Mais Lento Do Que a Luz

A presença crescente de seres humanos no espaço levanta novas questões médicas.

O nosso convidado é Edson dos Santos Oliveira, médico neurocirurgião no Hospital CUF Descobertas e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde criou o Centro de Estudos de Medicina Aeroespacial - que é o primeiro do país e um dos poucos na Europa, focado na investigação clínica. Foi ainda recentemente distinguido pelo Expresso como um dos portugueses que vai marcar o futuro.

Quase toda a matéria do Universo é constituída por dois elementos químicos, hidrogénio e hélio, que são também os dois mais leves. O hélio é um gás nobre, bastante inútil, no que à vida diz respeito. Mas o hidrogénio faz parte de todos os seres vivos, basta pensar que a água é H20, dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio. Mas, para além destes dois, há outros elementos nos seres vivos, como o carbono,  o azoto, o cálcio, o fósforo, etc.. Mas estes e outros elementos químicos de que é feita a vida não existem apenas na Terra, o planeta onde há uma variedade de formas de vida, na qual nos incluimos. Mas existirá vida noutras locais do Universo. Onde e como a devemos procurar?

 A nossa convidada de hoje é a astrobióloga Zita Martins, licenciada em Química, pelo Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, e doutorada em 2007 na Universidade de Leiden, nos Países Baixos. Foi investigadora bolseira da Royal Society no Imperial College de Londres. Depois de um brilhante percurso internacional regressou ao nosso país, sendo actualmente professora no Instituto Superior Técnico.

Tem sido investigadora em várias missões da NASA e da Agência Espacial Europeia.

É ainda consultora  do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A adesão de Portugal ao CERN em 1986 – o famoso Laboratório Europeu de Física de Partículas, que tem um acelerador de partículas que se estende por um túnel circular com 27 quilómetros – foi um marco na da Física de Partículas no nosso país. Muito se cresceu: se há três ou quatro décadas pouco de falava de investigação científica em Portugal, hoje está longe de ser esse o caso.

 A nossa convidada é Margarida Nesbitt Rebelo,  Investigadora Principal da Universidade de Lisboa, trabalha no Instituto Superior Técnico onde iniciou a sua carreira em 1984, tendo lá concluído o doutoramento em 1989. É, desde há quatro anos, Presidente do Centro de Física Teórica de Partículas.

O negacionismo da ciência já não é novidade, mas pode-se dizer que nos apanhou de surpresa. É claro que os valores da ciência foram há muito questionados por muitos que preferem uma visão diferente do mundo. Pode-se dar um exemplo, o caso da jovem escritora Mary Shelley, que na sua obra clássica Frankenstein aponta o dedo aos riscos do conhecimento. Mas o que está hoje em causa não é isso. Nas palavras da filósofa da ciência Naomi Oreskes:

"enquanto fonte de autoridade acerca de questões empíricas, a ciência foi amplamente aceite na cultura ocidental recente, o que, em parte, constitui a razão de o actual estado de coisas parecer tão chocante a tantos de nós.”

Tal como Naomi Oreskes e outros filósofos da ciência, também o nosso convidado escreveu um livro acerca do negacionismo. Ele é Guilherme Fonseca, humorista, argumentista e apresentador. Faz stand-up commedy e foi autor de vários programas de televisão de sucesso, como Tabu, Donos Disto Tudo e 5 para a meia noite. Actualmente faz parte da equipa do programa Isto é Gozar com Quem Trabalha, da SIC.

É bem conhecido o caso de Galileu, condenado pela Inquisição, mas hoje a coexistência entre religião e ciência é bem mais pacífica. Há padres que foram também cientistas, como o Padre Georges Lemaître, um dos criadores da teoria do Big Bang.

A pergunta persiste em muitas mentes: existe um Deus que criou o mundo? Será que o conhecimento da ciência nos aproxima ou nos afasta de Deus?

O nosso convidado é João Carlos de Matos Paiva, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde é professor Associado no Departamento de Química e Bioquímica e membro da Unidade de Ensino das Ciências.

O seu principal interesse situa-se nas relações da ciência com outras áreas do saber - com a poesia, a filosofia, a religião, a divulgação, a sociologia e a educação. Coordena o núcleo de "Educação, Comunicação de Ciência e Sociedade " do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto

É autor de cerca de 30 livros, uma vintena dos quais são manuais escolares.

Entre eles está o livro «Educação, Ciência e Religião» (Gradiva), em colaboração com um padre jesuíta. Tem actualmente um programa na TSF chamado «Que mundo, meu Deus?», em que, como católico, dialoga com uma judia e com um muçulmano.

A ciência não existe sem a comunicação entre cientistas. A ciência moderna só foi possível depois da invenção da prensa tipográfica. Mas o papel da ciência no mundo depende da sua divulgação mais ampla. Galileu, escreveu o seu Diálogo sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo em italiano, para ser compreendido por pessoas comuns e não apenas por outros sábios.

Tal como Galileu, a nossa convidada de hoje, procura tornar a ciência acessível a não especialistas. Joana Lobo Antune é Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Lisboa e doutorada em Química Orgânica pela Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha. Trabalhou também pela Universidade de Pádua, em Itália. Entre 2017 e 2020, foi presidente da SciCom Pt (Rede de Comunicação e Ciência em Portugal). 

É hoje professora de Comunicação de Ciência, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e também coordenadora de comunicação do Instituto Superior Técnico.

É ainda uma das coordenadoras do programa de rádio “90 Segundos de Ciência”, da Antena 1.

Hoje temos um convidado muito especial, o físico Manuel Paiva, que é o belga mais português de sempre.

Nasceu no Porto emigrou para o pais de Tintim em 1964, onde fez toda uma carreira a trabalhar na área da Física Médica. Interessou-se por problemas de respiração que interessam aos astronautas, tendo trabalhado em vários projectos da NASA e da ESA, as agências espaciais norte-americana e europeia. Esteve durante muitos anos afastado de Portugal, mas protagonizou depois vários encontros de cientistas portugueses no estrangeiro.

É o autor de vários livros, incluindo «Como respiram os astronautas?» (Gradiva) e de «Portugal e o Espaço» (na Fundação Francisco Manuel dos Santos).

Acaba de sair na Imprensa Nacional um seu extraordinário livro intitulado “Memórias de um Cientista”, com o subtítulo «De Estalinegrado à covid-19 ou a luta entre a Ciência e as trevas». Vamos falar com o autor do livro, que está jubilado há alguns anos, esperando aguçar o apetite para a sua leitura.

Os sons musicais são ondas que se propagam no ar. O nosso convidado é João Paulo André, doutorado na Universidade de Basileia, na Suíça, e professor de Química na Universidade do Minho. Autor do livro “Poções e Paixões – Química e Ópera” (Gradiva), já em 2.ª edição, que a Biblioteca Nacional de Portugal produziu em braille e em versão áudio para invisuais, tem mantido intensa actividade de divulgação da ciência. O seu segundo livro «Irmãs de Prometeu. A Química no Feminino» saiu há pouco (também na Gradiva). Além da sua actividade académica na área da química, destaca-se o seu forte interesse pela música e pela literatura. Tem participado como comentador de ópera na Antena 2.