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Pensando o Brasil

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By CIEE

Versão podcast do programa de entrevista ancorado pelo jornalista Adalberto Piotto. É voltado ao debate aprofundado de temas que mídia tradicional não aborda, mas afeta o dia a dia das pessoas e o futuro do País.
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O Brasil em quadrinhos: entrevista com Mauricio de Sousa, escritor, desenhista, empresário

Pensando o BrasilDec 13, 2021

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32:56
O Brasil em quadrinhos: entrevista com Mauricio de Sousa, escritor, desenhista, empresário

O Brasil em quadrinhos: entrevista com Mauricio de Sousa, escritor, desenhista, empresário

Os brasileiros adultos que hoje tomam decisões no país, seja no poder público ou nas empresas do setor privado, muito provavelmente leram os gibis da Turma da Mônica. Seus filhos também. Seus netos leem. Seus bisnetos lerão.

A Turma da Mônica é um fenômeno criado pelo desenhista, cartunista e escritor Mauricio de Sousa que parece não ter fronteiras de gerações, tamanha a empatia que construiu com o imaginário infanto-juvenil ao longo de décadas e que ainda gera uma relação de afeto recíproco entre público e autor. Nas bienais do livro pelo país, Mauricio provocava multidões em filas intermináveis para saraus e sessões de autógrafos.

Nesta entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Mauricio foi perguntado justamente sobre isso, sobre como é saber que gerações de brasileiros leem os gibis e assistem aos desenhos nos canais infantis, além de consumir produtos com a imagem dos seus personagens, que frequentemente superam os grandes ícones da fantasia internacionais.

“É uma imensa responsabilidade”, disse ele. Aos 87 anos de idade, Mauricio não para de trabalhar, diz que trabalhou ainda mais durante a pandemia e que se sente revigorado com a vida porque trabalha com jovens que trazem novidades e que cada vez mais se envolvem com a ciência.

Aliás, ciência é tema da conversa quando ele fala sobre meio ambiente, de suas lembranças de férias na casa de uma tia que morava ao lado do rio Tietê em São Paulo, com “água limpa” - ele faz questão de frisar - e que também é tema de seu último livro “Sou um rio”, recentemente lançado. Diz que vai divulgar ainda mais a ciência às crianças e que seu personagem Franjinha será o interlocutor desta narrativa.

No bate-papo, Mauricio de Sousa ainda contou sobre suas inspirações nos gibis de sua infância, o “não” quase traumático que levou quando tentou vender seus primeiros desenhos à empresa Folha da Manhã, seu trabalho como revisor do jornal, repórter policial e como seu sonho lhe fez ser um empreendedor de sucesso.

Fala também de Chico Bento, de o quanto o personagem é querido pelos chineses e até dos latidos do Bidu, durante a gravação em sua casa.

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Dec 13, 202132:56
A globalização dos brasileiros: entrevista com Alvaro Lima, pesquisador

A globalização dos brasileiros: entrevista com Alvaro Lima, pesquisador

Economista de formação, ele é autor do livro “Os brasileiros nos EUA” e de várias pesquisas sobre a realidade dos brasileiros que vivem no exterior.

A sua própria condição bem-sucedida de imigrante, de funcionário de um órgão da administração pública americana, mostra que os brasileiros têm avançado na vida política e econômica dos países para os quais decidiram migrar.

Nesta entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Alvaro faz uma análise aprofundada não só da vida brasileira no exterior, mas como discursos economicamente protecionistas e moralmente preconceituosos estão sendo expostos mundo afora de maneira nunca antes vista, justamente porque se ampliaram as pressões de organizações de direitos humanos.

A globalização dos anos 90 causou enorme mudança no perfil das populações nos países no mundo todo, sobretudo em países economicamente mais poderosos, com alto poder de atração de estrangeiros. Nos Estados Unidos, ele diz perceber que a sociedade americana tradicional tem receio dessas mudanças e de se tornar minoria dentro de seus países, sem dar o devido valor às contribuições socioeconômicas dos imigrantes.

“Aqui nos Estados Unidos, quando um americano vê um imigrante, ele vai logo dizendo com orgulho que os EUA são um país de imigrantes. Mas é preciso que tenham orgulho não apenas do imigrante do passado, mas também os do presente”, diz ele.

Na conversa, Alvaro ainda mostra o tamanho das perdas econômicas e sociais pelo recrudescimento das leis de imigração, tanto para os países quanto para as pessoas. “O país que formou um profissional perde com a migração em si. E o país que recebe não absorve o talento do imigrante porque não lhe dá um visto de trabalho na sua área de formação. É uma perda dupla para o mundo!”

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Dec 06, 202136:14
O potencial da bioeconomia brasileira: entrevista com Gesner Oliveira, economista e professor

O potencial da bioeconomia brasileira: entrevista com Gesner Oliveira, economista e professor

Para o economista Gesner Oliveira, a agenda do meio ambiente, tema tão polêmico nas relações internacionais entre o Brasil e o mundo, é a favor do país.

Professor da Fundação Getúlio Vargas e Coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais, além de sócio da consultoria GO Associados, ele diz que se hoje já colhemos uma mega safra de soja, temos todas as condições de colher igualmente uma safra de produtos ecossistêmicos de alto valor agregado, o que colocaria o país na vanguarda da economia verde global.

O Brasil é, pela extensão territorial, os recursos hídricos e ambientais e pela grandiosidade da Amazônia territorial em si, uma potência de bioeconomia que tem tudo para liderar as ações globais de contenção e redução de danos ao planeta, transformando a economia mundial de maneira única e sustentável.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Gesner Oliveira não reduz a importância do agronegócio brasileiro na equação da nova economia. Na verdade, agrega ambos os talentos nacionais. Se por um lado já somos o imprescindível celeiro de alimentos para o mundo, razão de boa parte das críticas internacionais que recebemos, dada a eficiência e a competitividade brasileiras no campo, por outro lado, precisamos liderar a bioeconomia planetária por iniciativa própria, apresentar projetos e avançar na agenda ambiental. Os recursos viriam como consequência natural de ações brasileiras de liderança.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que pode crescer sem gerar problemas maiores de emissão, dada a matriz energética majoritariamente limpa das hidrelétricas e com o benefício de crescimento exponencial da geração de energia solar e eólica.

Durante a conversa, Gesner ainda analisa o grande avanço da infraestrutura no atual governo de Jair Bolsonaro, que teve o mérito de manter e ampliar ainda mais as bases estabelecidas no governo Temer, fala do respeito aos contratos, apesar de casos de insegurança jurídica, e do perfil do investidor de longo prazo que tem chegado ao país, com visão de futuro que se dissocia do barulho político do dia a dia ao olhar pra frente.

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Nov 29, 202132:45
Saneamento básico é lei! - Entrevista com Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil

Saneamento básico é lei! - Entrevista com Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil

O saneamento básico no Brasil, agora, é lei! Depois de quatro anos de discussão no governo e no Congresso, em julho de 2020, a nova lei do saneamento foi promulgada pelo presidente Jair Bolsonaro.

A legislação vigente é resultado do novo marco regulatório do setor que substituiu a antiga lei de 2007 que, em pouco tempo, mostrou-se incapaz de enfrentar o problema porque privilegiava as antigas estatais que atuavam no setor sem impor metas de eficiência e prazo de realização das obras.

Agora, até 2033, 99% dos brasileiros deverão ter acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgotos. Metas e prazos estabelecidos em lei com necessidade de comprovação de capacidade técnica e financeira das empresas que vão se apresentar para oferecer o serviço.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, diz que os diferenciais da nova lei são claros e rígidos para se garantir o atingimento das metas, permitindo que apenas empresas que comprovem condições reais de oferta do serviço, com qualidade no prazo estipulado, serão aceitas na oferta das concessões no início do ano de 2022.

Desta vez, o avanço do saneamento no Brasil tende a ser efetivo não apenas pelo arcabouço legal mais exigente, realista e factível, mas porque a população evoluiu na compreensão do saneamento básico, nos benefícios socioeconômicos que trazem a oferta ampla de água potável e tratamento de esgotos e, com isso, um nível mais elevado de acompanhamento público dos serviços prestados.

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Nov 22, 202133:46
As travas do Brasil: entrevista com Jorge Maranhão, escritor

As travas do Brasil: entrevista com Jorge Maranhão, escritor

Como juntar num único debate os diversos projetos para o Brasil, a discussão sobre governo e sociedade, esquerda e direita, o real conservadorismo brasileiro, a urgência em se ter elites pensantes à serviço do país, a ainda resiliente mania nacional de nos discutirmos a partir da opinião de estrangeiros, a insensata busca de fóruns internacionais para críticas domésticas a opositores domésticos e, por fim, darmos o passo definitivo ao futuro que nos prometemos enquanto sociedade?

Para o escritor Jorge Maranhão, empreendedor social, editor do portal “A voz do cidadão” e autor do livro “Destorcer o Brasil”, toda essa discussão passa pelo que ele chama de compreender e superar nosso “Barroquismo Mental”.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, ele diz que o “barroquismo” como defeito de conduta não se reporta à riqueza da arte e do estilo arquitetônico do Barroco, movimento artístico que começou no século XVI, que domina muito da paisagem histórica de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. É a “exacerbação de tudo”, que se na arte é uma qualidade, na vida real não combina com a objetividade e a funcionalidade precisa, célere e eficiente que as atividades de órgãos públicos e mesmo do setor privado demandam.

“O Barroquismo cultural na Justiça é o ‘juridiquês’ inacessível e a lentidão de julgamentos sob a imensidão de recursos que protelam o real senso de justiça para um grupo de privilegiados”, diz ele. “Na política, é o desvirtuamento da noção de servidor público ou do político eleito de se imaginarem uma casta superior na hora de servir ao público”, complementa.

Na conversa, Jorge Maranhão ainda fala da aliança no Brasil entre liberais na economia e conservadores nos costumes – uma tese defendida por Paulo Guedes, ministro da Economia -, dos valores da monarquia, do próprio Dom Pedro II, do passado de homens públicos como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, da capacidade preservacionista dos indígenas brasileiros em meio ao debate ambiental e do avanço na participação dos brasileiros na vida pública do país.

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Nov 16, 202137:41
O agro que veio para o debate: entrevista com Camila Telles, agroinfluencer

O agro que veio para o debate: entrevista com Camila Telles, agroinfluencer

Que o agronegócio é fundamental para a vida brasileira, é fato.

Que o agronegócio é um dos setores que mais se desenvolveram no país, garantindo sucessivos superávits comerciais nas contas externas, é produtivo e eficiente, bem, tudo isso são fatos comprovados pelos números.

Que o agro tornou o Brasil um celeiro de alimentos em expansão com condições de garantir o sustento da crescente população mundial, é notório.

Então, qual a razão para ser um dos setores mais criticados, dentro e fora do país, com acusações de ser o vilão do meio ambiente e da insegurança alimentar?

Para Camila Telles, a jovem produtora rural gaúcha que se tornou uma celebridade da internet ao defender os produtores rurais brasileiros, são várias as explicações. A começar da histórica falta de comunicação do setor com a sociedade.

Em entrevista ao "Pensando o Brasil com Adalberto Piotto", pela TV CIEE, ela conta que se de um lado o setor se comunica mal, do outro, a mídia é mal formada sobre o tema da produção agropecuária brasileira, artistas e ativistas confundem as pessoas com visões ideológicas em vez de informação, e a polarização política nacional contamina o debate. Além, claro, de disputas comerciais internacionais com o agro brasileiro, altamente competitivo, que expõe a ineficiência de outros países no campo, sobretudo os europeus.

Na conversa, Camila Telles, que é formada em Relações Públicas, disse que ao ver tanta informação deturpada e ataques injustos decidiu fazer vídeos explicativos que contam a vida do produtor rural do país como ela é, dos seus feitos e tudo o que setor investe e faz para promover um agronegócio sustentável, combatendo o que considera "fake news" e lacrações contra a produção agropecuária brasileira. Incluindo um vídeo em que fez uma paródia de uma música de sucesso da cantora Anitta, no qual desmente a artista e que acabou viralizando na internet.

Na entrevista, Camila ainda fala de agricultura biodinâmica, a polêmica sobre defensivos agrícolas, povos indígenas produtores de soja, de Greta, de Macron e dos brasileiros.


Nov 08, 202135:14
Pensando o Brasil, com Denise Frossard, Juíza de Direito

Pensando o Brasil, com Denise Frossard, Juíza de Direito

Muito antes da operação Lava Jato de combate à corrupção, a juíza Denise Frossard condenou, nos anos 90, quatorze contraventores e chefões do Jogo do Bicho à cadeia por liderar quadrilhas criminosas. Foi um dos mais emblemáticos casos de combate ao crime organizado. Denise Frossard ainda foi deputada federal e, ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, diz que o limite da liberdade de expressão é o ódio.

Nov 01, 202146:27
“O Brasil dos brasileiros nos EUA”: entrevista com a advogada Genilde

“O Brasil dos brasileiros nos EUA”: entrevista com a advogada Genilde

Desde a redemocratização do Brasil, no início dos anos 80, o país colecionou sucessos e retrocessos na percepção da vida pelos brasileiros. E avanços e solavancos na intensa vida econômica de vários planos pelos quais passamos. Isso tudo gerou em parte significativa da população um sentimento interno de conflito entre ficar pra ver e fazer o Brasil dar certo e se aventurar numa vida no exterior.

Desde a primeira grande fuga de cérebros e de mão de obra da década de 80 até hoje, como são e como pensam atualmente os brasileiros que foram tentar a vida fora, sobretudo nos Estados Unidos?

A pergunta foi feita à advogada Genilde Guerra, gaúcha radicada em Miami, no estado da Flórida, especializada em imigração e no atendimento a empresas de investidores que querem se mudar para os EUA.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, ela diz que o perfil desse imigrante que escolheu a vida norte-americana mudou muito ao longo do tempo. “Hoje, é formada por muita gente que decidiu ampliar seus horizontes, sendo que muitos já não fazem mais parte daquele grupo de desesperados por uma nova chance, até porque não se desligam completamente do país de origem”, diz ela.

Sócia do escritório de advocacia Kravitz & Guerra, Genilde Guerra, que é doutora pela Escola de Direito da Universidade de Miami com títulos pelas universidades de Harvard, Oxford e pelo College de Londres, aponta que o fluxo de brasileiros hoje é de gente mais preparada, sem o deslumbre inicial, seja de investidores, estudantes ou pessoas dispostas a empregos que, se no Brasil ainda têm pouco valor, nos Estados Unidos são muito valorizados.

Na conversa de pouco mais de 30 minutos, ela ainda fala da capacidade de adaptação rápida do brasileiro; que seguir ou não regras de civilidade não tem a ver com nacionalidade; sobre a atual política americana para trabalhadores estrangeiros; e dos riscos de querer entrar ilegalmente pela fronteira com o México.

Oct 25, 202134:58
A crônica brasileira de gastronomia: entrevista com o jornalista e escritor J.A. Dias Lopes

A crônica brasileira de gastronomia: entrevista com o jornalista e escritor J.A. Dias Lopes

“São Paulo é a primeira cidade do mundo a conhecer a comida

italiana como um todo”, diz o jornalista e escritor J.A. Dias Lopes,

com a experiência de hoje ser o maior pesquisador e cronista de

gastronomia do Brasil.


Gaúcho de Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, Dias Lopes

chegou à capital paulista em 1968 para fazer parte da primeira

redação da revista Veja. Com 23 anos na icônica publicação, dois

prêmios Esso e uma longa temporada como correspondente na Itália,

onde cobriu as viagens do Papa João Paulo II, um dos principais

personagens do século 20, foi no retorno ao Brasil, depois de se

maravilhar com a culinária italiana, que ele começou a se dedicar a

publicações de gastronomia.


Na revista Gula, da qual foi diretor no início dos anos 90, ele viveu

um aspecto particular da abertura econômica promovida pelo governo

Collor, dada a chegada ao país de muitas importações, inclusive de

novos alimentos. Dias conta que a revista, referência em sua época,

era demandada a explicar o que eram, como se usavam e a origem

dos novos produtos importados, como “foie gras” e o macarrão do

tipo “penne”, desconhecidos da maioria e que acabaram por

incrementar e diversificar as prateleiras dos supermercados e a mesa

dos brasileiros.


Autor de colunas e blogs de gastronomia no Estadão e na Veja.com,

são vários os livros de comida publicados nos últimos anos. Embora

as publicações falem de canja, de arroz, de receitas especiais com

bacalhau, de churrasco, do gosto e da mesa de imperadores, papas e

artistas, Dias Lopes tem realçado o que ele chama de autêntica

cozinha ítalo-paulistana ou, de forma mais abrangente, porque a

pesquisa continua, da culinária ítalo-brasileira.

Declarando-se “paulistano voluntário” na sua autobiografia, ele se diz

fã – e se tornou seu mais dedicado estudioso – das transformações

que os imigrantes italianos no Brasil, em especial em São Paulo,

fizeram com receitas de DNA italiano. Dada a evidente inexistência

dos mesmos ingredientes que conheciam e usavam na terra natal, os

italianos daqui começaram a adaptar as receitas com o que encontravam

e até a criar preciosidades como o bife à parmegiana,

uma unanimidade no Brasil, inspirada num prato com berinjela,

molho e queijo, mas que nunca existiu na Itália usando carne bovina.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV

CIEE, J.A. Dias Lopes ainda fala do momento da gastronomia no país,

dos chefs brasileiros e dos novos livros que está escrevendo sobre

comida, imigração italiana e Dom Quixote de La Mancha.

Oct 18, 202136:00
Comunicação efetiva e afetiva: entrevista com a fonoaudióloga Leny Kyrillos

Comunicação efetiva e afetiva: entrevista com a fonoaudióloga Leny Kyrillos

“Comunicação não é o que sai da minha boca, mas o que chega no meu interlocutor”.

Com a frase acima, a fonoaudióloga Leny Kyrillos conceitua e determina parâmetros e objetivos inalienáveis do processo de comunicação eficiente que ela descreve como “efetiva e afetiva”.

Nesta entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Leny Kyrillos vai muito além ao demonstrar conceitos de interação humana frequentes que interferem na forma de se comunicar de cada um. E que exigem atenção, técnica, treinamento, observação e autoconhecimento - para garantir a efetividade - e real preocupação com o outro - na seara da afetividade.

Consultora de profissionais do mundo corporativo e de jornalistas de rádio e TV, Leny Kyrillos, que é mestre e doutora em Ciências dos Distúrbios da Comunicação pela Universidade Federal de São Paulo, tornou-se uma das vozes mais ouvidas do Brasil como coach de expressão oral e corporal. E notável é perceber o quanto os desafios da comunicação profissional e pessoal cresceram, o quanto as habilidades tiveram de ser aprimoradas por uma série de técnicas e estudos, científicos e observacionais, que nos ajudam hoje na tarefa de levar uma mensagem adiante que seja compreendida, acessível e gere resultados positivos.

Na conversa, a doutora Leny Kyrillos analisa esta evolução da comunicação humana e suas transformações na forma com que líderes e comunicadores trabalham a mensagem e de como essa habilidade, que já estava em constante modificação, ganhou um novo desafio: a comunicação em tempos de pandemia com a necessidade de nos adaptarmos ao uso frequente das tecnologias de videoconferência.

#PensandooBrasil

Oct 08, 202136:30
Um plano de nação para o Brasil: entrevista com o General Maynard Santa Rosa

Um plano de nação para o Brasil: entrevista com o General Maynard Santa Rosa

O General de Exército Maynard Santa Rosa esteve a serviço do país, como militar da ativa, por 49 anos. Em 2019, foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos.

Com poucos dias de governo, o plano apresentado pelo general, aprovado pelo presidente, defendia uma série de ações emergenciais, com resultado no longo prazo, que desatariam nós estruturais em áreas como transporte, que visava a conexão dos estados ao norte do Rio Amazonas à malha rodoviária do país; na saúde, com o controle de moléstias tropicais; na ciência e autonomia energética, com enriquecimento de urânio pela pioneira tecnologia brasileira desenvolvida pelos cientistas da Marinha; proteção cibernética do ambiente público e privado e no mapeamento geológico do território nacional, acerca de suas riquezas minerais, além de outras medidas para a construção de um plano estratégico de nação. Tudo com meta, prazo e organização.

Deixou o cargo no final daquele mesmo ano, por falta de espaço político.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o General Santa Rosa, hoje na reserva, defende o presidente Bolsonaro nas suas relações pessoais com os ministros e assessores, a quem ele chama de alguém de “fácil trato e idealista”, mas o critica na condução administrativa, reclamando da inexistência de preparo e planejamento das ações de governo.

E vai além da conjuntura atual ao avaliar os problemas estruturais de governabilidade estabelecidos na Constituição de 1988, cuja classe política engessou o orçamento e retirou do presidente de plantão a prerrogativa de administrar os recursos em torno do plano de governo vencedor na eleição. 

Sobram críticas também às omissões do Congresso Nacional e à intromissão do Supremo Tribunal Federal nas ações exclusivas dos outros poderes, o que atravanca a gestão, sobretudo do Executivo.

A entrevista ainda versa sobre a carência na sociedade brasileira de um plano de país, sobre política internacional, meio ambiente, participação de militares no governo e do leilão da tecnologia 5G, que envolve também questões diplomáticas com a China e o EUA.

#PensandooBrasil

Oct 04, 202148:27
O real debate brasileiro: entrevista com Christian Lohbauer, cientista político

O real debate brasileiro: entrevista com Christian Lohbauer, cientista político

O cientista político Christian Lohbauer diz que o debate que se trava na política brasileira atualmente, por vezes raso, é ainda por causa da nossa carência histórica de educação democrática, de melhor conhecimento sobre a história do Brasil e pela origem hegemônica dos líderes dos governos desde a redemocratização. 

Na tese apontada por Lohbauer, em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o regime autoritário empurrou a maioria dos brasileiros para o trabalho, para outras atividades que não a participação na política. Com a redemocratização, o grupo que estava na linha de frente do debate pela democracia assumiu sozinho o Brasil em sucessivos governos, desde meados dos anos 80 até o final de 2018, mesmo que por correntes ideológicas e partidos diferentes. 

Demorou muito para a maioria da sociedade de fato, o que inclui associações empresariais, profissionais liberais, os cidadãos como um todo, a se envolver com a vida pública. Agora, como participantes ativos do processo político, começaram a cobrar uma nova agenda de desenvolvimento socioeconômico real, amplo e irrestrito.

É exatamente esta transformação que enfrenta a velha política brasileira no atual debate. Insatisfeita com o pouco avanço dos últimos 35 anos, cobra dos líderes da redemocratização algo maior: competência administrativa efetiva, reformas estruturais que gerem uma eficiência administrativa e uma modernização da máquina do governo. A atual demanda é por um Brasil que funcione, por reais avanços na vida dos brasileiros, sem deixar de reconhecer as notáveis conquistas da democracia e da estabilidade da moeda.

Christian Lohbauer foi candidato a vice-presidente pelo partido Novo, na última eleição presidencial, desfiliou-se do partido que ajudou a fundar recentemente e, desde 2019, é presidente executivo da CropLife, uma associação que reúne empresas de biotecnologia para o agronegócio.

Na segunda parte desta entrevista, ele expõe com dados técnicos de pesquisa, a eficiência do Brasil na agropecuária, além dos avanços tecnológicos que, mesmo com as críticas externas e internas, colocam o país na liderança da geração de alimentos com alta produtividade e proteção ambiental.


Sep 27, 202143:28
Língua portuguesa: culta, bela e vivíssima - entrevista com Pasquale Cipro Neto, professor

Língua portuguesa: culta, bela e vivíssima - entrevista com Pasquale Cipro Neto, professor

A língua que falamos é viva, é um fenômeno natural que pode absorver as transformações culturais do momento e o sotaque é uma de suas riquezas mais expressivas.

Há décadas, o professor Pasquale Cipro Neto, autor dos conceitos acima, tem feito a defesa do ensino da língua portuguesa com respeito à norma padrão, mas também a explicar e a incluir as novidades que surgem com o tempo. É dele, inclusive, a comparação entre a língua portuguesa e o guarda-roupa, em que dependendo do momento e da ocasião, você escolhe o traje e o estilo mais adequados para vestir e se comunicar, sem traumas, atendendo aos contextos do dia a dia.

Pasquale apareceu ao grande público ainda no início dos anos 90, quando convidado pela Rádio Cultura de São Paulo, da Fundação Padre Anchieta, para fazer um programa que falasse de língua portuguesa de maneira natural, com dicas do bom e sensato uso da norma culta, sem que necessariamente se parecesse com uma aula. O “Nossa Língua Portuguesa” se revelou um fenômeno de repercussão, ainda mais porque, não raro, baseava-se em letras de grandes compositores da MPB, o que reforçava o conceito do saber o português como identidade nacional brasileira, acessível e disponível. 

O sucesso foi tanto que o programa foi levado à TV Cultura, logo no ano seguinte. Por anos, o jornal Folha de S.Paulo também abraçou a ideia e publicou semanalmente a coluna “Inculta e Bela”, do professor Pasquale, com dicas de português entre o certo e o errado e citações de grandes autores. Modelo semelhante ao que usa na sua atual coluna na Rádio CBN.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Pasquale Cipro Neto, que ensinando português na televisão, no rádio e no jornal se tornou uma celebridade, conta detalhes de um dos casos mais famosos da publicidade brasileira em que esteve diretamente envolvido. Contratado pela agência que fazia as campanhas da rede de restaurantes McDonald’s no Brasil, corrigiu a letra da música que dava a receita do sanduíche mais conhecido da marca. O “jingle” original do McDonald’s não traduzia por completo a expressão “dois hamburgers”. Anglicismo já aportuguesado, Pasquale, em ritmo de aula de comercial de televisão, ensinava na peça publicitária: “Dois hambúrgueres”, com forte entonação professoral no plural e na grafia devidamente corrigidos. Foi histórico!

A conversa ainda versa sobre licenças poéticas, pronomes oblíquos - a mesóclise, em especial, que foi completamente retirada do texto da Constituição de 1988 – a linguagem neutra e a necessidade de o debate público, brasileiro ou de além-mar, sobre o uso do idioma ou do que quer que seja, ser feito com calma e respeito.


Sep 20, 202141:55
É preciso ler antes de opinar: entrevista com Heródoto Barbeiro, jornalista e historiador

É preciso ler antes de opinar: entrevista com Heródoto Barbeiro, jornalista e historiador

Na era da informação instantânea, da conexão automática, do acesso aberto e imediato às redes sociais, que se transformaram em murais digitais internacionais de compartilhamento de informação por qualquer um em qualquer momento, onde está a verdade? 

E a responsabilidade? 

E a liberdade de expressão? 

E, por outro lado, como proteger a sociedade de tentativas de controle ideológico que, em nome de combate às “fake news”, afrontam as liberdades constitucionais ao venderem como verdade absoluta narrativas de interesse?

O início do século 21 começou com o que se pode chamar de a mais ampla democratização dos acessos a meios de comunicação, antes um privilégio de grandes grupos políticos e econômicos, justamente pelo aparecimento de redes sociais globais sem fronteiras.

Nesta conversa com o jornalista, historiador e professor Heródoto Barbeiro, no “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, tudo isso entra em um debate que não retira nem tampouco absolve a mídia tradicional de responder a todas as mesmas perguntas feitas nos primeiros parágrafos.

A discussão nos leva a conclusões que apontam às pessoas, as educadas e também as com pouco acesso à escola, e às organizações de mídia, tradicionais ou do mundo digital, que, ou ignoram o que aprenderam ou revelam um baixo nível de conhecimento sobre fatos históricos, ao rotularem e compararem fatos e pessoas contemporâneos com passagens e personagens do passado, sem o mínimo respeito pela história.

Estamos da era da opinião a qualquer custo, do protagonismo de falar, do “lacrar” com algo forte, mesmo que isso implique em banalizar acusações de fascismo, nazismo ou genocídio motivadas por simples discordâncias ideológicas no pensamento econômico ou político e social.

Na entrevista, duas dicas: as pessoas precisam ler, estudar sobre as coisas, antes de opinar. E, de preferência, “ler o texto até o fim”, diz Heródoto Barbeiro.

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Sep 13, 202134:48
Os desafios do crescimento econômico: entrevista com Eduardo Velho e Fabio Giambiagi, economistas

Os desafios do crescimento econômico: entrevista com Eduardo Velho e Fabio Giambiagi, economistas

O descompasso institucional da relação dos três poderes da República no Brasil é o sinal mais forte e mais desafiador para a recuperação econômica do país no pós-pandemia.

A afirmação é dos economistas Fabio Giambiagi, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas – FGV/Ibre – e Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos.

Ambos viveram a experiência administrativa em órgãos de governo e bancos de fomento e acumulam várias histórias de crises econômicas passadas e de solavancos em tentativas de retomada da economia e da vida do país.

Em que pese o fator pandemia e sua imensa crise sanitária, jamais vista em proporção e amplitude, que paralisou a economia global, e o turbulento histórico econômico brasileiro em si, o descompasso nas relações entre os três poderes, que eles chegam a chamar de crise institucional, é o nó a ser desatado, visto que tem gerado, além do barulho político, o aumento das incertezas e da tensão no mercado. E que tem travado justamente a concertação política para a aprovação de projetos de lei, reformas estruturais e derrubado, por decurso de prazo, medidas provisórias que, quando lançadas têm valor de lei, aumentando a insegurança jurídica.

O debate ainda avalia a conjuntura da economia nacional sob pressões inflacionárias, fiscais, de juros, do câmbio, assim como resultados positivos como a Balança Comercial e índices de expectativa que se mantêm positivos, além das influências internacionais sobre o mercado brasileiro.

O deputado Ulysses Guimarães costumava dizer que, para tudo, existe “Sua Excelência, o fato”, não se podendo ignorá-lo. O ex-ministro Delfim Netto, que o empresário tem “instinto animal para investir”, bastando uma mera oportunidade. Um ditado popular, que costuma decidir eleições para além dos prognósticos e pesquisas, diz “É a economia, estúpido”. Por fim, no Brasil, temos há muito tempo o que podemos chamar de demanda reprimida por dar certo, tamanho o desejo e a necessidade de avançarmos como nação. O que prevalecerá neste momento em particular?

Este debate sobre os desafios para o crescimento da economia brasileira versa sobre tudo isso, com números e conceitos. E sob o debate eleitoral da eleição presidencial de 2022 que não esperou nem a pandemia terminar para estar na rua.

Sep 06, 202153:27
As demandas sociais do pós-pandemia: com Fernando da Costa, Secretário de Justiça e Cidadania/SP

As demandas sociais do pós-pandemia: com Fernando da Costa, Secretário de Justiça e Cidadania/SP

Como as demandas sociais se transformaram no período da pandemia e como serão a partir de agora?

A pergunta foi feita a Fernando José da Costa, Secretário de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A transformação dos serviços públicos com maior digitalização para atender o público à distância, devido às medidas de restrição de contato social, foi apenas o começo de uma nova forma de o Estado e a população se relacionarem. Embora o desejo da volta do serviço presencial exista e já comece a ser retomado, muita coisa ganhou a ferramenta digital por demanda do cidadão e da própria repartição, como uma nova era de acessibilidade aos serviços, e que veio pra ficar.

Mas acesso é apenas parte do serviço. E neste aspecto a pandemia parece ter incrementado o número dessas demandas sociais que permeiam o extenso campo da justiça e da cidadania e a necessidade de uso da tecnologia como fiador de garantias sociais.

Na conversa, o secretário Fernando José da Costa fala da doação que o Estado fará de tornozeleiras eletrônicas ao Poder Judiciário com o fim específico de controlar a determinação judicial de distanciamento de um marido infrator da mulher vítima de violência doméstica. Pelo sistema, tanto ela como a polícia são avisadas por um sistema de comunicação se o perímetro de distanciamento mínimo for violado pelo infrator.

A entrevista ainda versa sobre medidas para atender a população de rua, que aumentou e teve seu perfil modificado pela pandemia, com famílias inteiras ocupando espaços públicos como moradia. E também o combate a regiões como a Cracolândia, onde com muita frequência há divergências com o Ministério Público sobre como resolver o problema, dificultando as ações que recuperem o viciado, como a internação compulsória de doentes, e a região deteriorada, comprometendo igualmente a segurança pública de combate ao tráfico e o direito de ir e vir de todos os cidadãos.

Aug 30, 202138:22
A retomada da Cultura: com Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa de SP

A retomada da Cultura: com Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa de SP

Na conversa em que fala das certezas e do que ainda requer tempo para entender a retomada da vida brasileira pós-pandemia, Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, vai muito além em discutir a percepção social e as consequências das atividades culturais no cotidiano, além dos essenciais aspectos econômicos diante da paralisação de teatros, casas de espetáculos e muito da produção artística.

Ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o secretário estadual de Cultura, ex-ministro da área no governo de Michel Temer, diz que ainda é preciso explicar e exemplificar o quanto a Cultura faz parte da vida das pessoas. Refere-se ele às críticas que, com muita frequência, reclamam dos gastos com projetos culturais em suposto detrimento de outras áreas como educação, saúde e segurança pública.

Sérgio Sá Leitão reitera seu posicionamento de não estatista no financiamento da cultura, mas mesmo defendendo um incremento do investimento privado e a construção da lógica de indústria cultural autossuficiente, diz que é necessário o uso de recursos públicos de forma estratégica como incentivo. E em especial neste momento como políticas anticíclicas de maneira a reduzir os danos da crise que se abateu sobre o setor, notadamente um dos que mais vivem de público presencial.

Na entrevista, o secretário estadual de cultura de São Paulo ainda fala do modelo híbrido que veio pra ficar na distribuição de espetáculos e eventos de economia criativa, de desemprego de jovens e formação cultural para o enfrentamento de violência e melhora em educação e saúde e também sobre censura à liberdade de expressão: “Devemos estar atentos aos eventuais abusos, mas temos que tomar muito cuidado. Porque os efeitos da restrição da liberdade de expressão tendem a ser muito piores à sociedade do que os eventuais abusos”.

Aug 23, 202140:10
O novo e inovador trabalho: entrevista com Hélio Zylberstajn, Professor Sênior FEA-USP

O novo e inovador trabalho: entrevista com Hélio Zylberstajn, Professor Sênior FEA-USP

Com a revolução do mercado de trabalho, as transformações que fazem desaparecer ocupações na mesma intensidade com que se criam novas, estamos preparando os trabalhadores, jovens ou não, para este novo cenário do trabalho?

A pergunta acima permeia praticamente a conversa inteira com o professor Hélio Zylberstajn no “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Acadêmico sênior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo e consultor do Banco Mundial, da OIT e do BID, Zylberstajn vai ao ponto sobre a necessidade de a escola dedicar-se intensamente a ensinar o aluno a pensar, desenvolver soft skills – o conjunto de habilidades emocionais, de criatividade, troca de conhecimento e trabalho em conjunto - e tornar-se menos acadêmica. A tese que defende insere de vez a lógica e necessidade do mercado na formação educacional e profissional de trabalhadores.

Para o professor da FEA-USP, a indústria, por exemplo, já enfrenta e detém tecnologia de ponta específica para seu negócio e pode treinar seu funcionário para este fim, nos moldes das especificidades mais atuais e de cada negócio. O trabalhador precisa levar consigo uma boa formação educacional e técnica e a capacidade de sempre estar apto a aprender, inovar, criar e conviver no grupo com visão de resultado.

Toda esta lógica não reduz o tamanho e a importância da escola, mas a moderniza, além de ampliar as possibilidades de parcerias do capital privado com os departamentos de pesquisa das universidades.

Na entrevista, Hélio Zylberstajn ainda fala sobre a mudança conceitual e legal do emprego, da necessidade de aprimorarmos a análise econômica e social dos níveis de desemprego e da necessidade de o Brasil focar intensamente em obras de infraestrutura por pelo menos dois motivos essenciais à realidade do país.

Primeiramente, para desatar os nós de transporte, energia e comunicação, aumentando a produtividade e a eficiência brasileiras, absorvendo por 15 ou 20 anos a massa de trabalhadores ainda não preparada para o novo mercado.

Enquanto faz isso, ganha tempo para fazer sua própria revolução interna na educação e na formação de profissionais para o novo trabalho do século 21.


Aug 16, 202134:57
MP 1045: contra os retrocessos na geração de empregos para jovens - com Humberto Casagrande, CEO do CIEE

MP 1045: contra os retrocessos na geração de empregos para jovens - com Humberto Casagrande, CEO do CIEE

A proposta de alteração na Medida Provisória 1045 pelo relator, o deputado Christino Áureo (PP-RJ), pegou de surpresa as entidades e instituições que trabalham com qualificação, treinamento e geração do primeiro emprego para jovens, justamente porque desconsidera a estrutura atual e coloca em risco a geração de vagas qualificadas que atendam a demanda de empresas e sociedade.

No texto original da MP, conhecida como “MP do Bem”, havia consenso entre o Governo Federal, Congresso e entidades sobre a preservação e geração de emprego e renda nas medidas tomadas ainda no ano de 2020 para o enfrentamento social da pandemia. No entanto, a alteração do relator, que incluiu uma proposta do próprio governo para a criação de novos empregos sem atender a requisitos mínimos de qualificação da mão de obra, travou a votação da medida, apresentada em abril deste ano.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, o CEO do CIEE, Humberto Casagrande, disse que a proposta do relator, além de não ter sido discutida abertamente, tem uma série de problemas e retrocessos, como a canibalização nas vagas oferecidas pelo mercado – visto que a cada vaga criada pelo novo programa desobriga a empresa em contratar um aprendiz -, cria insegurança jurídica para as empresas, porque a forma de contratação está abaixo das regras mínimas da lei do estágio, do aprendiz ou da CLT e, sobretudo, se distancia da combinação transformadora de escola/emprego na formação dos jovens trabalhadores.

A MP recebeu forte campanha contra das entidades que, há décadas, trabalham com a formação, qualificação e encaminhamento dos jovens ao mercado de trabalho e que já haviam proposto, como também fez o CIEE no ano passado, medidas para preservar e gerar novas vagas de trabalho para jovens com subsídios do governo e contrapartida das empresas.

Um manifesto público foi divulgado pelas entidades pedindo aos parlamentares que rejeitem a criação dos programas REQUIP e PRIORE, apresentados no relatório do deputado relator da matéria Christino Áureo – capítulos III e IV da Medida Provisória 1045/2021, solicitando uma audiência pública para a criação de um novo projeto.

Assinam o manifesto o CIEE Nacional, a Academia Paulista de Educação, o ESPRO, a FEBRAEDA, a Fundação Abrinq, GERAR, ISBET, Instituto Saber de Aprendizagem, a Rede Cidadã e a Societá Formação Profissional.

Aug 09, 202124:33
Prioridades nacionais: entrevista com Janaina Paschoal, deputada estadual

Prioridades nacionais: entrevista com Janaina Paschoal, deputada estadual

Com pouco mais de dois anos e meio de mandato como deputada estadual de São Paulo pelo PSL, a jurista Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Roussef, vai muito além da sua experiência na Assembleia Legislativa ou de seu passado recente de ativista do debate público na entrevista que concede ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE. 

Defensora intensa de candidaturas avulsas nas eleições para cargos públicos no país, ela enfrenta o lobby dos partidos que hoje têm o poder exclusivo de decidir a indicação de seus candidatos. Para Janaina, a hegemonia da direção partidária impede uma maior diversidade de candidatos e de “aumentar – e qualificar democraticamente – a concorrência”. Na entrevista, ela reclama do atual projeto de reforma política em debate – “que não vai avançar em nada” - e diz que o eleitor é tolhido em suas escolhas no dia da eleição, citando o Senado, por exemplo, em que o nome do candidato é usado como moeda de troca na composição de alianças políticas.

Crítica da ideologização de esquerda que domina as universidades, movimentos sociais e parte imensa da imprensa do país, ela também aponta o dedo para a parte mais estridente da direita que, em vez de disputar o espaço político, resume-se em boicotar ou fazer campanha contra a academia ou as redações.

Defendendo um debate amplo e com foco na eficiência, ela diz que as políticas para jovens são insuficientes ou voltadas para a defesa de bandeiras políticas, ideológicas e de comportamento social, em detrimento justamente do que os jovens mais precisam, como educação de qualidade, formação profissional para o mercado e oportunidade de trabalho.

Na conversa, a deputada Janaina Paschoal ainda critica os revisionismos históricos, fala do esquerdismo autoritário, da necessidade de uma direita mais qualificada e aberta ao debate, de redes sociais, da discussão ‘startups versus formação técnica’, e do barulho institucional, como o STF e suas decisões “insustentáveis”, com interferência direta nas eleições do ano que vem.

#PensandooBrasil

Aug 02, 202149:20
Supremo x Constituição: entrevista com Modesto Carvalhosa, jurista

Supremo x Constituição: entrevista com Modesto Carvalhosa, jurista

A insegurança no Brasil é maior e mais ampla do que se imagina, diz o jurista Modesto Carvalhosa em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

O Supremo Tribunal Federal tem gerado no país insegurança institucional, social, política e jurídica, dadas a reinterpretações do texto constitucional pelos ministros da corte. Ele diz que o caso se explica por uma série de razões, entre as quais, a própria Constituição de 1988 que ampliou a atuação da corte constitucional, mas também por causa de um ativismo político e ideológico crescente de seus membros. Adicione-se a isso também o desvirtuamento do modelo de indicação presidencial, com posterior validação no Senado, de indicados para o STF. Carvalhosa aponta que estes ministros têm se distanciado da condição de magistrados e agido como representantes dos partidos e dos presidentes que os indicaram.

“Os ministros do Supremo não só governam o país sob estas diretrizes partidárias, mas decidem eleições”, diz ele ao se referir ao caso do ministro Luís Fachin que anulou todos os julgamentos e condenações, em três instâncias, do ex-presidente Lula, por não reconhecer mais a Justiça Federal de Curitiba como sede natural do caso, zerando o processo e restabelecendo os direitos políticos de Lula para a próxima eleição presidencial.

Na entrevista, Modesto Carvalhosa ainda fala do modelo e do custo do Estado brasileiro, de funcionalismo público, de impunidade sob a tutela do STF, do absurdo do Fundão Eleitoral e faz uma defesa do voto auditável impresso, apesar da partidarização recente do tema.

Modesto Carvalhosa, que também foi professor da Faculdade de Direito da USP, lançou recentemente o livro “Uma nova constituição para o Brasil”, pela LVM Editora, em que propõe um novo texto constitucional - como, por exemplo, corrigir os excessos de atuação do STF - para fazer a transição de um “país de privilégios para uma nação de oportunidades”.

#PensandooBrasil

Jul 26, 202138:38
Trabalho, empresas e saúde mental: entrevista com Carlos Aldan, sociólogo

Trabalho, empresas e saúde mental: entrevista com Carlos Aldan, sociólogo

A pandemia de coronavírus começa a ser controlada com vacinação em massa, novos medicamentos começam a surgir para atender pacientes internados com mais chance de sucesso, mas os efeitos econômicos e sociais da maior crise sanitária, que se transformou em crise socioeconômica, ainda ameaçam a humanidade.

O custo da paralisação da economia, sob o temor de um vírus ainda não completamente compreendido, em proporção nunca antes vista, e uma mudança no ambiente de trabalho e social, em proporção jamais experimentada, trouxeram ao ambiente corporativo muita inovação com capacidade de adaptação humana exponencial, mas a um custo humano que começa a ser percebido e que requer intervenção urgente.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, o entrevistado da semana é o sociólogo e antropólogo Carlos Aldan, CEO do grupo Kronberg, uma consultoria de gestão organizacional que utiliza conceitos de neurociência e inteligência emocional para auxiliar executivos e organizações a enfrentar os novos tempos na gestão de seus recursos humanos e na relação com o público.

Em um recente estudo do grupo, feito durante a pandemia, com quase 15 mil líderes e executivos de empresas, o sentimento que mais foi citado pelos entrevistados foi o de ansiedade, seguido por medo, incerteza, angústia, tristeza e saudade que, segundo Aldan, “são sentimentos que ativam os circuitos neurais de sobrevivência nas pessoas”. É aí que a complexidade do problema aparece. Sob este estado de sobrevivência, diz ele, é muito difícil às pessoas enxergarem um futuro de oportunidades, um cenário de ganha-ganha. Isso torna ainda mais determinante o cuidado e o investimento por parte das empresas na saúde mental de seus funcionários.

Carlos Aldan rejeita o conceito de “Novo Normal”, ao citar que, mesmo antes da pandemia, alguns números do ambiente das empresas já eram extremamente preocupantes: 70% de burnout e 80% de desengajamento entre os colaboradores, no pré-crise do Novo Coronavírus, já reduziam a produtividade dada a desconexão entre qualidade de vida e ambiente de trabalho.

Na entrevista, Aldan reforça os conceitos de inteligência emocional, a nova forma de implementar a valorização dos funcionários, a mudança no conceito de RH e da gestão da empresa sobre os Recursos Humanos, além da lógica mandatória de que as relações humanas nas empresas ou fora delas requerem um novo e inovador envolvimento de todos para se recuperar a economia de forma humanizada, justamente para ser sustentável e longeva.

A pandemia escancarou problemas já existentes e provocou a necessidade de mudanças no ambiente das empresas e da sociedade. E com o benefício ou agravante, a depender do ponto de vista, de que tudo ficou muito às claras.

Jul 19, 202134:40
O Brasil pertence a quem?: entrevista com Salim Mattar, empresário

O Brasil pertence a quem?: entrevista com Salim Mattar, empresário

Salim Mattar, ex-Secretário de Desestatização e Desinvestimento do governo Bolsonaro, diz que é preciso “reestatizar” o Estado, “privatizado” que foi, segundo ele, pelo establishment dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que retirou os cidadãos do centro das decisões públicas.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, ele vai além ao dizer que a estrutura de poder existente gerou uma inversão de valores na relação entre sociedade e governo, em que o Estado se serve do povo em vez de atendê-lo com serviços de qualidade, de forma rápida e eficiente. Na conjuntura atual, ele insiste, os cidadãos foram feitos reféns de uma estrutura gigante, burocrática e cara que estariam indo contra as liberdades individuais, seja para empreender ou se expressar criticamente.

Na entrevista de quase 40 minutos, ele cita a relação entre “os pagadores de impostos” e os “consumidores de impostos” para denunciar a ineficiência do setor público, apesar do alto custo pago por trabalhadores e empresas. E critica os inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal contra a liberdade de expressão, com anuência do Congresso e de outros setores da sociedade.

Salim Mattar é um empresário de sucesso e um dos fundadores da Localiza, do setor de locação de veículos, que começou nos anos 70 com uma frota de seis Fuscas usados e hoje é avaliada em dezenas de bilhões de reais. Afastou-se do conselho da empresa em 2018 quando, no ano seguinte, assumiu como secretário na equipe do ministro Paulo Guedes com o objetivo de privatizar empresas e diminuir o tamanho do Estado.

Deixou o governo em agosto de 2020 reclamando da lentidão do setor público, numa crítica dura aos grupos de interesse que paralisam as ações governamentais de modernização, com foco no que ele classificou de “castas superiores” de brasileiros que se servem do público. A crítica ao establishment e ao funcionalismo tem uma ressalva: “apesar de serem uma minoria, há servidores exemplares com enorme preocupação de facilitar investimentos, desburocratizar o Estado e zelar pelos gastos públicos”.

A conversa ainda fala da Constituição de 1988, do artigo 5º, do trabalho da imprensa atual e de disrupção.

#PensandooBrasil

Jul 12, 202139:52
Supremo absurdo: entrevista com Walter Maierovitch, jurista

Supremo absurdo: entrevista com Walter Maierovitch, jurista

“O Supremo não se renova”, diz o jurista Walter Fanganiello Maierovitch na dedicada análise que faz sobre a justiça brasileira, em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A ausência de mandato por tempo determinado aos ministros do Supremo Tribunal Federal e a forma como se conduz o escolhido até a corte máxima da justiça do país, por indicação do presidente da república e sabatina do Senado, são criticadas pelo ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e presidente do Instituto Giovanni Falcone de Ciências Criminais.

Fanganiello Maierovitch diz que a longa permanência de ministros na corte tem gerado vícios de conduta, o que leva o STF a ter comportamento de tribunal político e partidarizado. Daí, não raro, vê-se ministros tomando decisões argumentadas em contorcionismos jurídicos para adequarem determinado entendimento particular de um caso à lei. E normalmente em decisões monocráticas, outro absurdo apontado por ele que afronta a lógica do colegiado que justifica a corte máxima. O resultado disso tudo é o aumento da insegurança jurídica no país.

Na entrevista de pouco mais de 40 minutos, o jurista Walter Fanganiello Maierovitch menciona o tamanho da influência que o Supremo tem hoje no país, justamente por se afastar da sua característica de um tribunal técnico, como já estava previsto na Constituição de 1988. Juntando casos de revisionismo judicial, longos pedidos de vista e anulações de julgamentos consolidados em três instâncias, ele chega ao caso que terminou com a volta da elegibilidade do ex-presidente Lula, antes impedido de disputar eleições pela Lei da Ficha Limpa que proíbe condenados em Segunda Instância de concorrer a cargos públicos.

A decisão monocrática do ministro Luiz Fachin de anular o caso do Triplex, por não mais reconhecer, de forma extemporânea, a Justiça Federal de Curitiba como sede para o caso, gerou o retorno à corte da análise do pedido de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, antes engavetada por pedido de vista de Gilmar Mendes, e uma série de novos entendimentos e extensões de aplicação da lei, quase sempre contra os avanços da Lava Jato, a maior operação anticorrupção da história do Brasil.

Qual regramento jurídico temos e qual é exatamente a intepretação da Constituição pelo Supremo são apenas perguntas iniciais desta entrevista que propõe ao espectador o debate necessário sobre o momento único da justiça brasileira a partir de sua corte máxima.

Jul 05, 202141:24
Startups, inovação e imagem empresarial: entrevista com Eduardo Felipe Matias, advogado

Startups, inovação e imagem empresarial: entrevista com Eduardo Felipe Matias, advogado

A nova lei das startups brasileira promete ampliar e melhorar o ecossistema das novas empresas, o que pode ajudar a fomentar a inovação, o empreendedorismo e a atração de capital para o país.

Depois de muita discussão no Congresso, a lei foi sancionada pelo presidente da República e publicada no diário oficial no começo de junho.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE”, o advogado Eduardo Felipe Matias, coautor do estudo “Sharing Good Practices on Innovation” (compartilhando boas práticas para a inovação), que serviu de referência para a formulação do projeto original da lei, conta que houve avanços importantes na legislação. Mas faz ressalvas pelo fato de mesmo uma nova lei não ter conseguido superar alguns nós nas áreas tributária e trabalhista, fruto ainda de visões antiquadas dos legisladores no Congresso sobre o fazer negócios no país, que não conversam com o ambiente moderno e disruptivo das startups.

Especialista em Direito Internacional e Governança Global, Matias ainda faz menção ao novo momento das empresas no mundo, nos critérios que premiam ou punem uma empresa nos dias de hoje. A questão ambiental e o relacionamento com a sociedade são temas que as startups já trazem embutidas porque apareceram justamente no momento de demanda por soluções inovadoras justamente para contemplar essa nova realidade global.

A entrevista ainda abre espaço para a discussão da nova lógica das políticas públicas que interferem diretamente na imagem de um país e de suas empresas, gerando avanço na atração de capital estrangeiro ou provocando boicotes aos produtos de exportação, o que gera consequências diretas no crescimento econômico e no bem-estar social da população.

Jun 28, 202131:05
A medicina brasileira não para: entrevista com Silvano Raia, médico

A medicina brasileira não para: entrevista com Silvano Raia, médico

Se a década dos anos 80, do século passado, é questionada em termos econômicos, como a década perdida, não se pode dizer o mesmo sobre a medicina brasileira, que alcançou feitos notáveis, com investimento em pesquisa e com seu serviço público de saúde, o qual, anos mais tarde, se tornaria o SUS.

Em 1985, por exemplo, o cirurgião e professor da Faculdade de Medicina da USP, Silvano Raia, fez o primeiro transplante de fígado no Hospital das Clínicas de São Paulo, sendo pioneiro da técnica no Brasil e na América Latina, colocando o país no seleto grupo de países com estrutura e conhecimento para realizar transplantes hepáticos.

Mas a competência da medicina brasileira não pararia por aí. Três anos depois, em 1988, o mesmo doutor Silvano Raia liderou a equipe que fez o primeiro transplante de fígado intervivos, também no HC de São Paulo, com parte do fígado de um adulto transplantado em uma criança, conseguindo dois avanços notáveis: resolver o problema da ausência de doadores infantis e superar a complexidade de se preservar a vida de doador e receptor no inovador procedimento que foi o primeiro na literatura médica mundial.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, ele diz que o procedimento, que posteriormente evoluiu para transplantes entre adultos, permitiu que, até o ano passado, já tivessem sido feitos mais de 60 mil transplantes de fígado intervivos ao redor do planeta. “São 60 mil vidas salvas que, de outra forma, não seriam transplantadas”, diz o doutor Silvano, referindo-se a técnica que permitiu atender pacientes com necessidade de transplante de fígado em países de religiões que proíbem o uso de órgãos de pessoas falecidas.

Enfaticamente um defensor do SUS, Silvano Raia treinou mais de mil profissionais da medicina no país, que ampliaram a capacidade brasileira de transplantes de fígado para 22 estados. Aposentado da Faculdade de Medicina da USP, no ano de 2000, não parou de trabalhar.

Atualmente, aos 90 anos, ele coordena, ao lado da Profa. Mayana Zatz, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da USP para desenvolvimento de um projeto que visa a “Sistematização do método de xenotransplante suíno de rim no Brasil”. Dela fazem parte também os professores Jorge Kalil (imunologia), Elias David Neto (nefrologia) e Maria Rita (imunologia).

O xenotransplante é a esperança da medicina para zerar as listas de espera do transplante de órgãos em humanos provenientes de suínos, criados exclusivamente para essa finalidade.

A ciência não para. Nem o doutor Silvano Raia.

Jun 21, 202146:37
Ler é ouvir: entrevista com Pedro Herz, livreiro

Ler é ouvir: entrevista com Pedro Herz, livreiro

O livreiro Pedro Herz é o convidado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE”, numa entrevista em que a discussão sobre a cultura brasileira, muito além das artes, é a tônica de um bate papo sobre a forma como estamos nos relacionando e discutindo nosso tempo.

“Ler é ouvir”, aponta ele, numa clara referência ao tempo entre receber uma informação e opinar, pressionados pelo imediatismo das redes sociais, da ansiedade planetária por expor uma posição sobre qualquer assunto mesmo sem entender sobre ele. Mais a fundo, Pedro diz que se perdeu o leitor, aquele que pode ler num pedaço de papel, numa tela digital ou, literalmente, ouvir alguém, mas que dedica tempo para isso. Falar ficou mais importante porque “digitar é falar”, e estamos digitando mais do que lendo, ouvindo.

O conceito aborda de forma mais ampla a crise no setor de livrarias, que ele chama de “editorial” porque engloba, além dos livros, jornais e revistas, carentes de leitores dispostos a consumir conteúdo qualificado antes de julgar o outro ou o fato.

Na entrevista, há espaço ainda para a música popular brasileira, a lembrança de letras que oscilavam entre motivações políticas, sociais, poesia e prosas amorosas, mas que expunham um contexto, faziam uma denúncia ou contavam uma história romantizada com todos os recursos bem utilizados da língua portuguesa.

“Música popular para mim é aquela que me faz sair assobiando, cantarolando, porque me tomou de tal maneira que vou em frente”, conclui ele ao reclamar da produção atual, das letras sem sentido, da falta de compromisso e a perda de referências.

Jun 14, 202130:12
O esporte muito além das medalhas: entrevista com Magic Paula, campeã mundial de basquete

O esporte muito além das medalhas: entrevista com Magic Paula, campeã mundial de basquete

Às vésperas da Olímpiada de Tóquio, adiada de 2020 para este ano por causa da pandemia, e que ainda sofre pressões para um novo adiamento, Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, é a convidada do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Campeã mundial de basquete feminino com a seleção na Austrália, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, e ouro no Panamericano de Havana, ela se tornou integrante do Hall da Fama do Basquete Feminino em Knoxville, nos EUA, e da Federação Internacional de Basquete, em Genebra, na Suíça. Multicampeã em seus 28 anos de dedicação ao esporte, logo depois de deixar as quadras, criou o Instituto Passe de Mágica para crianças e adolescentes e se dedicou à gestão do esporte. Hoje, é vice-presidente e diretora da Confederação Brasileira de Basquete, onde acompanha a preparação do time feminino para os Jogos do Japão.

E como dirigente, sob a pandemia, ela confessa experimentar uma situação de desafio que nunca imaginou como atleta: de planejar, decidir e conviver com a ameaça da doença e a pressão sobre as jogadoras em plena época de preparação e treinos.

E tudo diante do dilema que expõe o Japão e o mundo entre realizar os jogos, atendendo compromissos e a expectativa da realização de um evento do porte de uma Olimpíada, e a proteção máxima dos atletas diante de um vírus ainda desconhecido completamente.

Na entrevista de pouco mais de meia hora, Paula, uma das mais conscientes e politizadas atletas de sua geração, fala da importância do esporte como ferramenta de educação para a vida, para a formação de cidadãos, cobra do governo essa forma de atuação e o exime de ser o financiador do esporte profissional de alto rendimento.

Magic Paula fala com conhecimento do tema. Ela se desenvolveu como atleta ainda criança e adolescente e fez parte da melhor experiência de esporte universitário com apoio privado, o do banco BCN com a Universidade Metodista de Piracicaba. O resultado da parceria formou, à época, um dos melhores times de basquete feminino da história e que serviu também como base da seleção que viria a ganhar títulos inéditos. Ela própria, inclusive, foi aluna da UNIMEP.

Paula conta que a experiência é modelo sob vários pontos de vista que vão além das conquistas do time e a visibilidade positiva que gerava à universidade e ao patrocinador. A equipe tinha o apoio e envolvimento de professores e alunos dos cursos de fisioterapia, nutrição e psicologia, que trabalhavam no preparo e no condicionamento das atletas, enquanto desenvolviam estágios profissionais, num constante processo de qualificação recíproca.

“Muitos desses profissionais que trabalharam com a gente, entre o final dos anos 80 e começo dos 90, ocupam, atualmente, posição de liderança em suas áreas no mercado profissional”, diz ela.

Por fim, um depoimento grandioso sobre a rivalidade nas quadras com Hortência, que “lotava ginásios”, promovia o basquete feminino e que resultou na parceria vitoriosa na seleção.

Magic Paula está no Pensando o Brasil.

Jun 07, 202137:30
Combate à corrupção em risco: com Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção

Combate à corrupção em risco: com Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção

O presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, diz que o combate à corrupção no Brasil passa por um momento crítico com sinais ruins vindos do revisionismo judicial do Supremo Tribunal Federal e de decisões do Congresso Nacional.

Procurador de Justiça Criminal, Livianu aponta dois exemplos: a mudança no entendimento do STF que revogou a possibilidade de prisão em Segunda Instância e a recente decisão do Legislativo sobre as escutas ambientais, que desconsidera gravações de áudio e vídeo, mesmo que confirmem o crime, como prova contra o acusado.

“Quadruplo grau de jurisdição para se permitir a prisão de um condenado é pacto diabólico com a impunidade”, diz ele sobre a decisão que permite ao réu, já julgado e condenado, recorrer até ao STF e todos os seus caminhos de protelação antes de ser preso. “No mundo de democracias desenvolvidas, prende-se a partir da primeira condenação por um juiz. No máximo, depois de um colegiado em segunda instância”. E acrescenta: “as gravações que revelavam criminosos em ação sempre valeram aqui e no mundo. No Brasil, deixou de serem aceitas por decisão do Parlamento”.

Roberto Livianu ainda faz menção à necessidade de se rever o processo de escolha e de tempo de permanência de um ministro no STF, defendendo mandato fixo e menor poder ao Presidente da República para indicar um nome, como forma de reduzir a sensação de poder ilimitado de um juiz e a concentração de poder na indicação.

A operação Lava Jato, paradigma que mudou o patamar do Brasil no cenário internacional de combate à corrupção, é tema recorrente na entrevista, visto que a operação tem sido atacada por ações do Executivo e pelo Congresso, com ênfase nas últimas decisões do Supremo. Com base em vazamento de conversas não homologadas pela perícia, a corte máxima da justiça brasileira votou pela suspeição do ex-juiz Sérgio Moro. Além disso, a anulação da condenação do ex-presidente Lula, permitindo sua elegibilidade, sob o argumento questionável de foro inadequado na Justiça Federal de Curitiba, mesmo depois de anos da operação, julgamento e confirmações da sentença condenatória em três instâncias.

May 31, 202141:37
Ciência é investimento: entrevista com Mayana Zatz, geneticista

Ciência é investimento: entrevista com Mayana Zatz, geneticista

O mais enigmático vírus que ainda assola a humanidade é objeto de um estudo muito aprofundado no Centro do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, liderado pela geneticista Mayana Zatz, que concedeu entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A cientista brasileira, notabilizada pelas pesquisas com células-tronco embrionárias, comanda uma série de pesquisas sobre o comportamento do vírus Sars-coV-2 no corpo humano, que causa a Covid-19.

Desde o aparecimento do Novo Coronavírus na China, a comunidade científica e médica do mundo inteiro se dedica a compreender o vírus pelas suas características mais intrigantes: é letal e com capacidade de disseminação muito rápida, capaz de paralisar o planeta e, na maioria das pessoas, oscila entre ser uma doença assintomática ou de sintomas leves.

Nas pesquisas de alta complexidade científica lideradas por Mayana Zatz no Brasil, há estudos avançados sobre, por exemplo, casais que, apesar da convivência íntima, na mesma casa, no mesmo quarto, um teve Covid-19 e o parceiro foi assintomático ou sequer foi infectado, o que levou os pesquisadores a descobrir que células de defesa em um dos cônjuges eram muito mais eficientes.

Outro caso foi o estudo com pessoas centenárias, uma pesquisa já estava em andamento antes da pandemia para entender como se dá geneticamente a longevidade. Com o aparecimento do vírus, a pesquisa se ampliou para saber como pessoas tão idosas, grupo considerado de risco para uma série de doenças, reagiria ao contato com o novo vírus. A surpresa teve todos os ingredientes que uma Ciência dedicada pode trazer: os centenários, justamente pelo tempo de vida, provavelmente carregam informação genética e reação imunológica que transformaram a Covid, quando muito, em uma gripezinha. Dos 13 casos analisados, incluindo uma paciente de 114 anos, houve recuperações boas, casos leves e outros completamente assintomáticos.

E é justamente sobre a importância social e estratégica da Ciência que Mayana Zatz se debruça na segunda parte da entrevista, ao lamentar a visão de curto prazo da média política brasileira em relação à ciência, na redução dos investimentos e na necessidade de compreender que a resposta rápida que a Ciência deu em desenvolver vacinas tão rapidamente para a Covid-19 se deve a um histórico, tanto de governos como de empresas, em apoiar fortemente a ciência básica de longo prazo.

“Ou investimos em ciência ou ficaremos sempre a reboque do primeiro mundo”

May 24, 202136:08
Justiça e ideologia: entrevista com César Dario Mariano, procurador de Justiça

Justiça e ideologia: entrevista com César Dario Mariano, procurador de Justiça

A mudança de interpretação da Constituição e do Código Penal pelas cortes superiores no Brasil, depois da troca de ministros conservadores por juízes progressistas, a partir de 2006, tem gerado uma sensação de impotência da Justiça no país, segundo o jurista César Dario Mariano da Silva, Procurador de Justiça no Estado de São Paulo.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, ele cita o caso de um traficante de drogas que foi flagrado com 186 kg de cocaína e teve a prisão preventiva revogada. No julgamento, a maioria dos ministros do STF considerou que o traficante executava apenas o trabalho de “mula”, o transportador da droga, e que não tinha antecedentes. A quantidade exorbitante de droga apreendida em flagrante deixou de ter relevância na nova jurisprudência, embora 186 kg de cocaína em poder de alguém não guardem nenhuma relação com o consumo próprio de um usuário.

O fenômeno da reinterpretação do Código Penal em relação ao tráfico se estenderia para outra corte superior, o STJ, em que decisão semelhante também foi tomada em outra grande apreensão de maconha, com novo afrouxamento na aplicação da pena e de entendimentos anteriores.

Na conversa de quase 40 minutos, César Dario Mariano, que também é mestre em Direito das Relações Sociais, Especialista em Direito Penal e professor da Escola Superior do Ministério Público, aponta que a ausência de Estado tem feito comunidades carentes vítimas do Estado Paralelo de traficantes de drogas, como no caso de Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Ele cita que a decisão do ministro Edson Fachin, de junho de 2020, referendada pela maioria da corte, que havia limitado e até proibido operações policiais em comunidades no Rio, durante a pandemia, expuseram ainda mais a população aos criminosos, o que pode ter agravado a situação, oferecendo ainda mais tempo e liberdade para o tráfico se armar com armas de grosso calibre. No começo deste mês, uma operação da polícia, cumprindo mandados judiciais, resultou num confronto com todas as características de uma guerra urbana.

Ele também critica que, no caso da Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal tem trocado o direito positivado, a regra, por princípios na interpretação da Constituição, o que tem gerado insegurança jurídica.

May 17, 202139:58
Ciência não é política: entrevista com Paulo Saldiva, patologista e pesquisador

Ciência não é política: entrevista com Paulo Saldiva, patologista e pesquisador

A mesma ciência que foi pega de surpresa por um vírus que ainda precisa ser compreendido e, ainda na fase inicial, errou prognósticos acerca da doença é a mesma que desenvolveu, em tempo recorde, vacinas com capacidade de imunizar o mundo inteiro, paralisado diante da Covid-19.

O misto de apreensão diante do novo Coronavírus com sua rápida propagação pandêmica e a resposta da ciência com imunizantes de considerável e alta eficiência são destaques da entrevista com o patologista Paulo Saldiva, pesquisador e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE. 

Na entrevista, o doutor Saldiva pontua que a complexidade do Sars-CoV-2, que surpreendentemente varia entre o letal e o assintomático, se estende pela complexidade social do mundo em que vivemos. Se a ciência e a indústria farmacêutica foram eficientes em pesquisar e desenvolver vacinas, a capacidade de produção rápida e de distribuição enfrentam problemas que vão desde uma mera questão logística a questões sociais ainda mais complexas, de sermos capazes de prover vacinas a países pobres em tempo hábil de controlar a doença antes do aparecimento de novas variantes.

Paulo Saldiva ainda pondera os erros da Organização Mundial da Saúde e a ausência de mea culpa por parte da própria OMS, de cientistas e especialistas na interpretação do novo vírus, cometidos no começo da pandemia, além da politização desmesurada da ciência, o que gerou o fenômeno da infodemia, com os danos das fake news. “A ciência pode muita coisa, mas tem coisas que demandam mais tempo. No entanto, isso não impediu que políticos usassem o nome da ciência para impor à população certezas que precisam de tempo para serem estabelecidas cientificamente”.

Por fim, ele aponta o déficit de profissionais treinados em UTI como um dos principais problemas no tratamento e no número de vítimas: “Houve doação de respiradores por empresas e você não tinha pessoal capacitado em número suficiente para atender um paciente num leito de terapia intensiva”, o que revela um problema estrutural de educação formal e profissional, endêmico no Brasil, que foi escancarado no setor de saúde e expôs a necessidade urgente de governos e sociedade darem a devida atenção.

May 10, 202145:21
Saneamento básico é meio ambiente: entrevista com Mario Moscatelli, biólogo

Saneamento básico é meio ambiente: entrevista com Mario Moscatelli, biólogo

Rios e praias poluídos não mobilizam as pessoas na mesma proporção do que qualquer alteração na Floresta Amazônica. É justo e necessário se preocupar com a Amazônia, mas e com o meio ambiente em que se vive?

O fato de a preservação ambiental de rios e mares próximos de grandes centros urbanos não ter a mesma atenção da população, diminui a pressão sobre gestores públicos locais. A consequência direta são mananciais de captação de água e praias de lazer poluídos pelo saneamento básico insuficiente. Segundo o Instituto Trata Brasil, quase 51% do esgoto gerado no Brasil não é tratado, o que deteriora o ambiente urbano com consequente perda de qualidade de vida e renda das pessoas, além de gastos públicos maiores com saúde.

“A Amazônia é uma grife e o saneamento básico é um tabu”, diz o biólogo e doutor em ecologia Mario Moscatelli, em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

À frente do projeto Olho no Verde, que monitora uma área de 10 mil Km² da Mata Atlântica e especialista em recuperação de áreas costeiras, ele diz que a mentalidade exploratória irresponsável da cultura brasileira gerou um modelo suicida de “sucateamento dos nossos recursos hídricos”. E acrescenta: “As línguas negras de esgoto sem tratamento correm pela areia até as praias. No Rio de Janeiro, onde atuo, eu vejo as pessoas na Praia da Barra se banhando em coco e cianobactérias que podem gerar até câncer de fígado”.

Na entrevista de pouco mais de 30 minutos, Mario Moscatelli faz denúncias graves ao poder público que tem protelado o saneamento básico, à falta de consciência das pessoas diante de uma prioridade clara, reclama da insensatez da justiça e da opinião pública com projetos de exploração sustentável do meio ambiente, o que acaba provocando abandono e degradação, e termina com uma comparação sobre o custo do saneamento: “Pra recuperar a bacia hidrográfica do rio Guandú, na região metropolitana do Rio, custa R$ 1,4 bilhão. Em 2014, gastaram só no Maracanã para a Copa do Mundo, R$ 1,6 bilhão”.


May 03, 202135:21
Amazônia brasileira, agenda mundial: entrevista com Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa

Amazônia brasileira, agenda mundial: entrevista com Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa

“A Amazônia virou uma agenda permanente no mundo”.

A frase acima é do ex-deputado Aldo Rebelo ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, que pondera a necessidade de compreendermos a preocupação internacional com a maior floresta do mundo, mas reafirmando que a soberania brasileira sobre a Amazônia é inegociável.

Em tempos de novas discussões sobre compromissos ambientais dos países para reverter danos climáticos ao planeta, como a recente cúpula promovida pelo presidente americano Joe Biden, com participação do presidente Jair Bolsonaro, ele vai ao ponto de maior controvérsia: é preciso explicar a Amazônia e sua complexidade ambiental e social aos brasileiros, que pouco a conhecem, e ao mundo que nunca pisou lá. 

Aldo Rebelo foi deputado por seis mandatos consecutivos, a partir de 1991, presidiu a Câmara e foi ministro de quatro pastas nos governos Lula e Dilma, entre elas a de Ciência e Tecnologia e da Defesa.

Na conversa de pouco mais de 40 minutos, o ex-ministro defende a preservação do meio ambiente com atividade econômica sustentável e reclama que o debate foi sequestrado por ONGs estrangeiras e pela mídia com uma visão irreal e incompleta da realidade social da região Norte do país. Preservação de fauna e flora não podem estar dissociadas do bem-estar socioeconômico das pessoas que vivem lá. 

Nem por isso, deixa de observar que a comunicação governamental sobre questões ambientais brasileiras precisa ser aprimorada. E que o convencimento dos fatos leva tempo e o confronto deve ser evitado.

A agenda política interna brasileira também é destaque na entrevista. “A Constituição do país foi superada pelo ativismo político do STF”, diz ele, ao criticar a corte e parte do parlamento que recorre ao Supremo quando perde uma votação no Congresso, defendendo a instalação de uma Nova Assembleia Constituinte para repactuar os poderes. Aldo Rebelo ainda diz que o debate do país se perdeu numa agenda “secundária” de costumes, cuja qualidade nas redes sociais é ruim, apesar de democrático.

#PensandooBrasil

Apr 26, 202143:38
A deficitária logística brasileira avança: entrevista com Paulo Resende, especialista em Logística

A deficitária logística brasileira avança: entrevista com Paulo Resende, especialista em Logística

No Brasil recente que ganhou uma sequência de leilões de infraestrutura logística para atrair o capital privado a investir no país, com resultados muito positivos, fenômeno que vem desde o governo Temer e que ganhou intensidade e velocidade no governo Bolsonaro, o professor Paulo Resende é direto:

“O Brasil é um dos maiores devedores mundiais em termos de investimento para ele mesmo”, disse em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Na conta de recuperar o tempo perdido, ele faz um elogio inusitado à uma típica realidade da política brasileira: “um ministro de uma pasta que conhece a pasta”, numa referência clara ao ministro de infraestrutura, Tarcísio Gomes Freitas, que está à frente das atuais concessões e do PNL, o Plano Nacional de Logística.

Paulo Resende, que é coordenador de Logística e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, doutor em Planejamento de Transportes pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e um dos mais sofisticados especialistas do país, cita um exemplo em sua tese: “Imagina se há 30 anos, o Brasil tivesse uma espinha dorsal ferroviária, saindo de São Luís do Maranhão e chegando ao Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Dá pra imaginar o que teria sido da logística brasileira à esquerda e à direita desse tramo ferroviário?”, numa referência clara à ferrovia Norte-Sul, obra inacabada, idealizada no Governo Sarney, nos anos 80, e que somente agora está com o trecho Central próximo da operação.

Aliás, sobre a retomada de obras paralisadas de governos anteriores, ele elogia a atitude atual governo, mas cobra a continuidade com novos planos.

Em uma análise mais aguda sobre nosso comportamento histórico, ele ainda critica a cabeça do gestor público brasileiro que “não tem visão de país”, é ainda “subjetivo, emocional, não acredita em números e se basta no curto prazo”. A subjetividade, afirma ele, leva à noção de que a demora no licenciamento ambiental de uma obra é demonstração de poder do gestor. Um equívoco que gera atrasos imensos a um país que tem pressa e necessidade de crescer.

Paulo Resende diz que já não luta mais pela excelência logística pra si ou para sua geração, mas em respeito às gerações futuras, em nome de um legado de avanço para elas.

Apr 19, 202140:41
As empresas e a agenda social: entrevista com Christina Carvalho Pinto, empresária

As empresas e a agenda social: entrevista com Christina Carvalho Pinto, empresária

Como as empresas devem lidar com o novo momento da economia diante de um consumidor cada vez mais exigente?

Como lidar com este novo consumidor ou cliente que compra com um clique e reclama com outro, na velocidade das redes sociais?

Na sociedade conectada de hoje, a eficiência de uma empresa já não é mais medida apenas pela sua capacidade produtiva e inovadora de fazer frente à concorrência.

Atualmente, as empresas estão sendo demandadas a se posicionarem sobre questões sociais, ambientais e como trabalham estes temas, interna e externamente. E são julgadas por um cliente ou consumidor que talvez nunca tenham comprado nada delas.

Mas qual o limite para empresas e seus CEOs se envolverem na agenda social latente - e por vezes polêmica - que coloca a opinião pública dentro dos muros da empresa?

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, a empresária, estrategista e sócia da Hollun Consultoria, Christina Carvalho Pinto, diz que as empresas simplesmente não têm escolha a se negarem ao debate. Pelo fato inequívoco de que elas estão imersas na sociedade e se relacionam com o público, o meio ambiente e os vários níveis de governo. Isso faz com que tenham a obrigação de refletir e agir sobre temas sociais. E que embora alguns presidentes de companhia já estejam à frente de iniciativas paradigmáticas, é o Conselho de uma empresa quem pode fazer, pela mudança de mentalidade do grupo, a transformação sustentável da gestão do negócio em uma política interna conectada com a lógica da responsabilidade social coletiva.

Eleita duas vezes “a mulher mais influente em Marketing e Comunicação”, pela Forbes Magazine, Christina Carvalho Pinto diz que ela própria deu uma guinada na vida, quando decidiu que trabalharia apenas com empresas que tinham atualizado sua visão de mundo e se conectado com as preocupações sociais da nova sociedade.

Apr 12, 202134:17
Só se governa com maioria: entrevista com Michel Temer, ex-presidente do Brasil

Só se governa com maioria: entrevista com Michel Temer, ex-presidente do Brasil

O ex-presidente da República Michel Temer é o entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, em que governabilidade, maioria no Congresso, Centrão e necessidade de diálogo entre os poderes e forças políticas praticamente dominaram a conversa.

De longa história acadêmica, como jurista constitucionalista, e na vida política, como deputado federal, presidente da Câmara, e presidente, depois do impeachment de Dilma Roussef, Temer teve um governo de pouco mais de pouco mais de dois anos e quatro meses. Em sua gestão, o país saiu da recessão ao fazer a economia brasileira voltar a crescer, depois da crise entre 2014 e 2016, viu os juros e a inflação caírem e reformas importantes, como a trabalhista e o “Teto de Gastos”, serem aprovadas, além da nova lei das estatais, responsável, por exemplo, por sanear a Petrobras, a joia da Coroa entre as empresas do governo, vítima de escândalos de uso político-partidário e corrupção nos governos do PT.

Na entrevista, o ex-presidente recorre à lógica democrática de que sem maioria não se governa. A tese, que parece óbvia, vai muito além quando aborda temas como “nova política” e “Centrão”, dominantes no recente cenário eleitoral e político brasileiro. Para isso, cita a série de realizações de seu governo e de outras administrações que o antecederam como resultado inequívoco da capacidade de governos de fazer maioria no Congresso. A “Nova Política” ou a frase de “não sou político”, para vender uma ideia de inovação e renovação ao cidadão, são classificadas por ele como “conceitos eleitoreiros”. E para isso pergunta: “É da velha política a redemocratização do país? O Plano Real? Os planos sociais? As grandes reformas desde Itamar?” E já entrando em seu governo: “É da velha política a queda da inflação, dos juros e a recuperação das estatais, as reformas? Isso não é da velha da política. É da política. O que você pode ter é político que faz uma política adequada e político que faz uma política inadequada”.

A história recente das conquistas que menciona, em que pesem outras terem sido relacionadas a escândalos, são relacionadas à imprescindível formação de maioria no Congresso, o que o leva a dizer que não se prende mais a rótulos ideológicos, conceitos que ele diz terem sido superados depois da queda do Muro de Berlin. “Se de direita, de esquerda ou de centro, o importante para a população é o resultado”. E diz que os deputados e senadores do “Centrão”, grupo de parlamentares normalmente associados ao fisiologismo, foram eleitos pelo voto e compõem maiorias que fazem presidentes aprovarem leis e reformas.

A conversa ainda passa pelo ativismo do Supremo Tribunal Federal, a defesa da harmonia entre os poderes e na defesa do multilateralismo para melhorar a imagem do país no exterior, evitando alinhamentos diplomáticos e divulgando realizações que o país já tem na área ambiental. E sem nenhuma ameaça de interrupção da democracia brasileira.

Apr 05, 202137:60
O Brasil na geopolítica da vacina: entrevista com Rubens Barbosa, diplomata

O Brasil na geopolítica da vacina: entrevista com Rubens Barbosa, diplomata

Estamos vivendo a “geopolítica da vacina”, diz o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE”.

A pandemia que impõe o distanciamento social e que fez esta entrevista ser gravada por plataforma de vídeo uma vez mais - e igualmente a razão da transformação das relações internacionais no mundo – foi o tema da entrevista, sobretudo com as implicações ao Brasil.

Preocupado com a situação nacional e a necessidade do desenvolvimento de políticas estratégicas de longo prazo para o país, Rubens Barbosa, um dos mais atuantes diplomatas da história recente das relações externas brasileiras, é enfático em defender que, dada a realidade de “não haver consenso para discutir mudanças agora, precisamos pensar o país a médio e longo prazos. E como o Brasil vai sair da pandemia”, já prevendo os impactos da crise na economia e o peso da eleição de 2022.

A referência que ele defende envolve estudar a reindustrialização do Brasil, incentivar a pesquisa que desenvolve medicamentos e vacinas e, numa escala ainda maior, abandonar a tese desgastada do protecionismo e entender que o tamanho do país exige que sejamos autossuficientes em tecnologia e matérias-primas estratégicas, como insumos para fazer vacinas e medicamentos.

É aí que se insere o conceito de “geopolítica da vacina” e o consequente soft power de China, Índia e Rússia, que estão usando seus próprios imunizantes para garantir a recuperação interna de suas economias e escolhendo a quem e como vender os excedentes, em frentes diplomáticas de influência. Além dos EUA, que prometem vacinar toda sua população até o final de maio e estão começando a doar vacinas não americanas, como as do laboratório AstraZeneca, de sua reserva estratégica, ao Canadá e ao México.

A conversa ainda passou pela falta de solidariedade internacional na vacinação, as escolhas diplomáticas do Brasil, Amazônia, mudanças climáticas e o dilema tecnológico e diplomático do país que escolhe este ano o seu modelo de 5G. “Entre China e Estados Unidos, o Brasil precisa preservar seus interesses”.

Além da carreira diplomática, Rubens Barbosa é presidente da Associação Nacional dos Produtores de Trigo e do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp e editor responsável da Revista Interesse Nacional. 

Mar 29, 202136:44
Pandemia - a urgência que o STF não percebeu: entrevista com Gaudêncio Torquato, jornalista

Pandemia - a urgência que o STF não percebeu: entrevista com Gaudêncio Torquato, jornalista

O jornalista Gaudêncio Torquato diz que a pandemia ainda sofre com a incompreensão de sua urgência e gravidade, em que pesem os esforços feitos e medidas já realizadas por governos, seja em auxílios econômicos ou de saúde ou à dedicação mais recente na aquisição de vacinas.

No caso brasileiro, em parte também no mundo, a política partidária não cedeu completamente à lógica da política de construir consensos para o bem-estar coletivo e a politização ruim invadiu o debate científico e médico do combate ao vírus.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Torquato, de vasta experiência nas redações de grandes veículos, como escritor e também professor universitário, diz que “no Brasil, uma eleição começa quando acaba a outra”, intensificando a polarização ideológica, iniciada no início deste século, do “nós contra eles”, com sinais trocados ou não, a depender de quem esteja no poder.

O próprio Supremo Tribunal Federal, que, em medida monocrática do ministro Edson Fachin, recentemente anulou decisões da Lava Jato trazendo o ex-presidente Lula, condenado anteriormente por corrupção, ao cenário da eleição de 2022. “O STF não inocentou Lula, é preciso que fique claro, visto que a Justiça de Brasília pode condená-lo novamente”, diz ele, mas a pauta urgente da pandemia acabou suprimida por um debate eleitoral antecipado.

Na entrevista, Gaudêncio Torquato, ainda fala do barulho das redes sociais, da necessidade de educação política e da imprensa “excessivamente opinativa”.

Mar 22, 202129:49
Um Supremo acima do Brasil: entrevista com Humberto Dantas, cientista político

Um Supremo acima do Brasil: entrevista com Humberto Dantas, cientista político

Quais os limites do Poder Judiciário e, sobretudo, do Supremo Tribunal Federal e quais respostas a sociedade dará diante de um poder que tem se colocado acima do outros?

A pergunta permeia quase que completamente a entrevista do cientista político Humberto Dantas ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A começar da recente decisão monocrática do ministro Edson Fachin, de anular os julgamentos da Lava Jato que condenaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em duas instâncias da Justiça Federal de Curitiba, devolvendo, mesmo que por ora, os direitos políticos ao ex-presidente, os quais lhe permitem concorrer na eleição presidencial de 2022.

Nesta questão política, Humberto Dantas, que também é Head de Educação do CLP - Centro de Liderança Pública, em São Paulo, pondera que a importância que se tem dado à possível participação de Lula na eleição presidencial ganha um destaque maior pelas dificuldades do governo atual e de popularidade de Jair Bolsonaro.

Mesmo assim, a decisão de Fachin não esconde o problema institucional grave de a mais alta corte do país ter se tornado ativamente política. E sem os contrapesos que membros do Congresso e do Executivo têm naturalmente pela correlação de poderes e enorme escrutínio da opinião pública, seja por serem mais acessíveis e pela compreensão maior da população de seus afazeres ou por terem de enfrentar eleições abertas a cada quatro anos. Quem fiscaliza os ministros que tem garantia no cargo até os 75 anos? Quem tem o poder de moderá-los em eventuais excessos ou desvios institucionais do cargo, visto que o Senado, por onde passam em sabatina antes de chegarem ao STF, tem se abdicado de sua função?

Na entrevista, Humberto Dantas ainda fala da ausência de debate sério e aprofundado na escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos acordos políticos que contaminam a indicação do presidente ou a sabatina pelos senadores, a instabilidade institucional e insegurança jurídica que interferem na vida do país, do distanciamento da realidade brasileira por parte da magistratura e de tentativas de se investigar e moderar a atuação do Poder Judiciário pela CPI da Lava-Toga.

Mar 15, 202137:44
Economia criativa na pandemia: entrevista com Luiz Alberto Machado, economista

Economia criativa na pandemia: entrevista com Luiz Alberto Machado, economista

A economia foi diretamente impactada pela pandemia e ainda não se tem uma medida de quanto ainda será o efeito no longo prazo. A economia criativa, conceito que engloba atividades ligadas à arte, mas não só, visto que o turismo e mesmo o show business de massa também estão inseridos nessa classificação, foi uma das que mais sofreram com a restrição de público presencial.

“Tudo o que dependia de aglomeração sofreu mais”, diz o economista e especialista em economia criativa, Luiz Alberto Machado, em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Desde uma simples quermesse paroquial de uma pequena cidade, passando por um vernissage ou um lançamento de livro, até um grande espetáculo numa casa de shows ou numa arena de futebol, tudo isso se viu, da noite por dia, com limitação de acontecer por normas de distanciamento social que restringiram completamente a realização dos eventos.

Apesar do desejo de volta à normalidade, o que teria impacto positivo imediato nestas atividades, até pela disposição crescente das próprias pessoas ao menor sinal de segurança biológica diante do vírus, alguns setores se reinventaram com lives artísticas e de conteúdo diverso. Alguns com desempenho invejável, como o setor de games, de jogos eletrônicos, que, facilitado pela tecnologia e por conviver muito bem com “cada um em sua casa”, manteve o crescimento e desponta como um dos destaques na recuperação econômica.

Sobre a economia brasileira, Luiz Alberto Machado, ex-professor, diretor e acadêmico de História da Economia na FAAP-Fundação Armando Alvares Penteado, em São Paulo, ele pondera que, diante do drama fiscal, da necessidade de um novo auxílio emergencial e a pressão crescente por gastos sociais, tudo isso expõe o Brasil, mais uma vez, ao seu histórico problema de não separar o urgente do necessário. A dicotomia, diz ele, nos faz viver de considerar tudo prioritário ao mesmo tempo, asfixiando o país em suas contas e provocando decisões sem planejamento estratégico.

Mar 08, 202136:57
O mercado desconhece a história do Brasil: entrevista com Luiz Mendonça de Barros, economista

O mercado desconhece a história do Brasil: entrevista com Luiz Mendonça de Barros, economista

A Petrobras e a decisão do presidente Jair Bolsonaro de mudar o comando da estatal, em virtude da alta constante dos preços dos combustíveis, sobretudo do diesel, provocaram alvoroço na vida política e econômica do país, no final do mês de fevereiro.

Para o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi diretor do Banco Central, presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, o fato mostra que o “mercado financeiro tem o hábito de não estudar a nossa história. Há uma certa tendência no mercado de abstrair de suas análises a história do país”, disse ele em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

A entrevista aconteceu exatamente na tarde da quarta-feira, 24 de fevereiro, dois dias depois da abertura dos mercados, na segunda-feira, 22, em que os papeis da Petrobras e de outras estatais caíram e puxaram a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 para baixo, em decorrência da interpretação de intervencionismo do governo nas empresas e de um suposto abandono da agenda liberal na economia por parte do governo Bolsonaro.

Mendonça de Barros pondera o excesso na interpretação do caso pelo mercado financeiro ao dizer que a própria Petrobras, estratégica ao país e um monopólio na prática no setor de refino de petróleo, tem em seu próprio estatuto uma cláusula que teria evitados o exagero dos agentes de mercado e da imprensa especializada. A cláusula em questão, feita pela gestão de Pedro Parente, no governo Michel Temer, já na fase que recuperou a Petrobras dos escândalos e da tragédia administrativa das gestões anteriores, permite à empresa tomar atitudes, como, por exemplo, não repassar todos os seus custos imediatos aos preços dos combustíveis, em detrimento do acionista privado e em favor do governo e da sociedade. Até porque há a previsão de perdas eventuais serem compensadas pelo Tesouro Nacional, no futuro.

Na conversa de pouco mais de 36 minutos, Mendonça de Barros ainda critica o atual presidente da Petrobras, Castello Branco, que não teria usado este precedente legal para evitar a crise por uma crença no radicalismo liberal e prevê um fortalecimento da empresa na Bolsa. Sobre a situação fiscal do país, embora seja grave, apontada como um nó para a recuperação econômica, para ele, não é razão para tirar o sono porque o endividamento do ano passado durante a pandemia foi decisivo para a retomada que se vê em vários setores, o que já tirou o país da recessão mais grave.

Luiz Carlos Mendonça de Barros é atualmente presidente do Conselho da Foton Caminhões no Brasil, do grupo BAIC, um dos mais importantes conglomerados industriais da China.

Mar 01, 202137:07
Bolsonaro tem o dever de comandar as reformas: Entrevista com Maílson da Nóbrega, economista

Bolsonaro tem o dever de comandar as reformas: Entrevista com Maílson da Nóbrega, economista

O presidente Jair Bolsonaro tem de comandar as reformas estruturais. É o que defende o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Para o ex-ministro, as reformas, de importância vital para o país sinalizar ao mercado um compromisso efetivo e de longo prazo do com o controle do crescente endividamento público, é uma atividade essencialmente política que requer envolvimento direto do presidente da República que, segundo ele, ainda não houve.

Com a recente eleição de dois aliados para a presidência da Câmara e do Senado, uma vitória do Planalto no Congresso, a esperança é que a força do Executivo se faça presente, além da já bem articulada formulação técnica dos projetos de reforma constitucional do Ministério da Economia.

Apesar da volta dos sinais claros de retomada, o nó econômico do temor fiscal, o barulho político com assuntos laterais e a lentidão do andamento das negociações no parlamento, até aqui, têm feito o Brasil perder parte importante da recuperação econômica que o mundo começa a experimentar, com um crescimento mais intenso, sobretudo da China, o que, dada a demanda pelas comodities brasileiras, deveria impactar positivamente o câmbio, com valorização do Real, uma das moedas que mais perderam valor na pandemia.

No entanto, na prática, o temor fiscal em relação ao país, que ainda negocia fontes de recursos para uma nova ajuda emergencial à população mais carente, tem mantido o Real desvalorizado com impacto já perceptíveis e resilientes na inflação.

Feb 22, 202132:10
Resultado de campeão, cabeça de campeão: Daiane dos Santos, campeã mundial de ginástica artística

Resultado de campeão, cabeça de campeão: Daiane dos Santos, campeã mundial de ginástica artística

Daiane dos Santos, a primeira brasileira campeã mundial de Ginástica Artística, em 2003, na Alemanha, é a convidada do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Na conversa, ela fala da sua vitoriosa carreira de ginasta e da história dos dois movimentos que ela criou para vencer o Mundial e a Copa do mundo da modalidade – o duplo twist carpado e o duplo twist esticado. Dada a inovação e a perícia com que foram executados, a Federação Internacional de Ginástica decidiu dar o nome “dos Santos” aos dois movimentos criados e apresentados por Daiane, tal como estrelas ganham nomes de astrônomos e vacinas, a de cientistas.

Ela também fala da importância da psicologia no preparo do atleta, na lógica multidisciplinar que foi adotada nos esportes e no poder do preparo mental para competições de alto rendimento, algo que vem sendo utilizado também em outras áreas profissionais.

“Pra ter resultado de campeão, tem de ter cabeça de campeão”, diz ela.

Em um ano de Jogos Olímpicos adiados por causa da pandemia de Coronavírus, Daiane dos Santos ainda enfatiza a importância do preparo mental do atleta para lidar com as diferentes pressões e controlar a ansiedade, usando-a para melhorar o desempenho.

Na entrevista, ela também fala de seus trabalhos depois de deixar de competir, em 2012. Daiane é embaixadora do Instituto Trata Brasil – dedicado a apontar soluções para o setor – e entre palestras e trabalhos como influenciadora esportiva, ela está à frente do projeto social “Brasileirinhos”, em que alia o esporte como indutor de cidadania para crianças.

Feb 15, 202134:16
Brasil para os brasileiros: entrevista com o economista Roberto

Brasil para os brasileiros: entrevista com o economista Roberto

O economista Roberto Teixeira da Costa defendeu a retomada do multilateralismo como uma necessidade para o mundo se reencontrar depois das fases mais graves da pandemia.

Citando aspectos como a exposição de uma desigualdade social ainda maior por causa das medidas de bloqueio econômico que paralisou atividades econômicas para controlar a disseminação da Covid-19, ele diz que medidas locais, como a aprovação das reformas estruturais que beneficiem a retomada econômica no Brasil e reduzam a dívida pública e o custo-país, e a volta ao diálogo, no âmbito internacional, precisam ser ampliadas diante dos novos desafios da humanidade.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Roberto Teixeira da Costa, que foi o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários e conselheiro de várias entidades empresarias, ainda fala da necessidade de os brasileiros compreenderem que a preservação e a exploração sustentável da Amazônia devem ser tratadas como um interesse nacional anterior às pressões internacionais, e que o aumento expressivo de investidores no mercado de capitais é algo positivo, mas que a mentalidade de investimento de longo prazo e do desempenho da empresa precisam prevalecer, opondo-se à cultura de ganho fácil e rápido na Bolsa.

Feb 08, 202129:25
O valor do planejamento profissional: Entrevista com José Augusto Minarelli, presidente do Conselho de Administração - CIEE

O valor do planejamento profissional: Entrevista com José Augusto Minarelli, presidente do Conselho de Administração - CIEE

A dinâmica da economia, que envolve processos de fusão, aquisição ou mesmo fechamento de negócios, transforma o mundo corporativo frequentemente. Diante de uma nova realidade, empresas se veem obrigadas a demitir altos executivos ou gerentes operacionais, dentro de grupos altamente restritos entre seus colaboradores. 

Como pessoas, que viviam nos andares de cima do ambiente corporativo, com benefícios e aparente previsibilidade, precisam lidar com a realidade de buscar uma nova recolocação ou aprenderem a empreender, precificar seu serviço e voltar ao mercado para continuarem suas vidas sem as certezas que tinham antes? 

O professor José Augusto Minarelli, diretor-presidente da Lens & Minarelli de aconselhamento de carreiras para executivos e outplacement, é o entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, e fala sobre como os profissionais devem se reinventar em um mundo extremamente competitivo. Minarelli acaba de assumir a presidência do Conselho de Administração do CIEE. Diante de um mercado ainda restrito na geração de vagas para aprendizes e estagiários, ele diz que o desafio está posto e é preciso enfrentá-lo. Para ele, empresários e dirigentes de empresas devem ter consciência que o grande diferencial em dar oportunidade para os jovens está no potencial de retorno para a empresa, por meio de dedicação e produtividade acima da média.

Feb 01, 202138:07
O Brasil de Bolsonaro e Biden: Entrevista com o economista Otaviano Canuto e o cientista político Hussein Kalout

O Brasil de Bolsonaro e Biden: Entrevista com o economista Otaviano Canuto e o cientista político Hussein Kalout

Com a mudança de comando na Casa Branca, como serão as relações entre Brasil e Estados Unidos?

O democrata Joe Biden foi recentemente empossado como o 46º presidente dos EUA, depois de tumultuada eleição em que derrotou o republicano Donald Trump, que concorria à reeleição.

Sob a presidência do presidente Jair Bolsonaro, o Palácio do Planalto imprimiu forte relação de alinhamento ideológico com a Casa Branca, tendo o próprio presidente manifestado abertamente a sua preferência pelo republicano diante do candidato democrata e, mais recentemente, já eleito presidente.

Do lado americano, durante um debate de campanha, Biden chegou a dizer que juntaria recursos com outros chefes de Estado para conter o desmatamento na Amazônia, ignorando os argumentos brasileiros para as queimadas, o que gerou resposta também acalorada por parte do governo brasileiro que criticou a tentativa de interferência estrangeira na soberania brasileira sobre a sua Amazônia.

Que relações teremos, depois de tudo isso, entre as duas nações historicamente aliadas e próximas, quando a campanha já ficou para trás e o pragmatismo da governança não pode sucumbir a ideologias?

O que será Biden depois da eleição? Como será Bolsonaro depois da eleição de Biden? No que eles podem estar juntos? No que eles terão de estar juntos, querendo ou não?

Para responder a essa série de questões, o “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, convidou o economista Otaviano Canuto, ex-diretor do Banco Mundial e professor das universidades George Washington e Columbia, e o cientista político Hussein Kalout, professor e pesquisador da universidade de Harvard e ex-secretário de assuntos estratégicos do Governo Michel Temer.

Jan 26, 202156:04
2020: o ano que não terminou. Lições para 2021 - Capítulo 2

2020: o ano que não terminou. Lições para 2021 - Capítulo 2

Produção: Piotto Produções

Realização: TV CIEE

Direção: Adalberto Piotto

O intenso ano de 2020 está retratado na série documental “2020: o ano que não terminou. Lições para 2021”, produção original da Piotto Produções em parceria com a TV CIEE.

Baseada na série de entrevistas “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, concebida ainda no final de 2019 e que começou suas gravações em fevereiro de 2020, antes de todas as consequências mais graves da pandemia de Coronavírus que assolou o planeta, a série mostra o Brasil, suas intensas discussões e sua percepção de mundo durante todo o ano.

Remodelada para gravações à distância, a partir de abril, com mudança sensível na captação técnica dos depoimentos, permaneceu pensando o país pelas plataformas que preservavam o distanciamento social, mas que, mesmo assim, aproximaram-nos ainda mais do debate real entre brasileiros que buscam soluções diante do momento único pelo qual a humanidade ainda atravessa.

“2020: o ano que não terminou. Lições para 2021” é uma série de recortes das entrevistas que foram ao ar pela TV CIEE, semanalmente, ao longo do ano, cujo debate natural criou uma narrativa própria ao evoluir para esta série documental de dois capítulos que expõe de maneira intensa os nossos desafios.

Neste segundo e último capítulo, as influências boas e ruins da Constituição de 1988 na vida brasileira do século 21, as amarras legais, as escolhas brasileiras, a insegurança jurídica vinda do ativismo exagerado do Supremo Tribunal Federal, as redes sociais e as consequências no debate nacional, a educação, a saúde, a mente humana sob a pandemia, o avanço do debate sobre igualdade racial e de gênero, os jovens, a importância da escola presencial em meio ao distanciamento, as empresas sob escrutínio da repercussão pública e os avanços humanos diante da nova realidade.

Participam do documentário, o cientista político Carlos Mello, do Insper; o economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro e professor; o escritor e advogado Joaquim Falcão, da Academia Brasileira de Letras; Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Defesa; o economista Jason Vieira, da Infinity Asset; o podcaster e palestrante Luciano Pires, do Café Brasil; o psicanalista Jorge Forbes, da TV Cultura; o filósofo Luiz Felipe Pondé, da PUC; a educadora Rosely Sayão; Humberto  Casagrande, CEO do CIEE; o advogado José Vicente, da Universidade Zumbi dos Palmares; a empreendedora Dilma Souza Campos, de Outra Praia; e a empresária e ex-modelo Luiza Brunet.

A direção é de Adalberto Piotto.

Jan 18, 202142:58
2020: o ano que não terminou. Lições para 2021. Capítulo 1

2020: o ano que não terminou. Lições para 2021. Capítulo 1

Produção: Piotto Produções

Realização: TV CIEE

Direção: Adalberto Piotto

O intenso ano de 2020 está retratado na série documental “2020: o ano que não terminou. Lições para 2021”, produção original da Piotto Produções em parceria com a TV CIEE.

Baseada na série de entrevistas “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, concebida ainda no final de 2019 e que começou suas gravações em fevereiro de 2020, antes de todas as consequências mais graves da pandemia de Coronavírus que assolou o planeta, a série mostra o Brasil, suas intensas discussões e sua percepção de mundo durante todo o ano.

Remodelada para gravações à distância, a partir de abril, com mudanças sensíveis na captação técnica dos depoimentos, permaneceu pensando o país pelas plataformas que preservavam o distanciamento social, mas que, mesmo assim, aproximaram-nos ainda mais do debate real entre brasileiros que buscam soluções diante do momento único pelo qual a humanidade ainda atravessa.

“2020: o ano que não terminou. Lições para 2021” é uma série de recortes das entrevistas que foram ao ar, semanalmente, ao longo do ano pela TV CIEE, cujo debate natural criou uma narrativa própria ao evoluir para esta série documental de dois capítulos.

No primeiro capítulo, a política externa brasileira, a grandiosidade e a interferência das questões ambientais nas relações internacionais, o poder – ambiental, inclusive – do agronegócio ‘made in Brazil’, realidade e versões sobre o desmatamento da Amazônia, a divisão política no país, o endividamento público devido à pandemia, as propostas de financiamento e a evolução do debate e da história nacionais.

Neste capítulo, participam o pesquisador Hussein Kalout, da Universidade de Harvard; o economista Otaviano Canuto, ex-diretor do Banco Mundial; Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Defesa; o executivo Horácio Lafer Piva, do grupo Klabin; o agrônomo Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura; o economista Delfim Netto, ex-ministro do Planejamento, professor da USP e consultor; e o executivo Humberto Casagrande, CEO do CIEE.

A direção é de Adalberto Piotto.

Jan 11, 202141:17
A saga de uma apátrida: entrevista com Maha Mamo, porta-voz da campanha "I Belong" - ONU

A saga de uma apátrida: entrevista com Maha Mamo, porta-voz da campanha "I Belong" - ONU

Depois da sobrevivência, a maior saga de um ser humano deve ser o desejo inalienável de ser reconhecido como pessoa de algum lugar, ser reconhecido como nacional de algum país, ter uma nacionalidade, documentos, a cidadania mínima e necessária para poder existir num mundo que precisa saber quem você é e de onde vem para lhe abrir as portas.

Para a maioria das pessoas isso acontece logo ao nascer. Mas não é o mesmo para milhões de apátridas que, do ponto de vista legal, são apenas uma sombra com contornos humanos sem direitos naturais.

Maha Mamo, libanesa, filha de pai cristão e mãe muçulmana, teve na impossibilidade legal do casamento inter-religioso dos pais na Síria, que fugiram para o Líbano para se casar, o começo de sua história como apátrida.

Sem a condição legal de ser reconhecida como síria e nascida no Líbano, onde não existe nacionalidade por territorialidade, ela e os irmãos passaram a infância, a juventude e o começo da vida adulta como pessoas sem pátria, sem nacionalidade, sofrendo todas as dificuldades para estudar, viver e sem nenhuma possibilidade de viajar.

“Sem documentos, mesmo sendo correta, sem ter feito nada errado, eu via um carro da polícia em Beirute e ia para o lado contrário. Sem documentos, eu poderia ser presa”, disse ela, logo no início da conversa, ao contar sua história ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE.

Foi justamente o fato de o Brasil abrir as portas do país aos sírios refugiados de guerra, em 2014, o que permitiu a ela e os irmãos entrarem no país e começassem a longa jornada de serem reconhecidos como refugiados, depois o reconhecimento como apátridas, o que exigiu mudança na legislação brasileira e, finalmente, em 2018, aos 30 anos, a conquista da sua primeira nacionalidade, a nacionalidade brasileira.

Maha Mamo, que carrega uma bandeira do Brasil em torno do pescoço numa demonstração de orgulho em ser brasileira, tem formação superior, pós-graduação, fala quatro idiomas mais o português que aprendeu para conquistar a nacionalidade. No entanto, as dificuldades iniciais como refugiada num novo país e sem dominar o idioma, a levaram a distribuir panfletos, como seu primeiro emprego em Belo Horizonte, em 2014, no início da pior crise econômica doméstica da história no país, que ceifaria milhões de empregos.

Atualmente, ela é palestrante e viaja o mundo como porta-voz da campanha “I Belong”, da ONU, para conscientizar o planeta acerca dos mais de 10 milhões de pessoas apátridas que aguardam pelo direito a uma aparentemente óbvia nacionalidade, mas que a realidade mostra ser um desafio de um inestimável direito.

“Meu trabalho hoje é levar o nome do Brasil para o mundo inteiro. E a gente conseguir aplicar a lei brasileira - de refúgio e reconhecimento de apátridas como nacionais – em todos os outros países.

Dec 14, 202040:29
O voto facultativo avança no Brasil: entrevista com Antonio Lavareda, sociólogo e cientista político

O voto facultativo avança no Brasil: entrevista com Antonio Lavareda, sociólogo e cientista político

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, um dos mais sofisticados analistas de eleições e comportamento do eleitor no Brasil, faz uma leitura que destoa da análise mais comum – até simplista, por vezes - de que o elevado número de abstenções, os votos brancos e os nulos sejam apenas um desencanto com a política por parte do eleitorado.

Tome, por exemplo, que no segundo turno em São Paulo, a soma de abstenções, brancos e nulos chegou a quase 45%. No Rio de Janeiro, mais da metade: 54,35% de eleitores simplesmente disseram não a escolher um dos dois candidatos finalistas.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Lavareda abre um novo entendimento:

“O que houve no Brasil, nestes dois turnos das eleições de 2020, foi uma manifestação muito clara de que, crescentemente, o eleitor médio, em maior ou menor intensidade dependendo da cidade, adotou ‘avant la lettre’, ou seja, antes da lei, o voto facultativo. E isso eu vejo como algo extremamente positivo, ao contrário de muitos analistas. O voto é um direito. Não pode ser colocado como uma obrigação. O que facilita a vida dos políticos.”

E ele continua:

“No mundo, 85% dos países utilizam o voto facultativo. O Brasil já está passando da hora de rumar nesta mesma direção. O ‘não-voto’ tem um significado tão respeitável quanto o voto. O cidadão que é compelido a comparecer numa seção eleitoral para votar branco e nulo é, na verdade, uma abstenção”. 

Antonio Lavareda ainda fala da importância declinante dos partidos no mundo, como representação política formal dos eleitores. No Brasil, os partidos estão ainda mais enfraquecidos, algo crítico para a democracia representativa que continua negligenciado pela mídia, pelos formadores de opinião e pelas elites do país. E toma como exemplo o resultado das recentes eleições municipais:

“Quais os partidos que mais cresceram nas últimas eleições? DEM, PSB, PP. Pergunta no mesmo questionário: qual o partido de sua preferência? Nenhum destes partidos tem sequer 5% das preferências do eleitor brasileiro. Os partidos não existem na sociedade. Os partidos são fortes não pelo apoio da sociedade e sim pelo regimento do Congresso com indicação de líderes, membros de comissões, etc”.

O caso brasileiro com 28 partidos é flagrado pelo óbvio: “Este país tem 28 correntes de opinião? Não!”.

Dec 07, 202034:08
Brasil - Agronegócio altamente produtivo e sustentável: entrevista com Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

Brasil - Agronegócio altamente produtivo e sustentável: entrevista com Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

Do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, coordenador da GV Agro da Fundação Getúlio Vargas e um dos mais importantes especialistas no setor de agronegócio do Brasil:

“O etanol de cana emite 11% de Co2 que a gasolina emite. Então, uma cidade como São Paulo, que é gigantesca, está em 834º no ranking da poluição por ter uma imensa frota movida a etanol. O que o agronegócio brasileiro fez em termos de sustentabilidade é inequívoco.”

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, aproveito a deixa e pergunto ao ex-ministro se qualquer país do G7, por exemplo, tivesse desenvolvido a tecnologia do álcool combustível, com capacidade de produção de etanol como tem o Brasil, se o carro elétrico seria a coqueluche ambiental como é hoje?

“O carro elétrico polui muito pouco. É fato. Mas de onde vem a eletricidade que alimenta o carro elétrico? Na China, na Europa...vem de carvão. Portanto, é altamente poluente a cadeia produtiva. Aqui, o álcool vem da cana, a cana sequestra carbono e emite 11% do Co2 que a gasolina emite”.

Na conversa que durou pouco mais de 30 minutos, Roberto Rodrigues ainda cita a importância da China para o agronegócio brasileiro, que o país precisa aperfeiçoar sua diplomacia em virtude dos acordos comerciais e que “precisamos vender pra todo mundo”. Diz ainda que o brasileiro precisa casar com o agro, pela importância que o setor tem para a economia, e voltou a falar de questões ambientais, o barulho da vez que mistura falta de informação, ativismo controverso e interesses de concorrentes internacionais contra o Brasil.

Segundo a OCDE, em 10 anos, a produção mundial de alimentos precisa crescer 20%. Ninguém no mundo, à exceção do Brasil pode crescer tanto. E com taxas de crescimento menores em outras regiões produtores do planeta, o Brasil precisaria aumentar sua produção agropecuária em 40% para atender a segurança alimentar. E o país tem conseguido saltos de produção com respeito ao meio ambiente.

“Em 30 anos, a área plantada com grãos no Brasil cresceu 74%. Já a produção cresceu 346%. É tecnologia na veia! Para colhermos a safra que temos hoje com a produtividade de 30 anos atrás, serias necessários mais 103 milhões de hectares de área plantada. A tecnologia do agronegócio brasileiro é tão sustentável que inibiu o desmatamento de 103 milhões de hectares. Isso não é promessa ambientalista, um sonho romântico. Não! Isso já foi feito! Nenhum país fez algo tão extraordinário como o Brasil”.

Roberto Rodrigues ainda diz que a plantação de soja em área irregular é ínfima, criminosa, precisa ser punida e não tem nada a ver com o agronegócio profissional. E que queimadas e desmatamento irregulares na Amazônica, além de também serem criminosos, precisam de solução fundiária, uma questão social para preservar o produtor rural da região de aventureiros.

Por fim, diz que o agronegócio precisa se comunicar melhor e que as escolas estão formando jovens para se posicionarem contra o agronegócio do seu próprio país com informações equivocadas, por ideologia movida a desinformação.

Nov 30, 202034:14
Esporte como educação e saúde: entrevista com Lars Grael, velejador e medalhista olímpico

Esporte como educação e saúde: entrevista com Lars Grael, velejador e medalhista olímpico

Nós temos uma “fracassomania” que impera no país. Queremos mostrar o que está errado, o que parece errado, o que pode dar errado. Não mostramos virtudes. Então, à medida em que você só propaga polêmica ou informação negativa, isso contamina boa parte da sociedade brasileira e a gente passa a ter um dia a dia deprimente. Às vezes, eu faço uma espécie de detox do noticiário”.

Na entrevista, Lars reclama da necessidade do exercício da crítica consciente, que partes importantes da imprensa e da população ainda não fazem.

“Você não tem que omitir as coisas erradas que precisam mudar no país. Mas não dá pra conviver só com informação negativa.”

A resposta acima veio diretamente, embora tenha se inspirado em vários temas anteriores, da pergunta que fiz sobre a falsa polêmica da imprensa acerca dos atletas ligados e treinados nas Forças Armadas Brasileiras, que prestavam continência na hora do Hino Nacional, justamente porque haviam ganho uma medalha da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

“A relação do Ministério da Defesa, das Forças Armadas do país apoiando o esporte no Brasil é extremamente positiva. E por esta ótica nós temos que ver.”

Sobre os Jogos Olímpicos de Tokio, Lars se mostra otimista com a equipe brasileira, mas defende que esporte precisa ser, antes de tudo, uma política de estado para a educação e saúde. “As medalhas são uma consequência”.

Embaixador do Instituto Trata Brasil, dedicado a estudos e soluções de saneamento básico, Lars comemora a instituição do Marco do Saneamento Básico, recentemente aprovado pelo Congresso, mas dedica boa parte da conversa a denunciar a falta de planejamento de autoridades nas obras e a preconceitos da sociedade e da legislação quando um projeto envolve uma área de proteção ambiental.

Nov 23, 202034:40
Como financiar o desenvolvimento brasileiro: com Humberto Casagrande, Aldo Rebelo e Lorenzo Carrasco

Como financiar o desenvolvimento brasileiro: com Humberto Casagrande, Aldo Rebelo e Lorenzo Carrasco

O Brasil precisa se desenvolver, crescer, gerar emprego, renda e se financiar, seja com investimento público ou privado. E para que isso tudo aconteça, é preciso recuperar o debate qualificado que foi perdido na polarização agressiva e improdutiva que esquerda e direita protagonizam no país.

“Como financiar o desenvolvimento brasileiro” foi o debate promovido pelo CIEE e pelo Movimento Anti-reset, no dia 17 de novembro, dois dias após o primeiro turno das eleições municipais.

“Crescimento e a retomada do desenvolvimento não estão na agenda do país”, reclamou o ex-ministro da Defesa e Ciência e Tecnologia, também ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, que criticou as forças conservadoras por defenderem a agenda única contra a corrupção – “que foi meritória, necessária, mas não poderia ter sido a única”. E a esquerda, diz ele, “se esqueceu da agenda do desenvolvimento e da justiça social e da redução da desigualdade social. “E agarrou a agenda do comportamento, dos costumes. Esqueceu a agenda do desenvolvimento do país como se houvesse saída do país sem crescimento”.

O CEO do CIEE, Humberto Casagrande, que voltou a defender os “Coronabonds”, títulos especiais para financiar os gastos da pandemia do novo Coronavírus com longo prazo de pagamento, alongando parte da dívida do país, denunciou a falta de um projeto de país. “É preciso um grande entendimento nacional em torno das ideias básicas como geração de emprego, a melhoria da educação dos jovens e o crescimento econômico. Dois, três anos de crescimento fariam a dívida pública cair de forma importante”. No Brasil, a discussão das contas públicas tem preterido a do desenvolvimento que poderia reduzir o endividamento.

Lorenzo Carrasco, jornalista e escritor, finalizou dizendo: “Este é um debate inicial. Eu creio que o caminho do financiamento da infraestrutura é o caminho que já deu certo no mundo e que países estão voltando a recorrer ao modelo. A classe política e a justiça brasileiras precisam mudar a mentalidade, senão entraremos numa crise social sem precedentes. E do desenvolvimento do Brasil depende também o desenvolvimento da América do Sul”.

Nesta versão especial do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, três pensadores convidados colocaram o desenvolvimento do país no centro do debate nacional, qualificado e aprofundado. Não é comum na mídia brasileira.

Ou seja, este é um convite irrecusável para que você assista e participe do programa.

E seja bem-vindo ao Brasil que quer avançar!

Nov 19, 202001:33:41
Eleição em São Paulo - Entrevista com Bruno Covas, candidato a prefeito

Eleição em São Paulo - Entrevista com Bruno Covas, candidato a prefeito

Bruno Covas, atual prefeito de São Paulo, concorre à reeleição para a prefeitura da cidade pelo PSDB, liderando uma ampla frente de partidos.

Nesta entrevista especial ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o candidato foi convidado a falar sobre suas propostas aos jovens, a geração de oportunidades de formação e primeiro emprego para aprendizes e estagiários, levando-se em conta que, segundo o IBGE, o desemprego para a população na faixa de 16 a 25 anos é muito superior à média nacional.

Dois trechos da entrevista em destaque:

“Vamos continuar, assim que a pandemia permitir, a fazer os mutirões de emprego na cidade de São Paulo, em especial em cada canto da periferia, aproximando o local de trabalho da residência da população. E incentivar ainda mais o estágio e o aprendiz. A gente já tem, só na prefeitura de São Paulo, mais de 5 mil estagiários. Vamos ampliar isso pra chegar a 12 mil no ano que vem, pra que a gente possa ter a oportunidade do primeiro emprego.”

E diante da realidade de que muitas empresas não cumprem a lei de contratar aprendizes, o candidato à reeleição à Prefeitura de São Paulo, diz que vai continuar a premiar empresas que cumprem a cota e que incentivos fiscais só se justificam para a geração de empregos na periferia da cidade.

“Só dá pra falar em isenções tributárias, quando a gente foca no jovem de periferia. Não tem sentido a prefeitura avançar no tema isenção tributária para a abertura de empresas na Faria Lima, na Berrini, na região da Zona Oeste, na região Central da cidade.”

O primeiro turno das eleições municipais em todo o país acontece no domingo, 15 de novembro.


Nov 09, 202023:23
Precisamos das reformas no Brasil: entrevista com Luiz Felipe D'Avila, cientista político

Precisamos das reformas no Brasil: entrevista com Luiz Felipe D'Avila, cientista político

Veja o que diz o cientista político Luiz Felipe d’Avila, do Centro de Liderança Pública, sobre a conexão entre eleições municipais e as discussões no Congresso: 

“Nós precisamos ter os prefeitos se mobilizando, pressionando o Congresso Nacional a aprovar as reformas estruturantes do Estado, entre elas a Reforma Administrativa e a PEC Emergencial. Sem essas duas reformas, não há como ser um bom gestor do caixa. A despesa vai continuar crescendo mais do que a receita e os prefeitos não vão fazer nada mais que pagar a conta do setor público e terão pouquíssimo dinheiro para investimentos”. 

Diante do caixa apertado de prefeituras, de Estados e do próprio Governo Federal, Luiz Felipe diz que a crise pode ter trazido uma melhora no preconceito entre interesse público e capital privado. “A crise fez com que eles se reunissem numa grande coligação para resolver os problemas locais”. A despeito do barulho que ainda existe quando interesses meramente partidários se sobressaem, com discursos antiquados, ele insiste: “As PPPs e concessões vão continuar. E será com engajamento maior da sociedade civil entendendo que ela é, sim, responsável por ajudar a encontrar soluções para os problemas locais. Não é apenas votar e deixar tudo no colo do prefeito”. 

Neste ponto, a segurança jurídica é fundamental, mas que ele adverte: “O único jeito de desatar esse nó da recessão e do desemprego é o investimento em infraestrutura, que tem uma condição sine qua non para vir ao Brasil: é segurança jurídica. Enquanto nós não tivermos segurança sobre contratos, ninguém vai fazer investimento de longo prazo no Brasil”. 

E o Poder Judiciário, em boa parte desconectado da realidade e da necessidade nacional, é definido assim: “Hoje, um dos maiores indutores de insegurança jurídica no Brasil é o Judiciário, com decisões monocráticas, revisão de entendimento de lei.” 

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, d’Avila ainda fala da necessidade de se estabelecerem tetos para a folha de pagamentos do setor público, de métricas para medir a eficiência de serviços, sobretudo na educação e na saúde, e do próprio servidor, que deve ser premiado com salário maior por ser mais eficiente.

Nov 03, 202036:33
A história da humanidade não para: entrevista com Luiz Felipe Pondé, filósofo

A história da humanidade não para: entrevista com Luiz Felipe Pondé, filósofo

De Luiz Felipe Pondé, filósofo e um dos mais atuantes pensadores brasileiros: 

“A espécie humana tem 250 mil anos, a gente já passou por situações terríveis, e essa tendência de achar que o mundo vai acabar me parece que tem muito a ver com o narcisismo contemporâneo, de achar que nós estamos vivendo tudo pela primeira vez. E na pandemia isso foi claro”. 

E vai além: 

“Dentro da história das pandemias, essa é a mais feliz de todas. É claro que para todo mundo que morreu é uma perda absoluta e uma catástrofe. Mas do ponto de vista histórico comparativo, de todas as calamidades pandêmicas e epidêmicas, essa é a mais segura, a mais feliz, a mais organizada e, provavelmente, vamos sair mais rápido dela.” 

A perspectiva histórica que Pondé impõe sobre as coisas, resulta num referencial poderoso durante toda a entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, que começou com a pergunta sobre os incêndios em igrejas no Chile e ações de radicalismo religioso, como o recente assassinato de um professor francês por um radical que se identificou como islâmico.

“Eu não tenho dúvida que o mundo avança tecnicamente. Até agora, ele avançou. Mas não há nenhuma garantia que, daqui a mil anos, estejamos vivendo desse jeito. Não há nenhuma garantia que, daqui a 300 anos, a gente vá ter o mesmo tipo de valores circulando. A humanidade tem sido mais religiosa mais tempo do que não. Uma visão não religiosa secular aconteceu semana passada na história da humanidade. Nós somos uma espécie pré-histórica perdida no shopping center, perdida no parlamento”. 

E como lidar com o imenso volume de informação que se tornou presente em nossas vidas devido justamente a um avanço, um maior acesso à tecnologia acessível? Apesar dos ganhos de acesso à conteúdos, Pondé não tarda a falar sobre a polarização política e como temos lidado com os novos meios de debate trazidos pela internet: 

“Do ponto de vista da emissão de conteúdo, não há dúvida que isso pode fazer mal. Isso pode gerar saturação, banalização e violência como está gerando. A democracia liberal está passando por uma pressão muito grande, do ponto de vista dessa polarização infernal que a redes sociais causam. Porque as pessoas quando discutem política sempre vão pro pau. A ideia de que as pessoas discutem política, no dia a dia, para serem um eleitor crítico é quase um fetiche”.

Fazendo uso de imensa cultura analítica, Pondé ainda fala sobre o comportamento humano das novas gerações “cozidas no Facebook e no Instagram”, da lacração, da quase ausência de sensatez no uso de espaço público virtual, do jornalismo editado pelo Twitter, das empresas sob imenso escrutínio das mesmas redes sociais, de marketing digital, de pautas identitárias e, por fim, que a história da humanidade não para.

Oct 26, 202041:28
Reforma do Supremo: entrevista com Joaquim Falcão, jurista

Reforma do Supremo: entrevista com Joaquim Falcão, jurista

De Joaquim Falcão, jurista e professor da FGV Direito, no Rio de Janeiro: 

“A Constituição determina que o poder final é do Supremo e não de um ministro individualmente. Então, vamos acabar com essa história de liminares. Não tem mais liminar! O Supremo decide pelo pleno e não mais individualmente.” Na entrevista de pouco mais de meia hora ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o doutor Joaquim Falcão, autor de importantes obras literárias sobre a mais alta corte do país, vai muito além. Ele questiona diretamente o modus operandi do STF e vícios regimentais da corte. 

Não raro, o Brasil vai dormir ou acorda com uma decisão liminar de um juiz do STF que contraria o próprio Supremo. Para Falcão, isso passa em boa medida pela existência de um ministro plantonista, por exemplo, que acaba por decidir de forma precária, num feriado ou em períodos de recesso, e que amplia o ambiente de insegurança jurídica. Diz Joaquim Falcão: “um mínimo de banco de dados ou um software de análise consegue mostrar aos advogados como normalmente decide cada juiz”, o que se torna um instrumento para conseguir liminarmente uma decisão favorável ao seu cliente. “Então, você espera que aquele juiz esteja de plantão”. Falcão lembra que foi esta a prática usada durante o plantão do ministro Dias Toffoli, cujas liminares atenderam aos advogados, mas foram todas derrubadas pelos ministros relatores dos casos, posteriormente. 

Joaquim Falcão, que ocupa a cadeira número três da Academia Brasileira de Letras, também defende enfaticamente a responsabilidade de o próprio Supremo se reformar. Diz que a corte máxima não pode querer decidir tudo e que o tempo da sociedade precisa ser levado em conta para a agilização das sentenças e para evitar a insegurança jurídica. Neste ponto, ele questiona, inclusive, o tempo de permanência dos próprios ministros no STF, que podem ficar no cargo até os 75 anos de idade. Falcão defende mandatos limitados a 12 anos. E explica a razão de seu argumento: 

“Você necessita de um rejuvenescimento permanente no Supremo. E não de um envelhecimento permanente do Supremo.”

Oct 19, 202034:07
O Brasil dos jovens talentos: entrevista com Humberto Casagrande, CEO do CIEE

O Brasil dos jovens talentos: entrevista com Humberto Casagrande, CEO do CIEE

Coloque numa mesma entrevista a necessidade urgente de criar mais oportunidades de trabalho e qualificação para jovens do ensino médio, o financiamento da dívida pública para gerar condições fiscais para o financiamento de programas sociais e como retomar a economia brasileira no curto prazo com potencial claro de estender o crescimento socioeconômico no futuro.

Este poderia ser o resumo da entrevista de Humberto Casagrande ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE. Mas a ideia de incentivar o atendimento a jovens com boa formação e iniciação no mercado de trabalho, mais que um programa social, baliza toda a conversa como uma estratégia de nação.

Superintendente-Geral do Centro de Integração Empresa Escola há três anos, Casagrande fez carreira no mercado financeiro. E diz logo no início da conversa:

“Eu estou há três anos como CEO do CIEE e aprendi a eficácia disto tudo. Eu vejo nos programas de primeiro emprego, associando estudo e trabalho destes jovens, a grande solução para o Brasil. E não há, neste momento, uma parada no governo para estudar isso, o que pode ser a grande solução para os problemas sociais brasileiros”.

A observação de Casagrande parte do princípio de atender jovens, um público altamente vulnerável, com qualificação para o trabalho com início da vida profissional numa empresa. Embora leis assim já existam, como a do Aprendiz em que o próprio CIEE atua, a crise gerada pela pandemia trouxe a necessidade de uma participação mais forte do Estado, auxiliando empresas a contratarem mais jovens para amplificar o alcance do atendimento como uma estratégia de política pública de presente e futuro do país.

Tomando a iniciativa, o próprio CIEE lançou um novo programa de formação e de iniciação profissional: o “Jovem Talento CIEE”, para qualificar e empregar jovens de 16 a 24 anos do ensino médio. “Num país com 6 milhões de empresas, se 10% contratarem um jovem, seriam 600 mil novas vagas. Só o CIEE tem hoje uma fila de espera de 4,6 milhões de jovens.”

E como tudo passa pela economia, a conversa ainda versa sobre melhorar a compreensão da dívida pública, hoje o entrave para mais investimentos do governo, e como financiá-la com títulos especiais associados à crise econômica gerada pelo Coronavírus, em meio às dificuldades recentes de rolagem da dívida do país.

Oct 13, 202037:48
A sociedade em transformação: entrevista com Carlo Pereira, secretário-executivo do Pacto Global

A sociedade em transformação: entrevista com Carlo Pereira, secretário-executivo do Pacto Global

O mundo mudou para uns, avançou para outros ou está pressionado a se reinventar sob os novos valores da sociedade contemporânea?

A série de mudanças tem influenciado fortemente as ações de governos, o modus operandi nos negócios de empresas e, por fim, da relação destes com a sociedade.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Carlo Pereira, secretário-executivo da Rede Brasil Pacto Global da ONU no Brasil, que acaba de lançar a campanha #nãovolte, numa tentativa de qualificar a retomada da economia pelas empresas no pós-crise da pandemia de Coronavírus, resume em algumas frases a pressão social mobilizadora:

“O planeta já não suporta mais!” - sobre a exploração descontrolada e não sustentável de recursos naturais.

“A sociedade já não tolera mais!” - acerca da prática predatória ou omissão das empresas em questões da sociedade, exigindo delas uma atitude além-governo.

Ou ainda, “as pessoas já não se reconhecem mais nas instituições tal como elas são.” - sobre o imenso movimento de jovens empreendedores que se lançam em novos negócios e em iniciativas coletivas para a inclusão social de grupos historicamente discriminados.

O tema da sustentabilidade, ambiental e social, norteou a conversa que, como era esperado, avançou sobre a imagem do Brasil no exterior e da campanha negativa comercial contra produtos made in Brazil: “A Nature diz que só 2% das empresas rurais brasileiras têm práticas que não são sustentáveis”. Daí, diz ele que, sim, “podemos falar que o nosso agronegócio é um dos mais sustentáveis do mundo. Temos isso.”, apesar do lobby e das campanhas negativas de concorrentes no mundo. Por outro lado, “não dá pra gente omitir algumas informações ou imaginar que as coisas não são vistas”, como incêndios na floresta, num mundo não apenas globalizado como altamente conectado.

Oct 05, 202035:01
A cabeça e a alma brasileiras: entrevista com Carlos Borges, jornalista

A cabeça e a alma brasileiras: entrevista com Carlos Borges, jornalista

Carlos Borges é um jornalista que mora nos Estados Unidos há quase 30 anos. De sua casa em Fort Lauderdale, na Flórida, dirige o que pode ser considerado o mais bem-sucedido evento de promoção à cultura e de discussão de temas brasileiros no exterior, o Focus Brasil, com edições anuais em várias capitais e cidades do mundo.

Por ser voltado às comunidades locais, tornou-se um sofisticado observador da alma e da cabeça do cidadão deste país, seja um morador local ou que faça parte do grupo de mais de 4 milhões de brasileiros que, atualmente, vivem em um país estrangeiro.

É dele a frase abaixo, quando perguntado sobre a mania nacional de reclamar muito do Brasil, uma das razões para a emigração:

“O brasileiro não tem capacidade de compreender que o país é ele. O grande problema do nosso país é terem tirado a matéria de Educação Moral e Cívica do currículo. Você não aprende mais o que é país, o que é Estado. O povo não sabe qual a diferença entre Estado e governo. Não sabe nada”.

E complementa num chamamento à realidade:

“Uma nação é a soma das atitudes de cada indivíduo”.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, ele vai de Nelson Rodrigues a Ayrton Senna, do complexo de vira-latas ainda existente e da inveja do sucesso alheio ao talento nacional de fazer as coisas darem certo, de querer ser o primeiro.

“O brasileiro é um povo safo”, diz ele.

A conversa ainda passa pela percepção equivocada que se tem do migrante, do deslumbramento em morar no exterior, de segurança pública e das diferenças de opinião política entre os brasileiros legalizados e os indocumentados nos EUA, sobretudo às vésperas da próxima eleição presidencial americana.

Sep 28, 202040:43
Protagonismo social com o Brasil: entrevista com Luiza Helena Trajano, empresária

Protagonismo social com o Brasil: entrevista com Luiza Helena Trajano, empresária

“É preciso parar com o fanatismo, com a raiva. Quem te irrita, te domina. Vamos parar de ser dominados por um dos dois lados”.

O chamamento à sensatez no Brasil polarizado é de Luiza Helena Trajano, a mais atuante empresária do setor varejista que se confunde com a própria história da rede de lojas que leva seu nome, a Magazine Luiza.

Mas ela não se limita ao pedido de uma parada nos ataques mútuos, faz, com a mesma intensidade, uma conclamação à sociedade a ter pragmatismo e envolvimento na busca por soluções que resolvam de vez a vida brasileira.

Em entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, Luiza defende uma maior eficiência do setor público, uma melhor governança dos serviços ao cidadão, mas não sem antes dizer que todos os brasileiros precisam participar. “O que eu gostaria de deixar claro é que nenhum país conseguiu mudar, senão através de uma sociedade civil organizada e com propostas”.

Na conversa, ela ainda fala de política. “Eu nunca me filiei a nenhum partido, mas eu sou super política”. E divulga o grupo “Mulheres do Brasil”, cujo propósito é ser o maior grupo político e apartidário do país com atuação no “varejo”, em ações de ajuda local, e no “atacado”, no aperfeiçoamento de políticas públicas, como o SUS, as que vão alterar e melhorar a lógica brasileira no longo prazo.

Sobre a pandemia, diz que viveu um dia por vez para não sofrer, que não demitiu e já contratou novos funcionários. E e que se surpreendia em ouvir muita gente com certezas sobre os rumos de uma pandemia que pouco se conhecia.

Sep 21, 202032:04
Novos brasileiros para o Brasil: entrevista com Horácio Lafer Piva, empresário industrial

Novos brasileiros para o Brasil: entrevista com Horácio Lafer Piva, empresário industrial

“Nossa democracia é jovem, portanto, ela tropeça. Mas avança.”

A definição é de Horácio Lafer Piva, empresário industrial, acionista da Klabin, a gigante brasileira de papel e celulose. Economista de formação, foi o mais jovem presidente da Fiesp no final dos anos 90 e um executivo sempre eloquente no debate do país, definido por ele como o “que tem mais futuro que passado”.

Na longa entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, a percepção de avanço da democracia brasileira, apesar dos tropeços, se associa à compreensão melhor de nossa realidade por parte da sociedade, sobretudo a das classes mais altas.

A dura crise da pandemia de Coronavírus, que deixará sequelas na economia, é o que Lafer Piva aponta como o novo indutor de “realismo esperançoso”, desse novo entendimento dos brasileiros sobre seu papel, acerca da oportunidade e dever de se envolverem mais, de promoverem mudanças como inclusão real, de apoiar iniciativas de quem já está na luta, como organizações de educação e desenvolvimento sustentável, e de não perder a nova chance para transformar o presente e moldar o futuro pra valer.

“Eu sinto o incômodo, eu sinto a conversa com meus pares diferente. Com preocupações que antes eles não tinham. Meio ambiente? Ia parar no departamento de marketing. Era assunto de poetas verdes e veganos. Não estava na agenda. Hoje, está.”

A conversa ainda versa sobre insegurança jurídica para investimentos – “no Japão, leva 100 dias para uma sentença de 1ª instância. No Brasil, 1600 dias” – reformas constitucionais, meio ambiente, imagem do Brasil no exterior, Amazônia, polarização e medidas que estão avançando no governo e no Congresso.

Enfim, uma entrevista do tamanho do Brasil.

Sep 14, 202045:40
Violência contra a mulher: entrevista com Luiza Brunet, empresária e ativista

Violência contra a mulher: entrevista com Luiza Brunet, empresária e ativista

A Luiza Brunet, símbolo e referência da beleza miscigenada da mulher brasileira, nos anos 80 e 90, é hoje uma ativista diligente no enfrentamento da violência doméstica.  

Vítima, ela própria, de violência sexual aos 12 anos, dentro de casa, e de violência física em um relacionamento, já adulta e muito recentemente, Luiza não se abate em contar os próprios casos para encorajar outras mulheres a fazerem o mesmo, com o claro objetivo de expor uma realidade que ainda rouba infâncias e vidas adultas.  

Na entrevista ao Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE, Luiza vai além ao criticar a estratégia do combate a violência que assola mulheres.  “As campanhas de enfrentamento da violência contra as mulheres são feitas para as mulheres se protegerem da violência e não para que os homens não agridam as mulheres. O foco está completamente errado.”  

Embora reconheça a importância de uma mulher se proteger, Luiza diz que só uma campanha que enfatize a punição ao agressor pode fazer avançar a conscientização acerca deste crime. E ela ainda critica a sensação de impunidade entre homens agressores porque apenas o feminicídio, ou seja, a morte de uma mulher por agressão violenta, é punido com cadeia. Na maioria dos casos, as penas ao agressor são medidas socioeducativas ou condenação pecuniária de baixo valor, como pagamento de cestas básicas. 

Na conversa, Luiza ainda lamenta a sexualização precoce de crianças com a anuência dos próprios pais, diz que a presença de homens nos eventos em que ela debate a violência contra a mulher tem sido surpreendentemente positiva, e que sua fase ativista, neste momento, é a melhor da sua vida. E não vê incômodo algum em ser questionada, mesmo agora, sobre uma dica de beleza, “tema igualmente importante e relevante”.  

“Na pauta feminina, cabem todos os assuntos: violência doméstica, empreendedorismo feminino, beleza. A versatilidade é maravilhosa”.

Sep 07, 202036:19
O Brasil da nossa vez: entrevista com Antônio Delfim Netto, ex-ministro

O Brasil da nossa vez: entrevista com Antônio Delfim Netto, ex-ministro

“Se gastar fosse a solução, não teríamos país subdesenvolvido”.

A frase do ex-ministro Antônio Delfim Netto cabe muito bem na atualidade do Brasil deficitário com demanda por mais gastos públicos, seja pela pandemia ou pela necessidade de sempre de mais investimentos. No país que tenta destravar seu desenvolvimento com crescimento econômico muito aquém da média mundial nas últimas quatro décadas, o peso do grave problema fiscal de um Estado que foi ficando caro e ineficiente aumentou com o passar do tempo. E com risco real de aumentar mais.

Delfim Netto viveu intensamente a realidade brasileira desde o final dos anos 50. Nos governos militares, foi o poderoso ministro da área econômica, embaixador em Paris e com uma sucessão de mandatos de deputado federal, já na era da redemocratização.

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, o tema do tamanho do Estado brasileiro e sua relação com a Constituição de 1988, de alto valor na concepção de direitos, é apontada como um dos entraves para a vida do país em todos os governos posteriores. Delfim, que foi constituinte, diz que o pensamento da época levou a um engessamento dos recursos e a longos trâmites no Congresso para a aprovação de medidas, condições que limitam o poder administrativo do chefe do executivo, seja quem for, em que tempo for. Os constituintes “onipotentes” menosprezaram a capacidade administrativa dos presidentes que ainda iriam assumir o comando do país, diz ele.

Na conversa, Delfim comemora os avanços conquistados desde a época do império, sobretudo os mais recentes, com as instituições funcionando. “Do ponto de vista político, o Brasil fez o curso completo”. Mas pondera o descompasso econômico, relativiza a polarização política do país e defende a governabilidade de quem foi eleito sob a democracia, como Bolsonaro, ao rejeitar ainda qualquer possibilidade de retrocesso nas liberdades e conquistas brasileiras. “De jeito nenhum. Não há o menor risco”, enfatiza.

Aug 30, 202037:14
O conhecimento no século 21: entrevista com Carlos Furlanetti, prof. de Gestão - FIA Business School

O conhecimento no século 21: entrevista com Carlos Furlanetti, prof. de Gestão - FIA Business School

“Para quem só tem martelo, tudo é prego”.   

A conclusão com uma leve pitada de humor do professor de gestão Carlos Eduardo Furlanetti é uma provocação séria de como o conhecimento para a vida contemporânea, no século 21, requer diferentes habilidades e a necessidade de aprendê-las rapidamente.  

Professor de gestão da FIA Business School, da Fundação Instituto de Administração de São Paulo, uma das mais prestigiadas escolas de negócios do país, Furlanetti ainda pondera a certeza, ainda presente no meio das finanças, de que a racionalidade é o suficiente para a gestão, para a tomada de decisões financeiras, seja de um indivíduo ou empresa. “Cada conjunto de decisões tem vários componentes. Tem um componente que é o de preparação espiritual, de estar preparado para o mundo atual. Às vezes, você luta contra esse mundo, que é incerto e instável, e você fica sonhando com o mundo de 20, 30, 40 anos atrás. Esquece isso! Isso é só uma fonte de sofrimento para você”.  

Na entrevista ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, além de ser, como ele mesmo diz, “um cara de finanças falando de preparação emocional”, Furlanetti também discute a boa notícia do aumento de investidores na Bolsa de Valores, o que é positivo, e da busca desesperada das pessoas pelo Santo Graal no mercado de capitais, do ganho fácil e definitivo, o que é negativo, visto a necessidade de educação financeira e preparo técnico para atuar num mercado extremamente sensível e volátil.  

E que a percepção do valor da educação pode aumentar justamente devido à explicitação prática, com ganhos e perdas, da necessidade de conhecimento sobre economia, o que inclui formação geral qualificada, para lidar com um mundo onde deixar seu dinheiro parado num banco já não garante o futuro.

Aug 24, 202032:16
Educação pós-pandemia: entrevista com Rosely Sayão, psicóloga

Educação pós-pandemia: entrevista com Rosely Sayão, psicóloga

Da psicóloga Rosely Sayão ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, na TV CIEE.

“Se nunca ouviu falar de um tema, que a gente não acredite. Porque conhecimento não tem a ver com crença. Tem a ver com aprendizado e pesquisa”.

A recomendação extremamente conectada ao mundo atual de informações instantâneas da vida conectada também serve para combater a disseminação de fake news, mas foi inspirada na extensa experiência dela em acompanhar e avaliar a educação no Brasil e a relação entre pais e alunos e destes com a escola.

Uma das consultoras e palestrantes mais requisitadas do país, escritora e colunista de jornal e rádio, Rosely Sayão diz que a educação precisa ser pensada com objetivo que vá além da formação individual. “Coletivo é ganho”, diz ela.

Na entrevista, impossível não perguntar sobre que educação teremos depois da pandemia de Coronavírus, dado que a vida inteira tem se modificado com a crise sanitária pela qual passa o planeta. Entre a percepção de que temos que nos melhorar como sociedade ou a sensação de tempo perdido, o que ficou marcado?

“Neste momento, boa parte das famílias está falando do prejuízo que teve. Eu tenho ouvido pouco falar do crescimento, da maturidade, da reflexão, da autocrítica. Bem menos do que o tempo perdido”.

Aug 17, 202032:45
Realidade brasileira: entrevista com Carlos Melo, cientista político

Realidade brasileira: entrevista com Carlos Melo, cientista político

Em que país estamos vivendo?

Diante da complexidade brasileira, a pergunta sugere uma resposta com análises aprofundada, sob vários pontos de vista, históricos, inclusive.

Mas para o cientista político Carlos Melo, uma ponderação inicial é necessária antes que corramos o velho risco nacional de autojulgamentos severos demais.

“Em primeiro lugar, nós estamos vivendo em um país que faz parte de um mundo já muito confuso. O Brasil tem problemas sérios, problemas que fazem parte de suas escolhas erradas. Mas é necessário, antes de tudo, compreender que o mundo que nós vivemos é um mundo muito mais complicado do que há 10, 20 anos.”

A crise de liderança abrangente que acomete governos e sociedades pelo mundo não poupa o Brasil e é uma das causas dessa sensação de desalento e de uma percepção de maior dificuldade contemporânea que sentimos, diz ele.

Mas se por um lado as escolhas brasileiras precisam ser acertadas para avançarmos – e isso é urgente, temos igualmente visto surgir novos prefeitos e governadores que podem, apesar de ainda não terem grande expressão nacional, liderar os esperados novos tempos.

Entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, o professor Carlos Melo faz também uma leitura mais apurada do papel de parte das elites brasileiras, ao dizer que elas têm sido responsáveis por ofertar os pesos e contrapesos que conseguiram, até o momento, inviabilizar excessos que poderiam nos levar a decisões extremadas, em diferentes poderes de diferentes momentos nas últimas décadas, apesar do desafio constante e de estarmos longe de uma estabilidade.

E na metade do copo cheio da realidade brasileira, ministros técnicos, mesmo sendo de governos com excesso de protagonismo, têm mantido os projetos de Estado com visão de futuro diante de mandatários passageiros dados a imediatismos.

Aug 10, 202036:11
Inovação e educação: entrevista com Silvio Meira, cientista

Inovação e educação: entrevista com Silvio Meira, cientista

“Vivemos um apocalipse digital. Foram 25 anos em algumas semanas”.

A constatação acima é do cientista Silvio Meira sobre as transformações que a pandemia do novo Coronavírus trouxe com a necessidade urgente de digitalização da economia e de muitas atividades cotidianas, em virtude do distanciamento social.

“As pessoas passaram a usar numa escala impensada as tecnologias e serviços que já estavam aí. A rede brasileira de internet teve um aumento de 30% no tráfego a partir de 15 de março.”

Para ele, o momento, além dos desafios sanitários e econômicos, a atual crise também abriu uma enorme oportunidade de nos entendermos como sociedade e reavaliarmos nossas prioridades e métodos. A discussão leva necessariamente aos meios de acesso e objetivos da educação brasileira.

“Quando a gente combina eficácia com eficiência a gente tem efetividade. A educação brasileira tem pouca efetividade. A gente não prepara as pessoas para alguma coisa, para o futuro.”

A crítica vem sobre a lógica da maioria esmagadora das escolas de ensino médio que prepara os alunos para, no máximo, entrar na faculdade, neste histórico da sociedade do país de dar menor valor à formação técnica em idade escolar. E a universidade convive com o distanciamento entre gerar diplomas e alunos com reais habilidades pessoais e profissionais.

Silvio Meira, entrevistado do Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, é cientista, criador do Porto Digital em Recife, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco e conselheiro de empresas e instituições de ensino e pesquisa.

Aug 03, 202034:40
Inclusão e equidade: entrevista com Dilma Souza Campos, empreendedora

Inclusão e equidade: entrevista com Dilma Souza Campos, empreendedora

“As discussões precisam acrescentar, senão é um retrocesso. É preciso abrir o diálogo. É preciso escutar e depois falar”.

A frase acima é logo o início da resposta de Dilma Souza Campos à pergunta sobre as recentes discussões de racismo que, recentemente, ganharam espaço maior no mundo todo, em alguns casos com extremo radicalismo.

Dilma é bailarina e atriz que fez carreira como uma das passarinhas do premiado programa infantil da TV Cultura Castelo Rá-tim-bum. Hoje, é uma empreendedora com a empresa “Outra Praia”, um negócio que ela criou de live marketing e experiência com marcas, que, por normalmente ter de reunir pessoas num mesmo espaço para a experimentação do produto, teve de se reinventar na pandemia.

Consultora de empresas para ações de diversidade e inclusão, ela diz que os dois temas são apenas o começo de um processo de avanço social no tema. “Diversidade é um número. Inclusão é uma mudança de mentalidade. Mas é a equidade no tratamento das pessoas o que promove acesso real de quem não fazia parte da ascensão socioeconômica desejada por todo mundo”.

Dilma Souza Campos é a entrevistada do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, desta semana, e fala ainda de educação básica, de mudança comportamental, de viés inconsciente sobre o preconceito e de buscar avanços com o diálogo.

Jul 27, 202033:18
A importância do SUS: entrevista com Cláudio Lacerda, médico-cirurgião

A importância do SUS: entrevista com Cláudio Lacerda, médico-cirurgião

Sobre o Brasil que dá muito certo e insiste com o país, o médico hepatologista e cirurgião Cláudio Lacerda diz o seguinte:

“Se existe uma coisa que pode ser um dos grandes orgulhos de nossa nação é o transplante de órgãos, feito gratuitamente pelo SUS para toda a população.”

E ele complementa:

“É um exemplo de eficiência. O Brasil tem o maior programa de transplantes de órgãos do mundo. É sério e um exemplo para todas as outras áreas do país”.

Cláudio Lacerda, entrevistado do Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, é um ex-aluno do pioneiro de transplantes de fígado no Brasil, o doutor Silvano Raia, e criou com excelência o serviço no nordeste do país, em Recife, onde chefia a unidade de transplante de fígado de Pernambuco.

Crítico da falta de debate sobre a forma como foi implementado o isolamento social no Brasil, diante da pandemia de coronavírus, o doutor Cláudio Lacerda diz que a suspensão de outros atendimentos médicos foi trágica.

“Quantos pacientes nestes três, quatro meses tinham tumores iniciais tratáveis, curáveis com uma intervenção. Hoje, eles estão cheios de metástases não mais tratáveis. Esses pacientes perderam a oportunidade.”

E reclama do papel da cobertura jornalística: “Você não ouvia a imprensa hegemônica falar nisso. Ela falava unicamente do Covid com uma visão aterrorizante. Não colocavam as pessoas que pensavam de uma maneira diferente”.

E diz que a resposta para a hidroxicloroquina não foi respondida pela ciência por causa de contaminação ideológica no debate.

Jul 20, 202033:46
Reforma tributária: entrevista com Roberto Quiroga Mosquera, advogado tributarista

Reforma tributária: entrevista com Roberto Quiroga Mosquera, advogado tributarista

Que se comece a reforma tributária!

Apesar das dificuldades fiscais aumentadas pelos custos da pandemia, o que acirra ainda mais o debate, é preciso simplificar o emaranhado tributário do país, chamado recentemente pelo ministro Paulo Guedes de “manicômio tributário”.

Roberto Quiroga Mosquera, advogado tributarista, professor na Universidade de São Paulo e na Fundação Getúlio Vargas, e entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, reconhece a dificuldade do tema, mas crê que se abriu uma janela de oportunidade com um governo e Congresso de postura reformista.

“Falar em reforma tributária é você mexer com dinheiro da União, dos Estados e Municípios. Isso faz com que haja uma grande resistência dos políticos. Mas pela primeira vez estou sentindo uma janela de oportunidade para efetivamente se fazer uma reforma tributária com grande apoio no Congresso”.

Entre polêmicas e consensos, ele diz que a simplificação é o que une todos os lados.

Mas os desafios são grandes e passam por criar uma estrutura simplificada que facilite e aumente os investimentos do setor privado, o que traria desenvolvimento econômico, e crie senso de justiça social com o país caminhando para um sistema de arrecadação progressivo, de quem recebe mais, paga mais.

Jul 13, 202031:38
Emprego e trabalho: entrevista com José Pastore, sociólogo

Emprego e trabalho: entrevista com José Pastore, sociólogo

Principal referência em estudos de emprego e trabalho no país, o sociólogo e professor José Pastore diz não ter dúvidas sobre o quanto a reforma trabalhista, de 2017, foi fundamental para enfrentarmos este momento de pandemia.

“Foi graças à criação de várias modalidades de contratação que o governo, este ano, pode agilizar medidas emergenciais para acudir aqueles que perdem o emprego. Aquela reforma é realmente o alicerce do que está sendo feito este ano. Sem aquela reforma, nós estaríamos muito piores na área do trabalho.”

A lógica da modernização de legislações e de nossa compreensão dos novos tempos se mostra ainda mais importante nos dias de hoje.

A intensa discussão sobre os trabalhos por aplicativos, como serviços de entrega e transporte, não pode ser resumida a um simplismo de análise.

José Pastore diz que por serem modalidades novas, vai se encontrar nelas tanto o trabalho precário como o trabalho promissor. “Há pessoas realizadas pela independência na relação da prestação de serviço, outras estão por força das circunstâncias.” O trabalho precário existe até em contratos convencionais pela CLT, citando o caso de médicos, por exemplo, que trabalham, às vezes, em três hospitais, todos com carteira assinada. “Quer maior precariedade do que o sujeito trabalhar 16, 18 horas por dia?”

A conversa ainda versa sobre a necessidade de coesão social para a economia funcionar, a peculiaridade desta crise econômica vir de uma questão sanitária de proporções inéditas, sobre mobilidade social ascendente e descendente e que o tamanho do Estado não importa. “Tem de ser eficiente”.

Jul 06, 202031:04
Racismo: entrevista com José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares

Racismo: entrevista com José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares

Por que ainda discutimos racismo em pleno século 21?

A pergunta foi feita ao professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, entrevistado do Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE.

E ele responde:

“Talvez pela limitação humana de poder avançar para além de suas potencialidades”.

E ele complementa falando da necessidade de transformação do indivíduo, inclusive espiritual, para liberar as amarras que nos impedem de progredir como sociedade, dar um “salto civilizatório” para superar as contradições e agressões à civilidade, dadas pelo racismo, que impactam inclusive a forma de contratar profissionais e impedir o acesso de negros a postos de comando ou de decisão em empresas. A falta de diversidade em cadeias de comando, sobretudo na comunicação, tem gerado transtornos às marcas, vítimas do que ele classifica de “postura intelectual do atraso”, um “racismo anuançado”.

José Vicente volta a citar Martin Luther King, Nelson Mandela e o Mahatma Gandhi para se opor à violência nas manifestações recentes e defender o diálogo.

A conversa ainda versa sobre as escolhas equivocadas de valores e a dubiedade da sociedade brasileira na educação básica, mas que a mudança, em tudo, pode ser conquistada com a verdade e o desejo real por querer fazer diferente e melhor.

Jun 29, 202031:27
O impacto da pandemia na mente: entrevista com Jorge Forbes, médico psiquiatra

O impacto da pandemia na mente: entrevista com Jorge Forbes, médico psiquiatra

A busca por respostas num tempo de questionamento sobre o presente e o futuro, em virtude da transformação que a pandemia do novo Coronavírus trouxe ao mundo, nos leva a Jorge Forbes, renomado psicanalista e médico psiquiatra brasileiro.

Entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE, ele diz que a humanidade aprendeu com o vírus, o “elemento intangível do qual pouco sabemos” que questionou nossas certezas de que poderíamos estar no controle sobre todas as dificuldades.

“Fomos vigorosamente sacudidos em nossas certezas científicas, religiosas, éticas e morais.”

Para ele, a pandemia inaugura uma nova época, a interdependência de todas as pessoas. Transformamo-nos numa sociedade horizontal.

“O principal elemento dessa nova era será a horizontalização do lado social que não quer dizer que somos todos iguais. Não! Quer dizer que temos de aprender que todos somos diferentes. É o direito a ser diferente. E temos de suportar a diferença do outro.”

Numa análise dedicada ao Brasil, mais uma vez polarizado politicamente, mesmo sob a pandemia, ele diz que somos um povo que admite mais a contradição.

“Eu acredito que o brasileiro está mais pronto que outros povos a conviver com a multiplicidade de verdades que nossa era exige. Então, neste caso, eu acho que nós responderemos com menos agressividade às disparidades diante do isolamento social ou abertura da economia.”

A conversa ainda passa pelo fenômeno do revisionismo histórico, preconceito, ciência, política e políticos, sobre a qualidade do jornalismo brasileiro em momentos de tragédia social e que muita informação provoca estresse e até depressão.

Jun 22, 202035:26
Política externa em risco: entrevista com Hussein Ali Kalout, pesquisador na Universidade Harvard

Política externa em risco: entrevista com Hussein Ali Kalout, pesquisador na Universidade Harvard

De Hussein Ali Kalout, professor e pesquisador na universidade Harvard:

“Não dá para reescrever a história com as cores ideológicas que te agradam.”

Cientista Político e ex-Secretário de Assuntos Estratégicos durante o governo de Michel Temer, Hussein discute a política externa brasileira do governo atual – e também nossas escolhas ou a falta delas no passado – neste capítulo do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, com uma ponderação sobre o necessário apreço pela história:

“Política externa não se faz do peito e na raça. Política externa não se inventa a partir do marco zero. Logo que o governo assumiu, o ministro de Relações Exteriores - ou a equipe que cuida da política externa - convencionou o entendimento de que tudo o que foi feito do Barão do Rio Branco em diante está errado”.

Defendendo a história da diplomacia brasileira, sem deixar de ser crítico a ela, Hussein diz até compreender a escolha do atual governo pelo alinhamento automático com os Estados Unidos, mas observa que o atual alinhamento avançou os limites do jogo diplomático e da preservação da soberania, tornando o Brasil uma engrenagem da política externa de outro país. “Gera uma relação de dependência”, adverte ele.

A ausência das elites brasileiras e das universidades brasileiras em pesquisa e na formulação da política externa do país por travas ideológicas ou desinteresse, além dos desafios educacionais que poderiam fazer do Brasil uma potência, também são assuntos deste Pensando o Brasil, parceria da Piotto Produções com a TV CIEE.

Jun 15, 202034:38
Desafios para a retomada econômica: entrevista com Marco Bertaiolli, deputado - PSD

Desafios para a retomada econômica: entrevista com Marco Bertaiolli, deputado - PSD

No momento em que o Brasil começa a colocar em prática planos de abertura das cidades, depois de meses de confinamento, o desafio do país para superar os efeitos da pandemia de Coronavírus já tem os primeiros números do impacto econômico. 

Segundo o deputado Marco Bertaiolli, do PSD, ex-prefeito da cidade de Mogi das Cruzes, na grande São Paulo, entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto, pela TV CIEE, o custo das medidas de mitigação já se aproximam da economia gerada com a reforma da Previdência, de pouco mais de R$ 800 bilhões em 10 anos.

 “Tudo aquilo que foi trabalhado no ano de 2019 inteiro, o Brasil consome nestes 3 meses de pandemia para minimizar os efeitos na economia em ajuda a estados, municípios, empresas e trabalhadores”. 

O desafio econômico gera a necessidade ainda maior de se promover a retomada econômica, incrementar a geração de empregos, como a criação de vagas para aprendizes, cuja lei do ano de 2000 sofreu tantas interpretações diferentes ao longo do tempo que, hoje, são fonte de insegurança jurídica para as empresas na hora de calcular a cota de contratação obrigatória: “Esse cálculo é tão complexo que se precisa contratar um contador”. 

8A desburocratização da lei, a simplificação das normas, “Fake News” e ausência de um discurso único sobre o Coronavírus, para informar melhor a população, são alguns dos outros assuntos da entrevista.

Jun 02, 202031:32
"Polarização política X Economia": entrevista com Otaviano Canuto, ex-diretor do Banco Mundial.

"Polarização política X Economia": entrevista com Otaviano Canuto, ex-diretor do Banco Mundial.

A polarização da política brasileira está no radar dos investidores do mundo todo. Quem assegura é Otaviano Canuto, ex-diretor do Banco Mundial e do FMI, entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, pela TV CIEE, que diz perceber com surpresa o tamanho da atenção que o mundo econômico privado tem dedicado ao país: “E, agora, o interessante é que os investidores acompanham com um grau de detalhe a política brasileira que eu nunca vi no passado.” Na entrevista, ele enfatiza que a “violência do radicalismo político” tem consequências drásticas na economia do país e que mexe com a avaliação de risco dos investidores porque passa a imagem de insegurança. Se por um lado, ele elogia a insistência do governo em manter a lógica de responsabilidade fiscal, apesar do aumento da dívida pública brasileira com os gastos para conter a epidemia e reativar a economia, um efeito colateral sobre as contas de governos do mundo todo, ele critica a escolha de um alinhamento diplomático-ideológico na guerra comercial entre Estados Unidos e China. “A estupidez brasileira é achar que a gente pode se dar bem tomando partido nisso”. Otaviano Canuto fala ainda das dificuldades da globalização e do aumento do protecionismo comercial no mundo pós-pandemia e dos desafios da humanidade para a recuperação da normalidade da vida no planeta.

May 27, 202037:33
Políticas culturais: entrevista com Alfredo Bertini, economista e produtor cultural

Políticas culturais: entrevista com Alfredo Bertini, economista e produtor cultural

No Brasil do dinheiro público curto, as leis de incentivo à cultura, que permitem renúncia fiscal de empresas, foram alvejadas por críticas. É um dos assuntos que mais geram polêmica nas redes sociais. A lei Rouanet, a mais conhecida delas, é tema de conflitos sem fim.  

Alfredo Bertini, ex-Secretário do Audiovisual na gestão do presidente Michel Temer, expõe os dois lados de um dos assuntos mais mal compreendidos no país: 

“Muita gente olha para a Cultura como aquela coisa da marginalidade, que não é prioritária, porque elas não enxergam essa percepção econômica. Só o audiovisual gera 200 mil empregos em televisão, cinema, streaming. É semelhante à indústria têxtil como participação do PIB”.  

E reconhece que, apesar de ter sido previsto que as leis de renúncia fiscal eram apenas um incentivo para que a Cultura se transformasse numa indústria, o setor não foi para esse caminho, o que estabeleceu um conflito com a opinião pública e o atual governo com visão liberal na economia:

“A visão das pessoas que fazem a Cultura é uma visão estática. É uma visão de que a mão do Estado tem de ser permanente”.  

A entrevista de Alfredo Bertini ao “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, na TV CIEE, avança na discussão da Cultura que foi tomada por radicais do Brasil polarizado.

May 18, 202034:44
Economia e produtividade: entrevista com Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset

Economia e produtividade: entrevista com Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset

O Brasil altamente partidarizado, com frequente barulho político maior do que o assunto em si, bate de frente com a economia que precisa crescer. 

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em São Paulo, é o convidado de Adalberto Piotto no “Pensando o Brasil” e aponta que a análise econômica no país ficou ainda mais desafiadora.  

“Nós estamos passando por um processo de polarização que atingiu a imprensa. Infelizmente. E daí, o nosso filtro em relação ao que a gente recebe da imprensa tem sido muito maior.”  

E ele continua na crítica:  

“Cobra-se muito de nós analistas uma posição política. O analista não pode ser ideologizado”.  

A conversa sobre o presente e o futuro do Brasil ainda inclui a China, a participação dos pais na vida do filho na escola, educação para o trabalho, eficiência, produtividade, política e, sim, sobre os novos “traders” no mundo cada vez mais popular dos investimentos.

May 11, 202038:40
Saneamento básico: entrevista com Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil

Saneamento básico: entrevista com Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil

O que é básico nós temos? E o que o básico todos nós entendemos? Nem sempre.  

O saneamento básico, um serviço de saúde elementar, por exemplo, ainda é deficiente e mal compreendido no país, apesar dos avanços recentes. 

Entrevistado do “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, conta que as primeiras pesquisas sobre o tema, pouco mais de 10 anos atrás, revelaram a completa desconexão dos brasileiros em relação ao básico sobre coleta e tratamento de esgotos:  

“As pessoas não entendiam a ligação do esgoto e o rio. Só aperta a descarga e vai. Mas vai pra onde? Não sei! Ou vai para um córrego, o rio dilui. Joga no rio e o rio dilui, a natureza dá conta.” Não dá mais.  

Com rios poluídos e praias impróprias para banhos por esgotos despejados sem tratamento nos mananciais, a situação começou a chamar a atenção.  

E o desafio é igualmente básico: temos de nos envolver com o tema, coletar e tratar o esgoto para preservar a saúde das pessoas.

May 04, 202033:30
Os rumos da democracia: entrevista com Joaquim Francisco Cavalcanti, ex-governador de Pernambuco

Os rumos da democracia: entrevista com Joaquim Francisco Cavalcanti, ex-governador de Pernambuco

Em tempos de judicialização da política, de invasão de prerrogativas de um poder da república sobre o outro, o tempo no Brasil não para e não é, necessariamente, um avanço. Frequentemente, muita coisa do nosso próprio passado volta a nos atormentar.  

No “Pensando o Brasil com Adalberto Piotto”, que recebe o ex-governador de Pernambuco Joaquim Francisco Cavalcanti, ele faz uma observação reveladora do nosso tempo:  

“Estamos em 2020 e voltando a discutir reforma política. Que foi feita! Nós aprovamos a cláusula de barreira para conter o número exagerado de partidos. E o Supremo Tribunal Federal barrou a decisão do Congresso. Olha aí uma má decisão do Supremo que não pode ocorrer mais. Interferência de competências. Equilíbrio não é isso!”  

Deputado constituinte, ex-prefeito do Recife e presidente do Instituto Teotônio Vilela em Pernambuco, ele também comenta o excesso de protagonismo nos três poderes, da cobertura dos fatos políticos pela mídia convencional e pelas redes sociais e a crise de representatividade no Brasil.

Apr 27, 202032:35
Cidadania e mobilidade: entrevista com José Police Neto, vereador por São Paulo

Cidadania e mobilidade: entrevista com José Police Neto, vereador por São Paulo

Na era da informação imediata, do recorde de acessos às plataformas digitais de veículos da mídia tradicional, em meio ao confinamento de pessoas pela crise de Coronavírus, da temperatura alta das redes sociais, do ser contra ou a favor de tudo buscando uma solução, o ativista de políticas públicas José Police Neto questiona a imparcialidade.  

Vereador por São Paulo e ex-presidente da Câmara, ele diz:  

“Ser imparcial não é não ter posição”. E vai além: “O fato de eu ser imparcial não me tira a responsabilidade de ter posição”.  

Police Neto é o entrevistado de Adalberto Piotto na série “Pensando o Brasil” e fala sobre as relações do setor privado com os governos, da diferença do tempo do parlamento e da economia para as reformas estruturais, produtividade, eficiência, acessibilidade, qualidade de vida nas cidades e, sim, do ambiente político conturbado e ainda mais difícil dos tempos atuais.

Apr 20, 202041:28
O valor da comunicação: entrevista com Luciano Pires, podcaster

O valor da comunicação: entrevista com Luciano Pires, podcaster

No Pensando o Brasil, Adalberto Piotto abre espaço para a discussão do mundo das redes sociais, que nos afeta diariamente e que o Luciano Pires, um criador de debates reais para provocar avanço, diz:  

“Esses dois extremos, eles não podem dominar o debate.  O que está acontecendo hoje é que eles estão dominando. E a maioria que está ali, que é gente sensata, que tá ali, olha para aquilo, vê todo mundo se estapeando, ninguém escuta o que eu falo, porque estão gritando demais, eu não consigo levar adiante a discussão...e a mídia dá espaço pra eles, põe a câmera e o microfone neles e eles ocupam todo o espaço.”  

“Falta editor”, diz ele, o que era comum na mídia convencional no passado. “Havia uma ética que foi derrubada”.  

Luciano é podcaster, um executivo da indústria automotiva que empreendeu justamente no ambiente das discussões e relações humanas. Se o ser humano é o vetor de mudança, o recurso maior, é esse o público e a discussão que interessam e têm espaço nas várias plataformas de internet que Luciano conduz.  

E se ele critica o momento atual, diz também que há esperanças de uma melhora pelo avanço geracional com a chegada dos millennials que, se também gritam por um lado, cobram e começam a praticar um maior respeito coletivo.

Apr 13, 202034:33
Educação e Inovação: entrevista com Guto Ferreira, analista político-econômico

Educação e Inovação: entrevista com Guto Ferreira, analista político-econômico

"A educação tem de ser a busca por resultado sem ideologia". 

A frase é de Guto Ferreira, analista político-econômico, o primeiro entrevistado da série "Pensando o Brasil", sobre realidade brasileira, criada e dirigida pelo jornalista e documentarista Adalberto Piotto em parceria com o CIEE, em São Paulo.  

Com recente passagem pela presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Guto Ferreira é um defensor da inovação da educação que precisa ser voltada à eficiência, "sob pena de perdermos a próxima massa de desenvolvimento econômico dos próximos 20 anos".  

Na conversa, ele questiona os atuais modelos e diz que é preciso perceber que os centennials e millenials, os jovens de hoje, têm diferentes necessidades. "Tudo o que não é tecnológico eles têm dificuldades de lidar", o que pode ser um problema e uma oportunidade.

Apr 06, 202033:22