Eram pessoas escravizadas que estavam sob uma condição de muita opressão e humilhação”, mas foram “os primeiros a aproveitarem esses materiais”, afirma.
Nesse contexto, Teixeira destaca também a LEI nº 12.305 que instituiu em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), avaliando que foi um avanço para a resolução dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos relativos ao descarte correto dos resíduos sólidos. A lei, segundo o professor, “pensa tanto nas questões ambientais, no tratamento e destinação correta dos resíduos sólidos quanto também na questão social e inclusão desses trabalhadores que há 200 anos trabalham com esse material e nunca tinham tido direito a nada”.
Mesmo assim, conta Teixeira, após 13 anos da instituição, a Lei PNRS não está regulamentada, motivo do investimento do professor junto ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis em Goiás. Nesta seara, fala ainda sobre a colocação em prática da logística reversa, mecanismo econômico e social caracterizado por um conjunto de ações com o objetivo de determinar a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. “Toda a empresa, seja fabricante de um produto, comerciante ou distribuidora, que de algum modo produz ou comercializa produtos, é obrigada a dar uma destinação correta para aqueles materiais”, argumenta.

#89: Biodiversidade do Cerrado mostra seu potencial de estoque de carbono
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com a gestora ambiental e engenheira agrônoma Ana Paula de Oliveira Risante, sobre a importância do Cerrado brasileiro para o controle das emissões de carbono e para a produção de alimentos. A pesquisadora descobriu, durante seu mestrado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, que o bioma possui riqueza de biodiversidade não conhecida até então. Somente na área estudada, conseguiu identificar 773 árvores de 65 espécies distintas.
Ainda como resultado de seu estudo, Ana Paula informa que a diversidade vegetal encontrada concentra no bioma uma reserva maior de carbono. Esta reserva está relacionada com a saúde do meio ambiente (em geral) e do solo (em particular), o que preocupa, garante a pesquisadora, pelo aumento em 25% do desmatamento ocorrido no local entre 2021 e 2022.
Ana Paula, que é engenheira agrônoma e defensora do setor agrícola, se diz preocupada com o desmatamento do Cerrado e acredita numa fiscalização eficiente para que a agricultura continue produzindo e alimentando a população. Segundo a agrônoma, o desmatamento provoca perda de qualidade do solo, tanto para a produção de alimentos como para a reserva do carbono.
A pesquisadora afirma que deve haver equilíbrio entre a produção agrícola e a preservação do bioma para não ocorrer perda da qualidade do solo e também da biodiversidade, responsável pela “maior eliminação de gases”.
A pesquisa de Ana Paula foi realizada entre 2013 e 2017 em uma reserva biológica de Mogi Guaçu que concentra variedades de espécies vegetais, misturando Mata Atlântica e Cerrado.

#88: Política de interesses impede universalização do saneamento básico
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com o engenheiro civil e Professor Emérito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Luiz Roberto Santos Moraes. Estudioso e militante há 50 anos na área de Saneamento Básico, Moraes faz um apanhado histórico da realidade brasileira no setor desde a promulgação da Lei 11.445, de 2007, que estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal, lei que, argumenta o professor, ficou conhecida como marco legal regulatório do saneamento básico, uma vez que ampliou o conceito vigente na época de abastecimento de água e tratamento sanitário para agregar também “drenagem e manejo de águas pluviais e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos”, entre outros conceitos.
As dificuldades do saneamento básico no Brasil persistem, avalia Moraes, pela visão do governo quanto ao investimento nas questões básicas: “50% do orçamento geral da União executado nos últimos anos foi usado para pagamento de juros e amortizações da dívida pública brasileira, enquanto apenas 3% vai para a saúde, 2,6% para educação e 0,00004%, praticamente nada, para saneamento”, enfatiza.
Quanto à privatização dos serviços de saneamento, o professor argumenta que o interesse de empresas privadas recai sobre áreas de retorno econômico, não atendendo então às periferias de grandes cidades, os pequenos municípios, as populações do campo, água e florestas.

#87: Rochas de compostos plásticos esverdeados alertam para riscos à saúde dos oceanos
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com a pesquisadora Fernanda Avelar Santos sobre sua descoberta: rochas esverdeadas que parecem naturais, porém são compostas de plástico. Fernanda conta que encontrou as pedras numa ilha vulcânica distante 1.140 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo, local administrado pela Marinha do Brasil e com grande importância como reserva biológica por acolher a maior região de ninhos de tartarugas-verdes e de recifes de corais do Brasil.
Segundo a pesquisadora, estava estudando a geologia local, coletando rochas e areia da praia, quando, na região da Praia das Tartarugas, se deparou com as pedras de plástico cobrindo uma parte da praia. Fernanda diz que não eram pedras muito grandes, mas o que chamou a atenção foi o fato de parecem pedras, “com consistência de rocha natural, porém dava para ver o material artificial no meio disso”.
Ao explicar o fenômeno, Fernanda ensina que o lixo plástico depositado no ambiente marinho (pelas atividades humanas) é derretido pelo aumento da temperatura e acaba envolvendo o material natural da costa marítima, formando as rochas de plástico. Foi assim que a geóloga batizou sua descoberta de “plast stone”.

#86: Gestão de riscos associados a incêndios na Amazônia une fronteira trinacional
A plataforma de pesquisa MAP-FIRE, criada em 2019, trabalha com pesquisadores amazônicos para identificar as causas dos incêndios florestais.
O Programa Ambiente é o Meio desta semana recebeu Gleiciane Pismel, Socióloga pela Universidade Federal do Acre (Ufac), e Liana Anderson, Bióloga da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para falar sobre o projeto MAP-FIRE, plataforma montada para a apoiar a gestão de riscos ambientais da região que abrange Madre de Dios, no Peru, o Estado do Acre, no Brasil, e Pando, na Bolívia. O projeto juntou pesquisadores dos três países para debater a questão governança de incêndios florestais, incluindo comunidades locais na preservação local.
Gleiciane fala sobre como tudo começou tendo em vista o entendimento quanto à governança dos incêndios florestais. Adianta que a governança é o conjunto de relações hierárquicas, tanto de fora das instituições como as interinstitucionais, e se dá pela análise de todo o conjunto que envolve pessoas. E, afirma, “uma das principais causas dos incêndios florestais na Amazônia são antrópicas, ou seja, ela vem à tona por meio das atividades humanas e a governança” aplicadas às regiões de floresta.
E os resultados dos estudos realizados pela plataforma durante a pandemia da COVID-19, afirmam as entrevistas, mostram que 60% das 111 pessoas entrevistadas supõem que o desmatamento é primário nas causas de incêndios florestais, enquanto cerca de 58% acreditam que seja pela utilização do fogo em gestão agrícola e outros 39%, pelas secas.
Com essa realidade em mente, Liana acredita que a inclusão de pessoas da região no MAP-FIRE possa auxiliar na preservação da floresta Amazônica. Com o projeto, “a gente conseguiu realmente entender a magnitude da importância das quatro pessoas que contratamos para o projeto, três delas estavam localizados no Acre; então faz uma diferença muito grande” poder realizar a pesquisa sobre a Amazônia.

#85: Plataforma disponibiliza material educativo sobre a bacia hidrográfica do Rio Pardo
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Anayra Giacomelli Lamas Alcântara, especialista em Educação Ambiental e Recursos Hídricos pela USP e Monise Terra Cerezini, doutora em Ciências Ambientais e Especialista em Gestão Ambiental e Sustentabilidade pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). As pesquisadoras se dedicam ao projeto Descobrindo as Águas do Guarani, que tem o objetivo de disponibilizar materiais educativos sobre as águas que compõem a bacia hidrográfica do Rio Pardo.
Anayra conta que materiais educativos sobre bacias hidrográficas existentes são poucos, com conceitos equivocados e que passam mensagem errada para o leitor, como, por exemplo, de que as águas subterrâneas são rios que correm livremente, desconectados das águas superficiais, o que não é verdadeiro. “As questões de geociências são complexas e de natureza abstrata e as águas subterrâneas são um exemplo disso.”
Assim, se deram conta de que Ribeirão Preto é uma cidade grande e importante economicamente, e depende integralmente das águas do Aquífero Guarani, tanto para a população como para suas atividades econômicas, e as pessoas não sabem de onde vem e onde está a água que consomem.
Monise cita a falta de conteúdo sobre bacias hidrográficas, e que os temas existentes não são acessíveis ou são de difícil entendimento ao público em geral. “Como pesquisadora, a ideia é de sempre tentar levar para a população, para a sociedade o que a gente produz na ciência.”

#84: Fundo Casa Socioambiental apoia mais de 3 mil projetos nos seus 18 anos
O Programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com a ambientalista Maria Amália de Souza do Fundo Casa Socioambiental, projeto que fortalece organizações com o apoio a programas socioambientais relevantes na diversidade de biomas e populações da América do Sul desde 2005. O fundo apoia diretamente grupos de base comunitária, que segundo Maria Amália, são ‘guardiões’ dos grandes biomas da América do Sul.
Nos 18 anos de de existência do Fundo, mais de 3 mil projetos ganharam apoio financeiro. “É um trabalho bem meticuloso que coloca recursos numa série de abordagens para um resultado positivo, que é o que a gente tem buscado fazer. Nós não executamos nenhum projeto, nós apoiamos grupos de base comunitária, então o nosso grande público são as comunidades que geralmente nunca receberam nenhum apoio. Atualmente estamos com uma média de 500 projetos por ano”, diz a ambientalista.
Nos últimos quatro anos, segundo Maria Amália, foram atendidos mais de 500 projetos indígenas em 177 etnias, ou seja, mais da metade das etnias indígenas que existem no Brasil que são 305, sem contar os povos isolados sem informações sociais conhecidas. “Isso é uma façanha que até hoje nunca ninguém fez, também, porque não quis fazer”, completa Maria Amália.

#83: Implantação de pequenas centrais hidrelétricas geram impactos à flora e à fauna de cachoeiras
#83: Implantação de pequenas centrais hidrelétricas geram impactos à flora e à fauna de cachoeiras
As hidrelétricas são vistas como produtoras de energia limpa, porém não levam em consideração o impacto aos rios e às espécies neles existentes.
O Ambiente é o meio desta semana fala sobre o impacto das hidrelétricas nas cachoeiras, especialmente a cachoeira das Emas em Pirassununga, no rio Mogi-Guaçu. Os entrevistados de hoje são o engenheiro e analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), José Oswaldo Junqueira Mendonça, e o zootecnista e técnico da USP, em Pirassununga, Eduardo Braga.
Um conceito que está fixado na crença popular é de que as hidrelétricas geram a chamada energia limpa, ou seja, sem impactos consideráveis ao meio ambiente. “O que eu posso dizer é que é mais limpa do que a gerada por termelétricas, que consomem combustível fóssil, ou a nuclear. Ela utiliza um recurso natural da força hídrica e ela tem uma vítima preferencial que são os peixes, altamente impactados por esse tipo de rendimento, como a bacia hidrográfica do rio Paraná, da qual o rio Mogi-Guaçu faz parte”, diz Mendonça.

#82: Reciclagem do nitrogênio é prejudicada pelo excesso de produtos sintéticos
#82: Reciclagem do nitrogênio é prejudicada pelo excesso de produtos sintéticos
Após a revolução industrial compostos de nitrogênio passam a ser utilizados com foco na economia trazendo impactos para o meio ambiente
O Ambiente é Meio desta semana conversa com a pesquisadora Vanessa Teodoro Resende. Formada em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Vanessa é mestre pela USP em Pirassununga, no Departamento de Nutrição e Produção Animal, onde, hoje, faz doutorado. O assunto desta semana é a reciclagem do nitrogênio.
O nitrogênio é um elemento fundamental para a fisiologia das plantas e dos animais e, conforme explica Vanessa, sua reciclagem ocorre através de um ciclo, que passa pela absorção do nutriente da atmosfera pelo solo, a utilização do elemento pelas plantas, o consumo das plantas pelos animais e, por fim, os excrementos animais recompõem os nutrientes para o solo, isto, segundo a pesquisadora, em um ambiente perfeito.

#81: Terras indígenas são impactadas por obras governamentais e problemas administrativos
#81: Terras indígenas são impactadas por obras governamentais e problemas administrativos
O Brasil tem mais de 700 terras indígenas, com a grande maioria de sua extensão na Amazônia, porém metade dessa população vive fora dessa região, segundo pesquisador do Instituto Socioambiental
O Ambiente é o meio desta semana conversa com o engenheiro agrônomo Antonio Oviedo, pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) e da Rede Clima da Universidade de Brasília (UnB) sobre o impacto das obras federais nas terras indígenas.
Atuando há 25 anos com sistemas de manejo e sistemas socioecológicos, principalmente na Amazônia, nos últimos anos, Oviedo tem se dedicado à análise de políticas públicas sobre o impacto nos territórios de ocupação tradicional e nas dinâmicas do uso da terra.

#80: Povo indígena yanomami luta para sobreviver Com mais de 30 anos de terras demarcadas os yanomamis sofrem com o garimpo ilegal e as organizações criminosas
#80: Povo indígena yanomami luta para sobreviver Com mais de 30 anos de terras demarcadas os yanomamis sofrem com o garimpo ilegal e as organizações criminosas
O Ambiente é o meio desta semana conversa com Martha Fellows Dourado, coordenadora do núcleo indígena do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) sobre a luta do povo indígena yanomami contra o garimpo ilegal e o tráfico de drogas nas fronteiras. Martha tem mais de uma década dedicada à questão socioambiental com formação em Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília (UnB) e mestrado em Ciências Políticas pela Universidade de Salamanca, na Espanha.
A terra indígena yanomami, segundo Martha, está demarcada há 30 anos e é a maior terra indígena do Brasil, com uma população de aproximadamente 26 mil pessoas e mais de 96 mil hectares – o que corresponde a uma área aproximada a do Estado de Santa Catarina. Neste espaço são encontrados, além dos yanomamis, mais sete povos indígenas, sendo que alguns vivem em situação de isolamento, chamados de povos resistentes ou resilientes, explica a coordenadora.

#79: Perfil Biodiversidade Brasileira faz a divulgação da fauna do País Com mais de 300 mil seguidores no Twitter o autor do perfil João Pedro Salgado traz, além das curiosidades na área da Biologia
Perfil Biodiversidade Brasileira faz a divulgação da fauna do País Com mais de 300 mil seguidores no Twitter o autor do perfil João Pedro Salgado traz, além das curiosidades na área da Biologia, análises de casos causados por problemas ambientais.
O Ambiente é o meio desta semana conversa com o graduando em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Pedro Salgado, que atua em divulgação científica na área de Ecologia e é fotógrafo da natureza há quatro anos. A conversa de hoje fala sobre o perfil Biodiversidade Brasileira, administrado por ele, no Twitter e os ataques de tubarões na costa do Nordeste.
Salgado conta que criou o perfil Biodiversidade Brasileira, ainda no início da graduação, pensando em valorizar a fauna do Brasil e, até hoje, toma conta de tudo sozinho. “No início a ideia foi essa, mas como conforme o ganho de visibilidade, eu vi que conseguiria falar de outros temas também, uns temas mais sérios, mais relevantes e não ficar só naquilo da parte da biologia que muita gente gosta, tem curiosidade”, diz Salgado.

#78: Projeto de Lei pretende anular atual regulação dos agrotóxicos Em tramitação no Senado.
#78: Projeto de Lei pretende anular atual regulação dos agrotóxicos. Em tramitação no Senado, o “pacote dos venenos” pretende afrouxar o registro dos agrotóxicos e alterar a rotulagem e comercialização desses produtos químicos.
O Ambiente é o meio desta semana conversa com a biomédica e doutora em Saúde Pública Karen Friedrich sobre o Projeto de Lei (PL) 1.459 de 2022, que anula a atual Lei dos Agrotóxicos e altera as regras de aprovação e comercialização desses produtos químicos.
A ementa do Projeto de Lei, em tramitação, dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e das embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de pesticidas, de produtos de controle ambiental e afins.

#77 Restauração florestal da Mata Atlântica visa recuperar espécies nativas Segundo especialista, a restauração florestal é uma ciência nova que estuda as características de cada local para o plantio.
Restauração florestal da Mata Atlântica visa recuperar espécies nativas.
Segundo especialista, a restauração florestal é uma ciência nova que estuda as características de cada local para o plantio de novas árvores.
O Ambiente é o meio desta semana conversa com a bióloga e doutora pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, Crislaine de Almeida, sobre restauração florestal da Mata Atlântica. A conversa traz a expertise de Crislaine na área de restauração florestal e educação ambiental, na qual divide o seu tempo com as pesquisas no laboratório.
A bióloga explica que a mata Atlântica é um hotspot, uma área que sofreu muito com o desmatamento por conta de sua localização desde a colonização do Brasil e foi também uma das primeiras florestas a serem restauradas, mas alerta que a restauração florestal ainda é uma ciência nova, que ainda necessita de estudo sobre as características de cada espécie presente.

#76: Demarcação e a manutenção de terras indígenas são desafios de toda a sociedade brasileira
#76: Demarcação e a manutenção de terras indígenas são desafios de toda a sociedade brasileira - Processo de reconhecimento das terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas envolve, principalmente, a Funai, o Ministério da Justiça e a Presidência da República.

#75: Mercúrio gera fontes de contaminação nos rios e solos da Amazônia
No episódio #75 do Ambiente é o Meio de hoje: Mercúrio gera fontes de contaminação nos rios e solos da Amazônia.
Populações ribeirinhas são as principais expostas a contaminação por mercúrio via alimentar.
O Ambiente é o Meio desta semana a convidada é a oceanógrafa Anne Helene Fostier, pesquisadora e professora do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fala sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia. Especialista em química ambiental voltada para contaminantes inorgânicos, principalmente mercúrio e arsênio, e orgânicos (fármacos) no ambiente, a professora fala sobre a contaminação por mercúrio na Amazônia.

Crimes ambientais na Amazônia estão relacionados à interiorização da violência Relatório “Cartografias das violências na região amazônica” revela a complexa relação entre segurança pública e questões
Crimes ambientais na Amazônia estão relacionados à interiorização da violência Relatório “Cartografias das violências na região amazônica” revela a complexa relação entre segurança pública e questões socioambientais.

Diminuição de espécies de insetos preocupa pesquisadores brasileiros Estudo constatou que faltam dados sobre as populações de insetos, principalmente, na região Norte do Brasil
Diminuição de espécies de insetos preocupa pesquisadores brasileiros
Estudo constatou que faltam dados sobre as populações de insetos, principalmente, na região Norte do Brasil
O ambinete é o meio desta semana conversa com a bióloga Kayna Agostini, professora e pesquisadora do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde trabalha com biologia da polinização na agricultura e em áreas urbanas. Com base em uma pesquisa desenvolvida junto com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kayna fala sobre a diminuição ou o aumento do número de indivíduos e espécies de insetos, especificamente no Brasil, e suas consequências.
No Brasil, “a gente ainda não tem a dimensão de quantas espécies de insetos existem, porque é um grupo tão grande e falta tanto estudo”, adianta a pesquisadora. Mas, com a ajuda de outros pesquisadores que realizam o monitoramento de populações de insetos, há, pelo menos, cinco anos, foi possível averiguar um declínio das espécies.

Especialistas defendem pensamento crítico sobre sustentabilidade Podcast “O Beabá da Sustentabilidade” analisa temas relacionados ao meio ambiente sob diferentes pontos de vista
Especialistas defendem pensamento crítico sobre sustentabilidade .
Podcast “O Beabá da Sustentabilidade” analisa temas relacionados ao meio ambiente sob diferentes pontos de vista

Agrotóxicos causam problemas de saúde em trabalhadores rurais de Minas Gerais Estudo evidenciou a relação do uso de agrotóxicos na agricultura familiar com os problemas de saúde apresentados pelos ci
Agrotóxicos causam problemas de saúde em trabalhadores rurais de Minas Gerais.
Estudo evidenciou a relação do uso de agrotóxicos na agricultura familiar com os problemas de saúde apresentados pelos cidadãos de Capitólio e Pimenta
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com a biomédica Nicole Blanco Bernardes, professora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), sobre o uso de agrotóxicos e os problemas de saúde entre agricultores familiares. Nicole desenvolveu uma pesquisa com os trabalhadores familiares das cidades de Capitólio e Pimenta, no Estado de Minas Gerais, onde “não tem indústria” e as pessoas vivem da agricultura familiar.
Em Pimenta, conta a professora, “o índice de suicídio estava muito alto entre os jovens” e “muitos pacientes oncológicos estavam fazendo tratamento fora do município”. Pesquisas na água e nas rochas da região foram feitas, mas não encontraram respostas. Para entender a situação alarmante, junto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Nicole desenvolveu projeto de pesquisa nas duas cidades, que “têm unidades básicas de saúde só de pessoas que trabalham na agricultura familiar. Com isso, conseguimos, por exemplo, ter acesso a pessoas que só trabalhavam na agricultura familiar, diferenciando-as do restante da população da cidade em si, que não ficava exposta”.

Observatório jornalístico do ruralista afirma que agronegócio vende a imagem da sustentabilidade Segundo o relatório, discurso de agronegócio sustentável nem sempre é aplicado na prática
Observatório jornalístico do ruralista afirma que agronegócio vende a imagem da sustentabilidade. Segundo o relatório, discurso de agronegócio sustentável nem sempre é aplicado na prática

Ocupação humana na Amazônia foi marcada por importantes acontecimentos ao longo dos séculos
Ocupação humana na Amazônia foi marcada por importantes acontecimentos ao longo dos séculos
Ambiente é o Meio #68: Ocupação humana na Amazônia foi marcada por importantes acontecimentos ao longo dos séculos
Escassez de literatura sobre a Amazônia inspirou as autoras do livro “A floresta habitada: História da ocupação humana na Amazônia”
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com a pesquisadora e engenheira florestal Jakeline Pereira, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sobre o livro A floresta habitada: História da ocupação humana na Amazônia, escrito junto com Tatiana Veríssimo. A obra conta a história da chegada do homem no vale do Amazonas há mais ou menos 11.000 a.C. até os dias atuais e está disponível gratuitamente aqui.
“Havia pouca literatura sobre a Amazônia em linguagem mais acessível”, adianta Jakeline sobre a motivação inicial para escrever o livro. “A partir dessa necessidade dos professores, começamos a ver essa possibilidade, a pesquisar, montar e escrever o livro, sempre pensando nessa forma em uma linguagem mais fácil, que as pessoas possam entender.”

Perda da vegetação nativa impacta populações de bugios na região de Ribeirão Preto Grupos de primatas que vivem em pequenos fragmentos isolados de mata e acasalamento entre indivíduos geneticamente
Grupos de primatas que vivem em pequenos fragmentos isolados de mata e acasalamento entre indivíduos geneticamente semelhantes são fenômenos que ocorrem na região
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o biólogo e professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP Wagner Ferreira dos Santos. Especialista em conservação de primatas não-humanos e comportamento animal, Santos fala sobre o projeto de monitoramento dos bugios na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, na qual é coordenador.
Os bugios, grupo de primatas do gênero Alouatta, encontrados no Cerrado, não produzem a substância que dá a tonalidade avermelhada aos pelos, diferente daqueles encontrados em outros biomas. Esse fenômeno foi notado pelo pesquisador na região de Ribeirão Preto, onde os bugios vivem em pequenos fragmentos isolados de mata, que “perdeu muito da sua vegetação nativa”. Segundo Santos, a cobertura nativa local é de apenas 3,42%, algo que “impacta diretamente nas espécimes que vivem na região e um deles é o bugio”. A perda dessa vegetação, adianta o professor, está relacionada à “expansão agrícola, à crescente urbanização e, quando não, ao desmatamento e às queimadas”.

Preservação de primatas é maior em terras indígenas Estudo mostra que 71% de 521 espécies de primatas se encontram em áreas habitadas por povos tradicionais, correndo menos risco de extinção
Estudo mostra que 71% de 521 espécies de primatas se encontram em áreas habitadas por povos tradicionais, correndo menos risco de extinção, 55% contra 90% em outras áreas
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o ecólogo Ricardo Dobrovolski, pesquisador e professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em Macroecologia, Biogeografia, Ecologia de Paisagem e Biologia da Conservação, Dobrovolski fala sobre a extinção e preservação de primatas.
De acordo com um trabalho realizado por um grupo internacional de pesquisadores, do qual Dobrovolski fez parte, as populações de macacos, símios e lêmures encontradas em áreas habitadas por povos tradicionais correm menos risco de extinção. Nesse estudo, os pesquisadores fizeram uma ampla revisão bibliográfica sobre a distribuição de primatas não humanos pelo planeta. “A gente está fazendo análise em escala de continente, em escala global. Logicamente, um pesquisador não tem condições de levantar sozinho os dados para uma região ampla como essa. Então, nessa abordagem, geralmente, utilizamos dados secundários, ou seja, dados que tenham sido desenvolvidos pela comunidade científica como um todo”, conta Dobrovolski.

Destruição das florestas brasileiras está relacionada com o desenvolvimento econômico imposto durante a colonização do Brasil No livro “Uma história das florestas brasileiras”,
No livro “Uma história das florestas brasileiras”, o professor e pesquisador José Pedro de Oliveira aborda a ocupação do território brasileiro a partir da derrubada de vegetação original
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com José Pedro de Oliveira, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Um dos organizadores do sistema ambiental brasileiro e um dos responsáveis pela criação de parques e outras áreas protegidas de grande dimensão do Brasil, Oliveira fala sobre o seu novo livro Uma história das florestas brasileiras, que aborda as diferentes etapas da ocupação do território brasileiro a partir da derrubada de vegetação original.
A obra surgiu da dissertação de mestrado do professor, na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. “Eu tinha ido à Califórnia um pouco autoexilado do governo militar, quando o Geisel fechou o Congresso, e quando voltei não havia condição de publicar aquele livro durante o regime militar, porque contava a verdade que não era a versão oficial dos militares.” Oliveira conta que retomou a ideia de publicar o livro apenas muitos anos depois, durante a pandemia de covid-19, quando encontrou a dissertação e fez atualizações no estudo para que o livro fosse publicado.

Saúde de trabalhadores rurais é afetada pelo manejo de agrotóxicos Cerca de 90% dos trabalhadores de um cultivo de tomate relataram algum sintoma em decorrência da manipulação de produtos agrotóxico
Saúde de trabalhadores rurais é afetada pelo manejo de agrotóxicos
Cerca de 90% dos trabalhadores de um cultivo de tomate relataram algum sintoma em decorrência da manipulação de produtos agrotóxicos, de acordo com estudo
Ambiente é o Meio #64: Saúde de trabalhadores rurais é afetada pelo manejo de agrotóxicos
Cerca de 90% dos trabalhadores de um cultivo de tomate relataram algum sintoma em decorrência da manipulação de produtos agrotóxicos, de acordo com estudo
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o fisioterapeuta e pesquisador Rafael Junqueira Buralli, doutor em Saúde Pública pela USP. Atualmente na Coordenação Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Buralli fala sobre a relação entre agrotóxicos e a saúde dos trabalhadores rurais.
A partir de um estudo realizado na região noroeste do Estado do Rio de Janeiro com agricultores e familiares do cultivo de tomates “altamente expostos aos agrotóxicos”, no qual foi verificada a exposição dos trabalhadores e seus familiares a produtos químicos provenientes, principalmente, de agrotóxicos e os efeitos à saúde, Buralli conta que foram avaliados 23 sintomas agudos e 12 sintomas crônicos.

Há cerca de 12 mil anos, a Amazônia era densamente ocupada por diversos povos 09/11/2022 No livro “Sob os Tempos do Equinócio: Oito Mil Anos de História na Amazônia Central”
No livro “Sob os Tempos do Equinócio: Oito Mil Anos de História na Amazônia Central”, o professor e pesquisador Eduardo Góes Neves investiga a relação dos povos amazônicos com a floresta ao longo dos milênios.
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o professor e historiador Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (Cesta) e coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos, todos da USP. Especialista em povos amazônicos, Neves fala sobre o livro Sob os Tempos do Equinócio: Oito Mil Anos de História na Amazônia Central, recentemente lançado pela Editora Ubu e publicado com apoio da Fapesp.

Cultura do desperdício é resultado da abundância”, diz ativista No documentário “Cultura do Desperdício – Por uma sociedade mais consciente”, especialistas debatem o desperdício de alimentos
No documentário “Cultura do Desperdício – Por uma sociedade mais consciente”, especialistas debatem o desperdício de alimentos e o consumo exagerado
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o produtor audiovisual e ativista Sérgio Lopes, da produtora Conteúdos Diversos e do portal É Conosco, focado em conteúdos sobre sustentabilidade. Lopes fala sobre o documentário Cultura do Desperdício – Por uma sociedade mais consciente, que dirigiu junto com Paula Galacini, a partir da ideia inicial de Luciana Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos.