
O Poema Ensina a Cair
By Raquel Marinho
Acreditamos que “O Poema Ensina a Cair”, como diz Luiza Neto Jorge, verso que usamos para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho.

O Poema Ensina a Cair May 21, 2023

Manel Cruz

Guilhermina Gomes
A nossa convidada de hoje é a editora Guilhermina Gomes, nome que associamos desde logo à edição do Círculo de Leitores, mas também ao catálogo da Temas e Debates. História, ensaio, literatura tradicional, ciência, política, filosofia, neurociência, psicologia ou arte, são alguns dos temas a que se vem dedicando ao longo de quase 40 anos, na esperança de que os livros que publica acabem por encontrar os seus leitores.
A condição de leitora será, nas suas palavras, a sua parte mais importante, e também uma das mais precoces. Nasceu em 1952, no Seixal, Foros de Amora, numa família de contadores de histórias, lendas e fábulas. O pai coleccionava lendas que o jornal “O Século” organizava em cadernetas, a avó e o avô contavam histórias em família. Quis o destino que padecesse de várias doenças que as crianças têm – uma ou duas por ano - e que, portanto, durante a infância ficasse de cama várias temporadas. Horas aproveitadas a ler e a escutar as histórias que lhe contavam. Disse numa entrevista “era tanta história, tanta viagem, que eu, obviamente, tinha de ficar uma grande leitora”.
No catálogo que publicou contam-se obras muito importantes da cultura portuguesa, "História de Portugal", de José Mattoso é um exemplo, mas também a obra completa de Padre António Vieira (em 30 volumes), ou os "Contos de Grimm".

Carminho
ser quando fosse grande decidiu ir estudar marketing e publicidade. Terminou o curso, percebeu que não era bem aquilo, e foi dar a volta ao mundo ao longo de 1 ano. Dessa viagem grande vem a decisão de mudar o seu destino . Estava dentro do avião de regresso a Lisboa quando decidiu que queria cantar, arriscar cantar, e foi o melhor que fez.
Estreou-se com o disco "Fado", em 2009. Passaram 14 anos e acaba de lançar o sexto chamado “Portuguesa”. Pelo caminho, vários trabalhos de consolidação de um talento português, sim, mas sem medo de abrir horizontes além-fronteiras.

Frei Bento Domingues
Aos 13 anos decidiu que o caminho seria o do serviço aos outros através da religião por causa de um padre brasileiro a viver em França que estava de férias em Portugal, e que fazia pregações cheias de parábolas sobre as pessoas do campo mas, sobretudo, cheias de alegria. Uma proposta diferente da que o nosso convidado conhecia, já que cresceu num ambiente em que predominava a religião do medo.
O medo é precisamente aquilo que Frei Bento Domingues recusa na relação de qualquer ser humano com Deus ou com a religião e será essa uma das suas bandeiras. Volto a citá-lo quando diz “eu não admito que se assuste ninguém. Para mim a religião é a alegria.”

A. M. Pires Cabral
António Manuel Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. Foi lá que fez a instrução primária, para depois frequentar em Coimbra o curso complementar dos liceus e, de seguida, a Faculdade de Letras, onde se licenciou em Filologia Germânica.
Foi professor em Macedo de Cavaleiros, Bragança, Porto, Torre de Moncorvo, mas viria a mudar-se para Vila Real depois da revolução de 1974, e foi essa a cidade onde ficou até hoje, e onde estamos hoje. Fala de Vila Real de Trás os Montes como a terra a quem deve tudo, e também, talvez a poesia que vem escrevendo, desde que publicou o primeiro livro quando tinha 33 anos.
Além do ensino, A. M. Pires Cabral, nome usado para assinar os livros, trabalhou no Pelouro da Cultura de Vila Real e no Grémio Literário da mesma cidade. A par destas atividades, escreveu e publicou muitos livros de poesia, romance, conto e teatro, e foi responsável por um dicionário de regionalismos de trás os montes e alto douro, um projeto que leva muitos anos de trabalho e que o enche de orgulho. Além dos muitos prémios literários, do seu percurso destaca-se também a organização das Jornadas Camilianas. Disse-me, numa ocasião em que conversámos há uns anos, que a poesia serve para apaziguar sem anestesiar.

Maria João
A resistência da infância aos abusos verbais dos colegas deu lugar a uma rebeldia adolescente, que a levou a ser expulsa ou convidada a sair de 5 colégios. Disse em várias entrevistas, referindo-se às dores de cabeça que provocava em casa: “minha pobre mãe”. A mesma mãe, que decidiu tentar o desporto para aquietar a filha. Primeiro natação, depois Yoga, Judo e Karaté, e só depois Aikido – que acabou por revelar-se transformador. Além de lhe trazer disciplina, valeu-lhe um cinturão negro, muito orgulho, e uma outra perspectiva sobre o que é ter regras e fazer simultaneamente conquistas. Além disso, reconhece, ajuda-a a cantar, porque trabalha o diafragma.
Nunca lhe ocorreu fazer da voz o instrumento da sua profissão. Um dia, num balneário de uma escola de natação, começou a cantar com uma colega cantora de ópera chamada Cândida, e teve noção da sua amplitude vocal. Uns anos mais tarde, aos 26 anos, entrou para a escola do Hot, e a partir daí o percurso de Maria João é o que sabemos. Muitos discos, muitos palcos em Portugal e fora, diferentes ambientes musicais, sempre a mesma liberdade e a mesma vontade de experimentar e improvisar.

Leituras: Diego Doncel
Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Em Nenhum Paraíso, tradução e introdução de Joaquim Manuel Magalhães, edição Averno

Rui Zink
Rui Zink nasceu em Lisboa, em 1961, e cresceu na zona do Martim Moniz. Foi a partir dali que começou a conhecer o mundo e disse numa entrevista que os locais são as nossas âncoras e que, portanto, uma das suas ancoras está associada ao início do país. Conhecemo-lo sobretudo como escritor, mas é muitas outras coisas: professor universitário, dramaturgo, comentador, colaborador de jornais e revistas, argumentista de BD – escreveu, de resto, a primeira tese de doutoramento sobre Banda Desenhada em Portugal. Queria ser escritor desde os 16 anos, e aos 18 escreveu o primeiro romance. Chamava-se Maionese Fatal, nunca foi publicado. Em 1986 publicou o primeiro livro, Hotel Lusitano, “uma sensação magnífica, de embriaguez". Uma das suas palavras preferidas é a palavra “atenção”, e disse em entrevistas anteriores que o seu método criativo é, precisamente, estar o mais possível atento. Mas, na opinião de Rui Zink, para escrever é preciso mais do que isso, nomeadamente ler e ler muito. Volto a citá-lo: “Um escritor que não tenha uma biblioteca dentro da cabeça, obviamente que é meio escritor apenas”. Tem muitos livros publicados, de ficção, banda desenhada, ensaio, crónica, teatro e ópera, e vários prémios literários, entre os quais o Prémio PEN Club Português de Novelística pela novela Dádiva divina, em 2004. Disse, há alguns anos, numa mesa das Correntes d´Escrita da Póvoa de Varzim, uma frase que me parece um bom pontapé de saída para esta conversa: "Brincar é a religião suprema, a forma mais séria de viver."

Tatiana Faia
Classicista por opção e, arriscaria eu dizer, também paixão, é doutorada em Literatura Grega Antiga com uma tese sobre a Ilíada de Homero. Ensinou literatura lusófona na Universidade de Cambridge e, intermitentemente, estudou teatro grego e Kavafis em Atenas.
A tradução é outra das suas ocupações – de resto, teve a gentileza de traduzir também para esta conversa. Traduziu Homero, Fílon de Alexandria, Anne Carson e Herman Melville.
É uma das editoras da revista Enfermaria 6 ao lado de João Coles, José Pedro Moreira e Victor Gonçalves, um projecto onde encontramos amiúde traduções de poesia, reflexões e textos sobre livros, e que faz também edição.
Quando pensamos na geografia de Tatiana Faia pensamos no Reino Unido, onde escolheu viver, mas também em Itália e na Grécia, países a que regressa sempre, seja fisicamente seja nas leituras.
Em 2019 venceu o Prémio Pen de Poesia com “Um Quarto em Atenas”, edição Tinta da China.
Acredita que a poesia deveria fazer parte da educação de toda a gente.

Lídia Jorge
Lídia Jorge nasceu em Junho de 1946, em Boliqueime. Cresceu numa casa onde as pessoas gostavam de ler e de contar histórias em família: ambos os exemplos terão contribuído para se tornar escritora.
Licenciou-se em Filologia Românica, um curso superior apenas possível devido a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Nas palavras de Lídia, esta oportunidade foi tão importante que construiu a sua vida.
Estreou-se a publicar em 1980 com o romance “O Dia dos Prodígios”, já depois de regressar de África, onde passou alguns anos a leccionar. Precisou de muito tempo para assimilar esta experiência, de ver matar e morrer, da condição humana desprovida de valores fundamentais, da desinteligência.
Desde esse primeiro livro, publicou muitos outros, de romance, conto e poesia, e foi amplamente premiada em Portugal e no estrangeiro.
Acaba de lançar Misericórdia, um livro que responde “sim” a um pedido de sua mãe, que morreu em 2020 numa instituição de solidariedade social no Algarve, vítima de covid 19.

Tó Trips
Conhecemo-lo por Tó Trips, mas chama-se António Manuel Antunes. Nasceu em Lisboa, em 1966, e passou a infância entre o bairro de Benfica, em Lisboa, e a Covilhã, terra da mãe, local eleito para as férias grandes. O primeiro contacto com a guitarra foi lá, quando experimentou sacar as notas de Smoke on the Water, dos Deep Purple, de uma guitarra emprestada por um tio. Depois, pela adolescência, começou a frequentar o Rock Rendez-Vous e o Johnny Guitar. Disse numa entrevista que foi para a música para ver os outros tocar e, de facto, começa aí, nesse contacto a sua ligação às bandas. E dizemos bandas no plural porque foram várias. Os Dead Combo são o projecto mais conhecido e internacional, que criou ao lado de Pedro Gonçalves, mas também os Lulu Blind, e muitas outras.
Antes de se dedicar exclusivamente à música, trabalhou em publicidade durante 10 anos. Foi nesse contexto que aprendeu, com um director criativo finlandês, uma das frases que gosta de guardar: “criativos não são as pessoas que têm as ideias, criativos são aqueles que as fazem.”
E Tó Trips faz, mesmo que esse verbo “fazer” seja sinónimo de correr riscos. Um dia, trabalhava ainda em publicidade, leu uma entrevista do Paulo Pedro Gonçalves, dos Heróis do Mar, na qual ele dizia que as pessoas não se deviam arrepender e deviam sempre arriscar. Leu aquilo, despediu-se do emprego, largou os Lulu Blind, largou a namorada, e fez um reset para poder tornar-se freelancer e dedicar-se mais ao seu instrumento.

Pedro Cabrita Reis
Pedro Cabrita Reis nasceu em Lisboa, em 1956, cresceu em Lisboa, no bairro de Campo de Ourique, mas renasceu no Algarve, na serra que escolheu para as pausas da vida em Lisboa, e onde quer ficar quando morrer, debaixo de uma alfarrobeira e junto ao seu primeiro cão.
Artista total, com reconhecimento nacional e internacional, vê-se como um construtor – disse numa conferência que a espinha dorsal ou o território do seu trabalho está preso ao acto da construção -, e, por isso, alguém que reivindica para si a designação de homo faber, que faz, faz, faz.
E faz pintura, desenho, escultura, fotografia, instalações, num trabalho sobre a matéria que põe várias artes a dialogar em simultâneo, onde a base será sempre a curiosidade - nas suas palavras “provavelmente, a ferramenta mais poderosa do artista” -, e uma busca permanente pelo momento primordial, uma vez que acredita que “a criação de uma obra de arte é também uma necessidade intensa e profunda (…) de descobrir uma origem.”

Aldina Duarte
Foi residente durante 25 anos numa das mais reconhecidas casas de fado de Lisboa, o Sr. Vinho, sob direcção artística de Maria da Fé. Estreou-se a cantar para os outros no teatro da Comuna, em 1994, quando organizava as Noites do Fado com o também fadista e ex marido Camané, e uma letra de Manuela de Freitas chamada “Antes de Quê”, que nunca mais deixou de cantar.
Tem com a música e a literatura uma relação de amor, e explica que ambas podiam salvá-la. Diz que a profissão de fadista a obriga a estar em contacto com os seus sentimentos diariamente, e que tudo o que acontece na sua vida interfere com os seus fados, assim como tudo o que acontece nos seus fados interfere com a sua vida. Neste sentido “ser fadista é uma arte que se confunde com a vida (…) vivemos entre o abismo e o céu”.

Vasco Gato

Ricardo Ribeiro
É essa vida interior poética que vamos tentar hoje conhecer melhor, através dos poemas que nos traz e que, nalguns casos, já foram cantados por si. Mas antes de iniciarmos a conversa, podemos ainda dizer que Ricardo Ribeiro foi uma criança tímida, que os primeiros contactos com a música lhe chegaram pela voz da mãe que cantava em casa, e pelo gira-discos da tia, a pessoa que o inscreveu para cantar em público pela primeira vez numa colectividade da Ajuda de que já falámos e com quem ia para os fados quando vinha a casa nos fins de semana dos tempos do colégio interno, que tem várias alcunhas e uma delas é uma delas é o Ricarábe por causa do gosto pela cultura árabe, e que chegou a pensar seguir o caminho sacerdotal porque encontrava conforto na mensagem religiosa mas um padre muito importante na sua formação ter-lhe-á dito “A tua missão também é do divino, mas não é aqui, é na música”.

Ondjaki
A sua obra mereceu várias distinções em diversos países, o Prémio Saramago ou o Prémio de Conto da APE são 2 exemplos.
Diz que a escrita é a sua casa e que sai para outros ambientes, como as artes plásticas ou o cinema, como quem faz excursões ou incursões para voltar sempre aos livros. Escreve romance, conto e poesia, e quando, um dia, numa livraria, lhe fizeram notar essa diferença respondeu que é a mesma coisa, e passo a citá-lo: ainda estou a contar histórias quando estou a escrever poesia, estou sempre a contar histórias, mesmo em silêncio.” Escreve porque gosta de partilhar, aprender e espalhar histórias, e também porque acredita que a escrita pode ser um acto de alguma intervenção social útil.
Acaba de lançar um livro de contos que é também uma curta-metragem que escreveu e realizou. Filme e livro chamam-se "Vou mudar a cozinha", e a curta-metragem foi apresentada no festival de cinema internacional de Roterdão.

Mário Laginha
Adepto da diversidade, experimentou por várias vezes musicar poesia, e tem explorado noutras ocasiões a relação entre a literatura e a música. Um dos exemplos é o álbum "Jangada", inspirado no livro “Jangada de Pedra” de José Saramago, onde consta o tema Desquiet inspirado no Livro do Desassossego.

Inês Lourenço
Na infância, começou por decorar poemas, por exemplo de Antero de Quental ou de Bocage (era prática comum do ensino de português incentivar as crianças a decorar poesia), para depois arriscar escrever numa máquina Underwood oferecida pelo pai. Já na adolescência escreveu para jornais estudantis, mas só publicou o primeiro livro aos 35 anos. Entre poesia e microficções, é autora de quase 20 títulos. Foi responsável pela revista Hífen, uma publicação na qual colaboraram nomes incontornáveis da poesia portuguesa do Século XX. Ao longo das suas 13 edições, a revista Hífen publicou cerca de 160 poetas.
Acredita que “a poesia tem de sabotar o lugar comum”.

Salvador Sobral
Como todos sabemos tão bem, venceu o Festival da Canção e depois o da Eurovisão em 2017, mas antes de chegar a este reconhecimento e fama repentinos, lançou um disco chamado “Excuse Me” e, ainda antes, participou em concursos de talentos musicais de televisão.
Além de Maiorca em Erasmus, viveu nos Estados Unidos e em Barcelona, onde estudou Jazz durante 2 anos. Confessa-se um BEN, sigla usada para designar beto em negação, e uma pessoa, sem filtros e romântica. Por falar em romantismo, casou em 2018 com Jenna Thiam, uma actriz belga e a única mulher para quem não teve de cantar durante a fase da sedução, anterior ao namoro. Disse numa entrevista, e passo a citar: “sou casado, não sei se ela é minha mulher, ela é minha namorada”.

Fernando Cabral Martins
Entre os autores que estudou e trabalhou encontram-se nomes muito importantes das letras portuguesas e familiares a tantos de nós: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Alexandre O´Neill, Cesário Verde, Luísa Neto Jorge, Mário Cesariny, entre outros.

Fernando Ribeiro
É conhecido como metaleiro-filósofo, por causa da ligação forte à filosofia e, de facto, encontra relações entre os dois universos: "há muitas relações, por exemplo, com a literatura. Houve sempre uma relação óbvia com autores como [Charles] Baudelaire e [Samuel Taylor] Coleridge – há mesmo aquele épico dos Iron Maiden, "The Rime of the Ancient Mariner". Há bandas que trabalharam William Blake, nós trabalhámos Marquês de Sade, Mário Cesariny e Fernando Pessoa. O impacto do homem que luta contra o seu destino é um tema muito caro ao "heavy metal", pelo menos àquele de que eu gosto."
Não é por acaso que cita poetas quando fala da música. Além de uma declarada relação com a história - e especificamente a história de Portugal que encontramos, por exemplo, no álbum 1755 -, os Moonspell trabalham as palavras dos poetas É disso exemplo a canção Opium, inspirada em Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, mas há muitos outros exemplos onde constam nomes como Mário Cesariny, José Luís Peixoto ou Miguel Torga.
Vive em Alcobaça, com Sónia Tavares, vocalista dos The Gift, de quem tem um filho chamado Fausto.

Daniel Sampaio
Aos 16 anos, a família, que também integrava a mãe Fernanda Bensaúde Branco e o irmão Jorge Sampaio (que viria a ser Presidente da República), muda-se para Campolide, em Lisboa. Por essa altura, e já no Liceu Pedro Nunes, o nosso convidado, que era existencialista e lia em francês Sartre e Camus, teve de escolher que área queria estudar. Ponderou Letras. Foi a filosofia que o levou à psiquiatria.
A longa carreira na saúde mental teve início em 1964, quando fez 18 anos, e foi estudar Medicina para o Hospital de Santa Maria, onde viria a formar-se pela Universidade de Lisboa em 1970. O doutoramento na especialidade de psiquiatria veio em 1986.
Publicou dezenas de livros, sobretudo sobre a adolescência e os seus problemas. E recebeu duas condecorações, dos Presidentes da República Aníbal cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.
Já este ano, integrou a Comissão para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa.
Casado com Maria José Cabeçadas Ataíde Ferreira desde 1970, tem 3 filhos e 7 netos. Disse numa entrevista que ter construído uma família coesa com 3 gerações é a sua maior conquista.
Gosta de gatos - teve um gato chamado Jimmy, que o acompanhou desde bebé até aos seus 18 anos –, de ouvir música (o compositor favorito é Mozart), de ver futebol, e de ler.
O maior medo de Daniel Sampaio é o medo da morte, e disse numa outra entrevista que gostaria de morrer a dormir. A pessoa que mais admira é Barack Obama, na ficção é D. Quixote.
Quando lhe perguntaram se sabia um verso de cor citou Camões e o poema que começa com o verso "Sete anos de pastor Jacob servia Labão pai de Raquel serrana bela".

Catarina Furtado
Filha de pai jornalista e de mãe professora de ensino especial - a mãe Helena, que a educou, conta "a não desistir de ninguém" –, tinha 9 anos quando pediu para fazer voluntariado, e terá nascido aí uma das sementes para se tornar uma mulher e cidadã activa no combate à discriminação, ao preconceito, e à falta de empatia para com a diferença.
Esta dedicação ao outro nasce, então, ainda na infância, e mantém-se até aos dias de hoje, numa atitude perante a vida que ganhou corpo e forma não apenas como Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População, mas também, e de forma consolidada, através da "Corações com Coroa", a sua Associação nascida há 10 anos onde o objetivo, sempre incompleto e sempre necessário, é o de apoiar, informar e capacitar raparigas e mulheres, promover a igualdade de género e os direitos humanos. Para termos uma noção da importância deste trabalho, ao longo dos 10 anos de actividade, a "Corações com Coroa" atendeu mais de 5 mil mulheres, ajudou directamente mais de 500, e deu bolsas a 34.
Apresentadora de televisão, atriz de cinema e de teatro, letrista, a par dos programas de entretenimento como apresentadora, é coautora de um programa de televisão onde, uma vez mais, dá voz aos que mais precisam de ajuda. Chama-se "Príncipes do Nada" e promove a cidadania e os direitos humanos.

Richard Zenith (Pessoa - Uma Biografia)
É escritor, tradutor, investigador, e um dos mais destacados especialistas em Fernando Pessoa, em Portugal e no mundo. Organizador do “Livro do Desassossego” e de muitas outras obras de Pessoa, foi um dos comissários da exposição “Fernando Pessoa: Plural como o Universo”, que percorreu as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa.
Traduziu Fernando Pessoa para inglês, assim como outros autores portugueses como Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner Andresen, Antero de Quental ou Carlos Drummond de Andrade. Também traduziu para inglês autores contemporâneos. Tem cidadania portuguesa desde 2007, e em 2012 foi galardoado com o Prémio Pessoa.
Foi inicialmente em língua inglesa que Zenith escreveu a impressionante biografia que acaba de ser publicada em português “Pessoa, Uma Biografia”. Um trabalho de mais de mil páginas e de mais de 12 anos de investigação, onde ficamos a conhecer como ainda não tinha sido possível o poeta para quem, nas palavras de Zenith “a vida essencial teve lugar na imaginação” e que “transportava o exílio consigo próprio”.
Fernando Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888, o que significa que faria hoje, 13 de junho de 2022, 134 anos. É então uma celebração da sua vida o que nos propomos fazer com o seu segundo biógrafo em edições portuguesas (o primeiro foi João Gaspar Simões, em 1950). Pedimos a Richard Zenith para nos ajudar com textos e poemas que ajudem a contar a vida deste homem que foi muitos e que nos exortou, de certa maneira, a fazer o mesmo quando escreveu “sê plural como o universo”.

Nara Vidal - "EVA"
Acaba de lançar o livro "EVA", pela editora Todavia, também disponível em Portugal. A EVA, personagem feminina deste livro, já chega ao mundo carregada de violência, culpa e abandono. Esta é uma história de violência sobre as mulheres nas suas mais variadas formas, que tem como epígrafe um poema de André Tecedeiro, poeta português contemporâneo.
Créditos da fotografia da autora: Bruna Casotti

Pedro Mexia
Começou a escrever nas páginas do extinto DN Jovem. Passou pelo Diário de Notícias e pelo Público, foi subdirector e director interino da Cinemateca. Hoje é assessor para a área da cultura do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, mantém uma colaboração regular com o Expresso, onde também assina com Inês Meneses o programa PBX. Na SIC, é um dos comentadores daquele programa cujo nome não se pode nomear.
Ao longo dos tempos, acumulou registos e palcos diferentes: da crítica ao ensaio, do diário à poesia, da blogosfera aos jornais em papel ou aos livros impressos. Se quisermos resumir, o que é difícil, podemos falar de Pedro Mexia como crítico literário, editor, tradutor, cronista, dramaturgo, argumentista, comentador ou poeta. Deixamos o epíteto de poeta para o final de propósito, porque o nosso convidado já disse em várias entrevistas que não usa a palavra poeta em causa própria, apesar de, lembramos nós, ter vários livros de poesia publicados. Com a palavra “escritor” também tem algumas reservas, tanto que, disse numa entrevista recente que deve ser o único português que não tem ideias para um romance. Numa outra entrevista, mais antiga, explicou melhor esta ideia: no fundo, tem dificuldades em criar a partir do nada.
Sobre a função da poesia, também a que lê – porque anda sempre com livros de poesia por perto – diz que os poemas podem nestes tempos o que sempre puderam em tempos piores do que estes: ser uma companhia, até uma esperança. Mas não acredita muito na ideia de a poesia prestar serviço a causas.

Simone de Oliveira
Simone de Oliveira nasceu a 11 de Fevereiro de 1938 em Lisboa e, por vontade da mãe, ter-se-ia chamado Maria de Lurdes porque este dia assinala o dia da Nossa Senhora de Lurdes. As cantigas, como gosta de lhes chamar, apareceram na sua vida como uma espécie de ponto de fuga para um problema pessoal que a afundou psicologicamente: um casamento de onde fugiu porque o marido lhe batia. Disse numa entrevista que "cantar foi a forma de ultrapassar essa fase", e que gostaria que não lhe tivesse acontecido aquilo tudo, mas que hoje recorda esses tempos como se tivesse sido outra pessoa que os viveu.
Ainda bem que começou a cantar, não apenas porque saiu do lugar triste onde se encontrava, mas também porque se tornou uma das nossas grandes intérpretes, uma mulher para quem tantos poetas escreveram canções que ficarão na história da música portuguesa, como a Desfolhada, de José Carlos Ary dos Santos, com que venceu o Festival RTP da Canção em 1969, e o verso polémico “quem faz um filho fá-lo por gosto” que abanou o país em plena ditadura.
Lembra-se bem desses tempos do Estado Novo e do que era ser mulher nesse contexto, tendo atitudes e posturas comummente atribuídas apenas aos homens. Também se lembra da segunda guerra mundial e das senhas de racionamento de comida. Tem ascendência belga, espanhola e são tomense, e diz que tem a impressão de haver alguma negritude no seu sangue e alma.
Nunca pediu um poema aos poetas, mas o que é facto é que lhos deram. David Mourão Ferreira e Eugénio de Andrade, são apenas dois exemplos. Já vamos saber se estão entre os escolhidos para a conversa de hoje.

Tiago Bettencourt
Apesar do sucesso e reconhecimento do público, cultiva a reserva da privacidade. Disse, aliás, numa entrevista "espero que a minha música não diga nada sobre mim, porque o importante não sou eu. (…) O importante é a música deixar de ser nossa e passar a ser das pessoas." A música de Tiago Bettencourt será, de facto, das muitas pessoas que o seguem e admiram, algumas delas talvez ainda mais próximas agora, depois de na pandemia ter recuperado um projecto antigo chamado Tiago na Toca e de ter feito regularmente directos na rede social Instagram para onde também cantou temas de outros músicos. Foi precisamente na pandemia que confirmou a ideia de que a cultura é fundamental, nas suas palavras, para a sanidade mental de cada um de nós e da identidade de um país. E por falar em cultura, além de música, Tiago Bettencourt gosta de exposições, de ler, também poesia. O tal projecto que recuperou em 2020 para os directos do Instagram chamado Tiago na Toca, nasce de um outro projecto antigo, de 2011, que é um disco/livro chamado Tiago na Toca e os Poetas onde, precisamente, musicou poemas de poetas portugueses.
Apesar de preferir que se fale menos dele e mais do seu trabalho, vamos conseguindo conhecê-lo um bocadinho melhor através das várias entrevistas que vem dando. Ficamos a saber, por exemplo, que convidaria Tom Waits para um jantar a dois, e que é de Tom Waits uma das canções que gostaria de ter escrito: chama-se I Want You.

Reconstituição Portuguesa - Um livro que transforma um símbolo do fascismo em poemas de liberdade
Participam neste exercício, que será lançado no dia em que se celebram 48 anos do 25 de Abril, Ana Moreira, André Tecedeiro, António Jorge Gonçalves, Bernardo Abreu, Caró Lago, DeBrito, DJ Huba, Eduardo Tavares, Fabian Gloeden, Filipa Pinto, Filipe Homem Fonseca, Gilson Barreto (Dela Mantra), Gisela Casimiro, João Silveira, Jorge Barrote, Jorgette Dumby, José Anjos, Li Alves, Lila Tiago, Lucerna do Moco, Luís Perdigão, Maikon Nery, Marcelo Dalbosco, Maria Giulia Pinheiro, Marina Ferraz, Marmota Vs Milky, Miguel Antunes, Nilson Muniz, Nuno Piteira, Paola D`Agostino, Rita Capucho, Rita Taborda Duarte, Sérgio Coutinho, Viton Araujo.
Entrevista de Raquel Marinho.

Luís Osório
Jornalista, encenador, escritor, autor de teatro, director de projectos jornalísticos na imprensa escrita e rádio, autor de programas de televisão, rádio e de um documentário, comunicador, comunicador político, contador de histórias, admirador confesso de pessoas e da liberdade, Luís Osório, nasceu a 15 de Setembro de 1951.
Vamos hoje conhecê-lo melhor através das escolhas poéticas que selecionou para partilhar connosco, mas podemos todos, de há uns tempos para cá, acompanhar o que vai pensando sobre o país e o mundo através dos textos que partilha no Facebook. Uma espécie de diário em tom de crónica transversal sobre a atualidade, a que chama "Postal do Dia", mas onde também cabem outras reflexões, e até listas: estamos aqui para falar de poemas, mas se quiser saber quais são as músicas da vida de Luís Osório, ele conta, lá no Facebook.
Disse em várias entrevistas que nunca foi um jornalista puro mas também admitiu numa entrevista que em algum momento pode acontecer fundar um jornal, necessariamente de esquerda. Já vamos saber se essa hipótese continua em cima da mesa e porquê.
Sobre a infância, recorda aquilo que pode ser a construção de uma infância feliz, onde a sua fotografia era a única ao lado da cama do quarto do pai, facto que lhe deu, silenciosa mas firmemente, a convicção de ser a pessoa mais importante da vida de José Manuel Osório. Este pai, que foi figura pública por ter assumido a doença da Sida numa altura em que mal de falava dela, e que Luís Osório entrevistou para a televisão pública porque, e passo a citar "queria dizer ao mundo "eu sou filho deste homem”".
Tem 4 filhos, 3 rapazes e uma rapariga, e diz que são eles que asseguram a sua desmultiplicação por caminhos que já não lhe pertencem. Por falar em filhos, acredita que amar é sempre para sempre.

Maria José Morgado
Acabou por desencantar-se com a política e concorrer para o Ministério Público. Entrou com a melhor classificação.
São conhecidos os méritos na sua carreira pública de luta contra a corrupção. De resto, recentemente foi duplamente reconhecida pelo Prémio Tágides nas categorias "Iniciativa Política" e "Investigação", pelo seu papel ativo no combate contra a corrupção. Dedicou estas distinções à sociedade civil anónima, sofredora, combativa" que quer "lutar pela igualdade com critérios de ética e transparência".
Esta preocupação social acompanha Maria José Morgado desde cedo, e não parece ter vindo a desvanecer-se com o tempo. Pelo contrário. Neste momento está jubilada das funções no Ministério Público, mas, recentemente, afirmou numa entrevista que “a luta contra a corrupção é um pilar de um estado de direito”.

Correntes D`Escritas
O Poema Ensina a Cair esteve na Póvoa de Varzim durante uma parte do Festival Literário, e conversou com autores e editores. A poesia foi o ponto de partida mas as entrevistas, por vezes, seguiram outros trilhos.
Isaque Ferreira, Afonso Cruz, Yara Nakahanda Monteiro, Manuel Vilas, José Luís Peixoto, Manuel Halpern, Inês Lourenço, António Amaral Tavares, Filipa Leal, Elena Medel e Luís Carmelo.
Autoria de Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.

Joel Neto
Foi jornalista, repórter, editor, e chefe de redacção em vários jornais e revistas, mas em 2012 regressou à ilha natal, ao lugar de Dois Caminhos na freguesia de Terra Chã, para se dedicar à literatura. A ideia era ficar 4 ou 5 anos, mas não saiu mais. Se olharmos para os livros publicados desde então assim como o reconhecimento que a crítica lhes vem dando, podemos dizer que a aposta foi bem-sucedida.
Esta propensão para a escrita materializou-se, então, nos livros publicados, mas já o acompanha desde cedo. Quando chegou ao jornal Record, com apenas 21 anos, levou para a mesa de trabalho da redacção o dicionário de sinónimos, gesto que levou o editor do jornal a comentar “lá me saiu mais um príncipe da escrita”. Príncipe da Escrita, explicou Joel Neto numa crónica publicada no Diário de Notícias "era como alguns jornalistas da velha guarda chamavam, não aos tipos que sabiam escrever, mas aos que tinham a mania que sabiam escrever. Ali ninguém sabia escrever: quando muito, tinha a mania.”
Diz que um escritor é um solitário e, talvez por isso, tenha encontrado o abrigo certo para a escrita no lugar da Ilha Terceira onde escolheu viver.
Há a natureza, ali no jardim de casa e em tantos outros caminhos da Ilha, os animais do campo e os domésticos (Joel Neto tem 2 cães), os vizinhos “de modos simples e vocação filosófica”, a expressão é sua, e ainda, outra expressão sua: a “rotina dos silêncios”.

Leituras: Raymond Carver
Leitura de um poema de Raymond Carver por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Trocando Dólares por Cêntimos (Alguma Poesia Norte-Americana), versões de Luís Filipe Parrado, edição Contracapa

Leituras: Alejandra Pizarnik
Leitura de um poema de Alejandra Pizarnik por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Alejandra Pizarnik, Antologia Poética, tradução de Fernando Pinto do Amaral, edição Tinta da China

Leituras: António José Fernandes
Leitura de um poema de António José Fernandes por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Ainda Não é Tarde e Outros Poemas, edição Medula

Leituras: Luís Filipe Parrado
Leitura de um poema de Luís Filipe Parrado por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteve da Silva.
Livro: Casa, edição Do Lado Esquerdo

Leituras: Patrizia Cavalli
Leitura de um poema de Patrizia Cavalli por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Um Pouco do Meu Sangue (Antologia de Poesia Italiana), selecção e tradução de João Coles, edição Contracapa

Leituras: Rui Knopfli
Leitura de um poema de Rui Knopfli por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Uso Particular, edição Do Lado Esquerdo

Leituras: Pier Paolo Pasolini
Leitura de um poema de Pier Paolo Pasolini por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Um Pouco do Meu Sangue (Antologia de Poesia Italiana), selecção e tradução de João Coles, edição Contracapa

Leituras: Pablo García Casado
Leitura de um poema de Pablo García Casado por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Faróis Acesos à Procura do Oceano, tradução de Maria Sousa, edição Do Lado Esquerdo.

Leituras: Hannes Pétursson
Leitura de um poema de Hannes Pétursson por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Pelos Nossos Corações Passa a Linha de Fogo (Antologia de poesia Islandesa), poemas vertidos para português por Amadeu Baptista, edição Contracapa

Leituras: Otavio Paz
Leitura de um texto de Otavio Paz por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Areias Movediças - Águia ou Sol, tradução de Liliana Verças e Ricardo Ribeiro, edição Sr. Teste

Leturas: Gregory Corso
Leitura de um poema de Gregory Corso por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Gasolina, tradução de Hugo Pinto dos Santos, edição Barco Bêbado

Leituras: Carlos Drummond de Andrade
Leitura de um poema de Carlos Drummond de Andrade por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética, edição D. Quixote

Leituras: José de Almada Negreiros
Leitura de um texto de José de Almada Negreiros por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: A Invenção do Dia Claro, edição Assírio & Alvim.

Leituras: Margarida Vale de Gato
Leitura de um poema de Margarida Vale de Gato por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Atirar Para o Torto, edição Tinta da China

Leituras: Fernando Pessoa (Ortónimo)
Leitura de um poema de Fernando Pessoa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Fernando Pessoa, Poesias - Ortónimo, edição Porto Editora

Leituras: Ron Padgett
Leitura de um poema de Ron Padgett por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Ron Padgett, Poemas Escolhidos, tradução de Rosalina Marshall, edição Assírio & Alvim

ANA BACALHAU
Terá sido essa uma das portas para a profissão de arquivista, profissão que viria a abandonar para se dedicar profissionalmente à banda Deolinda. Mas a Deolinda, projeto que levou Ana Bacalhau ao grande público, está longe de ser a primeira experiência musical da nossa convidada. A música entrou-lhe pela vida adentro ainda na adolescência, primeiro através das vozes que escutava, onde se incluem Nina Simone ou Beatles, depois através das aulas de guitarra que pediu aos pais insistentemente, e que a ajudaram a descobrir a sua voz musical. Em 2001 estreia-se como vocalista numa banda chamada Lupanar, e em 2005 integrou um trio de jazz chamado Tricotismo. O projeto Deolinda nasceu em 2006.
Em 2017 lançou um disco a solo a que, muito apropriadamente, chamou “Nome Próprio” e há poucos meses, em plena pandemia e também na sequência do isolamento a que todos nos vimos obrigados, lançou o álbum “Além da Curta Imaginação”. Um trabalho que, de certa forma, é também o resultado de um percurso de superação, refletido, por exemplo, na letra “Que me Interessa a Mim” de sua autoria. Disse numa entrevista: "Fui eu que escrevi a canção, tem um pouco um percurso que eu fiz de muita insegurança, muito escrutínio que os outros faziam sobre mim a pesar-me, e o caminho que eu fiz de libertação disso. Essa libertação absoluta do caminho que os outros querem traçar como meu, eu recuso em absoluto. Eu quero traçar o meu próprio caminho.”
Gosta de ler, de cozinhar, da natureza, da empatia – a sua virtude preferida -, do ócio – a sua ocupação favorita -, e tem como ideais de felicidade coisas como dar um bom concerto, ver um bom concerto, ler um livro, ver um filme, dançar, passar horas a desfrutar da companhia da filha, família e amigos.
Não tem heróis na ficção porque prefere anti-heróis, e será talvez por isso que o seu autor preferido em prosa Dostoievsky. Tem uma divisa preferida do escritor francês Andre Gide que diz: "É melhor sermos odiados pelo que somos, do que sermos amados pelo que não somos”.

Leituras: Manoel de Barros
Leitura de um poema de Manoel de Barros por Raquel Marinh. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: O Livro das Ignorãças, edição Record

Leituras: Henri Michaux
Leitura de um poema de Henri Michaux por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Henri Michaux, Antologia, tradução de Margarida Vale de Gato, edição Relógio D´Água

Leituras: Alberto de Lacerda
Leitura de um poema de Alberto de Lacerda por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Labareda, edição Tinta da China

Leituras: Konstandinos Kavafis
Livro: Konstandinos Kavafis, Os Poemas, tradução, prefácio e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis, edição Relógio D´Água

Leituras: Fernando Assis Pacheco
Livro: A Musa Irregular (edição aumentada), edição Tinta da China

Leituras: Miguel-Manso
Leitura de um poema de Miguel-Manso por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Estojo, edição Relógio D´Água

Leituras: Mário Cesariny
Leitura de um poema de Mário Cesariny por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Pena Capital, edição Assírio & Alvim

Leituras: Paul Éluard
Leitura de um poema de Paul Éluard por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: A Cama, A Mesa, tradução de Luís Lima, edição Barco Bêbado

Leituras: Daniel Faria
Leitura de um poema de Daniel Faria por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Daniel Faria - Poesia, edição Quasi

Leituras: António Botto
Leitura de um poema de António Botto por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Cem Poemas para Salvar a Nossa Vida, edição Quetzal

Leituras: Catarina Nunes de Almeida
Leitura de um poema de Catarina Nunes de Almeida por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Voo Rasante, edição Mariposa Azual

Leituras: António José Forte
Leitura de um poema de António José Forte por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Uma Faca nos Dentes, edição Parceria A. M. Pereira

Leituras: Hilda Hilst
Livro: Da Poesia, edição Companhia das Letras

MARCOS CARUSO
A pedido do pai, estudou Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Universidade de São Paulo, mas logo no primeiro dia de aulas matriculou-se nas aulas de teatro da universidade. Por causa desta experiência na faculdade, acabaria por ajudar a fundar dois grupos de teatro que encenavam peças políticas, "União" e "Olho Vivo", em plena ditadura militar. A sua participação nos grupos de teatro da faculdade rendeu-lhe depois o convite para actuar na sua primeira peça, Rei Momo, em 1973. A estreia na televisão seria 5 anos depois com a novela "Aritana" da antiga Rede Tupi. Ao longo dos últimos 40 anos, participou de algumas das produções mais marcantes da televisão brasileira mas o seu nome está também inscrito na história do teatro brasileiro de forma singular. Nos anos 80, usou uma máquina de escrever para escrever, em 3 dias, a peça “Trair e Coçar é Só Começar”. Entregou-a a um encenador de comédias teatrais que a guardou na gaveta durante 6 anos. Estreou finalmente em 1986, e esteve mais de 32 anos em cena, ininterruptamente. É a peça de teatro há mais tempo em cartaz no Brasil, o que lhe valeu quatro menções no Guiness. Já foi vista por mais de cinco milhões e 500 mil espectadores em mais de nove mil apresentações. Está em Portugal para subir ao palco, pela terceira vez, com a peça Intimidade Indecente.

Leituras: Herberto Helder
Leitura de um poema de Herberto Helder por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Ofício Cantante (Poesia Completa), edição Assírio & Alvim

Leituras: Antero de Quental
Leitura de um poema de Antero de Quental por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Sonetoes, edição Ulmeiro

Leituras: Boris Vian
Leitura de um poema de Boris Vian por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Canções e Poemas, tradução de Irene Freire Nunes e Fernando Cabral Martins, edição Assírio & Alvim

Leituras: Edward Thomas
Leitura de um poema de Edward Thomas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Três Bucólicos Ingleses, selecção e tradução de Ricardo Marques, edição Elysium

Leituras: Jorge Sousa Braga
Leitura de um poema de Jorge Sousa Braga por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: O Poeta Nu (poesia reunida), edição Assírio & Alvim

Leituras: W. H. Auden
Leitura de um poema de W. H. Auden por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Outro Tempo, tradução e introdução de Margarida Vale de Gato, edição Relógio D´Água

Leituras: John Clare
Leitura de um poema de John Clare por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Três Bucólicos Ingleses, selecção e tradução de Ricardo Marques, edição Elysium.

Leituras: Carlos de Oliveira
Leitura de um poema de Carlos de Oliveira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Trabalho Poético, edição Assírio & Alvim

Leituras: Pedro da Silveira
Leitura de poema de Pedro da Silveira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Fui ao Mar Buscar Laranjas (poesia reunida), edição Instituto Açoriano de Cultura

Leituras: Jorge Roque
Leitura de poema de Jorge Roque por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Revista Nervo, número 8.

Leituras: Nina Rizzi
Leitura de um poema de Nina Rizzi por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Sereia no Copo de Água, edições Jabuticaba

Leituras: Joaquim Castro Caldas
Leitura de um poema de Joaquim Castro Caldas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Só Cá Vim Ver o Sol, edição Quasi

Leituras: Hélia Correia
Leitura de um poema de Hélia Correia por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Acidentes, edição Relógio D`Água

Leituras: José Miguel Silva
Livro: Vista para um Pátio Seguido de Desordem, edição Relógio d`Água

ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX
Ao longo dos anos nunca deixou de estar ligado ao CDS, e acumulou lugares de destaque na gestão e na política.
O currículo profissional de António Bagão Félix é vasto e diversificado, mas a vida do nosso convidado fez-se também de outros interesses e prioridades: assume-se como um homem de fé com uma educação religiosa rigorosa, onde chegou a aventar-se a ideia de que viria a ser padre. Há também o interesse pela botânica, um tema tão importante na vida do nosso convidado, que lhe dedica o tempo suficiente para escrever livros sobre o assunto e influenciou também as escolhas poéticas que trouxe para a conversa.

Leituras: Miguel Martins
Leitura de um poema de Miguel Martins por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Do Lado de Fora, edição Abysmo

Leituras: Manuel António Pina

Leituras: Manuel Bandeira
Leitura de um poema de Manuel Bandeira por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Manuel Bandeira, Antologia, edição Relógio D´Água

Leituras: Rui Costa
Leitura de um poema de Rui Costa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: As Limitações do Amor São Infinitas, edição Sombra do Amor

Leituras: António Manuel Couto Viana
Leitura de um poema de António Manuel Couto Viana por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Restos de Quase Nada e Outras Poesias, edição Averno

Leituras: António Osório
Leitura de um poema de António Osório por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Casa das Sementes, edição Assírio & Alvim

Leituras: António Barahona
Leitura de um poema de António Barahona por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Pássaro-Lyra, edição Averno

Leituras: Angélica Freitas
Leitura de um poema de Angélica Freitas por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Um Útero é do Tamanho de um Punho, edição Douda Correria

Leituras: Pedro Oom
Leitura de um poema de Pedro Oom por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Única Real Tradição Viva, Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa de Perfecto E. Cuadrado, edição Assírio & Alvim

Leituras: Mário Henrique Leiria
Leitura de um poema de Mário Henrique Leiria por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Única Real Tradição Viva, Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa de Perfecto E. Cuadrado, edição Assírio & Alvim

Leituras: Adília Lopes
Leitura de um poema de Adília Lopes por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Dobram edição Assírio & Alvim

Leituras: Hans Magnus Enzensberger
Leitura de um poema de Hans Magnus Enzensberger por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: 66 poemas, tradução, notas e posfácio de Alberto Pimenta, edição Edições do Saguão.

Leituras: Wislawa Szymborska
Leitura de um poema de Wislawa Szymborska por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Instante, tradução de Elzbieta Milewska e Sérgio Neves, edição Relógio D´Água

Leituras: Manuel Resende
Leitura de um poema de Manuel Resende por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Manuel Resende, Poesia Reunida, edição Cotovia

Leituras: Paulo Leminski
Leitura de um poema de Paulo Leminski por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Toda Poesia, edição Companhia das Letras

HUGO VAN DER DING
Quando era criança queria ser ator ou tirar o curso de direito para seguir a carreira diplomática e viajar. Chegou a entrar em Direito, mas desistiu ao fim de um ano, e decidiu que queria correr o mundo e apenas voltar para casa aos 90 anos depois de conhecer todos os países do nosso planeta. Viveu em Londres 6 meses, mas um dia, depois de se aperceber que nas ruas daquela cidade as pessoas não olham para a cara umas para as outras, mudou-se para Amsterdão onde esteve dos 23 aos 28 anos. Viveu na capital holandesa os importantes anos do início da idade adulta, e foi também lá que começou a trabalhar e a ganhar dinheiro. Trabalhou num escritório, numa grande empresa de comunicações, e até chegou a ser promovido mais do que uma vez, mas acabaria por sair e regressar a Portugal, provavelmente porque não nasceu para o típico trabalho das 9 às 5. Aliás, disse numa entrevista que os anos em Amsterdão foram importantes e formadores por tudo o que viveu fora do escritório, não necessariamente a trabalhar.

Leituras: Billy Collins
Leitura de um poema de Billy Collins por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Amor Universal, edição Averno

Leituras: Emanuel Félix
Leitura de um poema de Emanuel Félix por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: A Viagem Possível (Poesia 1965-1981), edição Secretaria Regional de Educação e Cultura, Angra do Heroísmo

Leituras: Alberto de Serpa
Leitura de um poema de Alberto de Serpa por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: A Poesia de Alberto de Serpa, edição Campo das Letras

Leituras: Pedro Homem de Mello
Leitura de um poema de Pedro Homem de Mello por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Eu, Poeta e Tu, Cidade, edição Quasi
Leituras: Mary Oliver
Leitura de um poema de Mary Oliver por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Felicidade, tradução de Luís Matos, edição Flaneur

Leituras: Rui Pires Cabral
Leitura de um poema de Rui Pires Cabral por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Morada, edição Assírio & Alvim

Leituras: Denise Levertov
Leitura de um poema de Debise Levertov por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Este Grande Não-Saber, tradução de Andreia C. Faria e Bruno M. Silva, edição Flaneur

Leituras: Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa
Leitura de um poema de Alberto Caeiro por Raquel Marinho.
Livro: Poemas Completos de Alberto Caeiro, recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha, edição Presença

Leituras: Charles Bukowski
Leitura de um poema de Charles Bukowski por Raquel Marinho. Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Os Cães Ladram Facas (Antologia Poética), seleção e prefácio de Valério Romão, tradução de Rosalina Marshall, edição Alfaguara

Nuno Artur Silva
Nuno Artur Silva nasceu em Outubro de 1962. Ainda na adolescência, enquanto frequentava o Liceu Pedro Nunes, integrou um grupo de teatro anarquista. Na faculdade, onde tirou o curso de Línguas e Literaturas Modernas, criou um grupo de teatro de peças cómicas ao lado de Rui Cardoso Martins. Percebeu que não queria ser ator, ou que não teria talento para a demanda da representação, e acabou por abandonar esse projeto e esse ambiente e ligar-se a um grupo de literatura, onde conheceu, entre outros, o poeta Al Berto e o antigo editor da Assírio & Alvim Hermínio Monteiro, com quem viria a organizar recitais de poesia. Depois da faculdade, deu aulas no ensino secundário ao longo de 7 anos em Lisboa, Cacém e Oeiras, mas continuou a escrever, tanto ficção como poesia. Disse numa entrevista que nesta fase da vida "tinha uma vaga ideia que era escrever para teatro, cinema, televisão, banda desenhada - essa ideia de escrever para. Porque era o princípio de trabalho com o outro".
Em simultâneo com a atividade letiva, envia textos de humor para a RTP, ignorados durante algum tempo, mas depois lidos por José Nuno Martins, que o chama para escrever sketches para o programa Joaquim Letria, da RTP2. Mais tarde, estreia-se a escrever sozinho as aberturas do programa Parabéns de Herman José, um desafio profissional que o obriga a fazer uma escolha, no mínimo curiosa: pela mesma altura tinha sido convidado pela pessoana Teresa Rita Lopes para trabalhar na tão famosa Arca de Fernando Pessoa. Escolheu escrever para Herman José.
Em 1993, fundou as Produções Fictícias, agência e rede criativa, ao lado de Rui Cardoso Martins, Miguel Viterbo e José de Pina, empresa que se torna um marco na produção de conteúdos de humor em Portugal. Mais tarde, foi também fundador do Canal Q.
Uma carreira longa, onde houve espaço para ser ficcionista, argumentista, dramaturgo, produtor, programador, apresentador, escritor, cronista e empresário. Recentemente, administrador da RTP – entre 2015 e 2018, e Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual, e Média, desde 2019 e até agora. Sobre esta experiência mais recente, disse numa entrevista que não é um político profissional mas que, estando na política provisoriamente, a valoriza muito. De resto, defende que o caminho "não é desdenhar a política mas participar dela, e exigir dela".

Mafalda Veiga
Mafalda Veiga nasceu em Lisboa a 24 de dezembro de 1965, onde viveu a maior parte da sua vida. Passou a infância e a adolescência em Espanha, e desse período no país vizinho ficou-lhe, entre outras coisas, o gosto da rua, de estar na rua com os amigos. Bisneta do pintor Simão da Veiga, quando era criança chegou a ter aulas de pintura com o desejo de um dia ser pintora, mas o destino haveria de ser outro.
Quando o pai lhe ofereceu uma viola e aprendeu a tocar, iniciou, digamos, uma relação para a vida. O tio Pedro da Veiga teve um papel importante nessa aproximação à música – era guitarrista de fado e não só ensinou Mafalda Veiga a tocar, como a levou, ainda pequena, a algumas casas de fado onde a nossa convidada se estreou a cantar ao vivo. Poucos anos depois, ainda na adolescência, percebeu que, além de cantar, queria compor e escrever as suas próprias canções. Começou a escrever e a compor ainda adolescente, e antes de entrar na faculdade, no curso de Línguas e Literaturas Modernas, na Faculdade de Letras de Lisboa.
Estava ainda no segundo ano quando lançou o primeiro disco, Pássaros do Sul. Um sucesso de vendas, disco de prata em apenas um mês, e uma vida nova a começar. Por causa da música e da composição, saiu muito depressa desse lugar anónimo de observadora dos outros e de compositora desconhecida, para as luzes e os vários palcos que o sucesso traz. Terminou, portanto, o curso superior entre a escrita de canções e os concertos, e desde então, ao longo de mais de 30 anos de composição, editou vários álbuns, alguns deles discos de prata e de platina, com músicas que permanecem no ouvido de milhares de portugueses.
Fala da composição como, e vou citar, “o chão de tudo”, explicando que “se não fosse compositora não estaria na música porque aquilo que mais gosto na expressão artística é precisamente a criação e a construção”.

António Costa Silva
António Costa Silva nasceu em 1952 em Angola, numa terra da província do
Bié chamada Nova Sintra, depois renomeada Catabola. Estudou no Colégio dos
Maristas no Cuíto, em regime interno, e depois na Universidade de Luanda,
Engenharia de Minas. Esses primeiros anos da idade adulta na capital
angolana foram, nas palavras do nosso convidado, “uma revelação”. Integrou o
Círculo Universitário de Cinema e esteve na origem da criação da Associação
de Estudantes, onde desenvolveu dotes de oratória em assembleias com
milhares de pessoas. Referiu em várias entrevistas que, por essa altura, era
um jovem maoista que “queria mudar o mundo”. Por razões políticas, e também
por um enorme equívoco, foi detido em Luanda no dia 22 de Dezembro de
1977, três dias antes do Natal, tornando-se vítima de uma purga levada a cabo
por Agostinho Neto, em resposta à tentativa de golpe de estado de Nito Alves,
em Maio do mesmo ano. Como ele, milhares de pessoas foram vítimas do
ajuste de contas dos dirigentes do MPLA, detidas sem culpa formada ou
julgamento, sujeitas a tortura durante vários anos. Os fuzilamentos sumários
foram outra realidade desse período da história angolana e o nosso convidado
chegou a estar perante um pelotão de fuzilamento por se ter recusado a
assinar uma confissão de que era um agente da CIA, e por ter escrito numa
folha de papel onde lhe pediram para fazer o seu testamento as palavras “a
vida é bela”. Vendaram-no, algemaram-no atrás das costas, e levaram-no para
a praia onde ocorriam os fuzilamentos. Chegou a ouvir o som da culatra, mas
depois, no último momento não dispararam - ainda hoje não sabe porquê. Esta
terá sido a experiência mais traumática dos anos de prisão de António Costa
Silva na prisão de São Paulo, onde viveu também torturas sistemáticas, dia sim
dia não, às quais sobreviveu, e passo a citar, devido ao pensamento: “o
cérebro humano é o instrumento mais poderoso que temos… eu procurava no
meu pensamento reproduzir as leituras, as poesias, os livros de que gostava.
Foi aí que comecei a escrever poesia. Escrevia na minha cabeça porque não
tinha papel nem caneta”, fim de citação.
Terá, então, sido salvo de três anos de escuridão pelo pensamento, e será por
isso que gosta tanto do provérbio angolano que diz “o pirilampo é um animal
sábio porque usa a escuridão para se iluminar”. De resto, assume-se como um
homem que nunca se demitiu de pensar, de dizer o que pensa, e que nunca se
recusou à aventura de viver, mesmo quando essa aventura exige revolver a
terra, ou seja, revolver-se a ele próprio.
Em 2020, foi escolhido por António Costa para desenhar a estratégia
económica de Portugal para a próxima década.

Tozé Brito
Chama-se António José Correia de Brito mas conhecemo-lo por Tozé Brito. Nasceu em Ermesinde, em 1951, e viveu no Porto até aos 18 anos, altura em que José Cid o desafia para tocar como músico profissional no Quarteto 1111, e se muda para Lisboa. Essa mudança definiu uma carreira de sucesso na música, que lhe trouxe fama e reconhecimento nacional e internacional, mas o percurso musical do nosso convidado começa muito mais cedo, em casa. O pai tocava viola, o tio também; o bisavô tinha sido professor de música e o irmão dele maestro. Aos 14 anos Tozé Brito decide formar um grupo musical e aos 16 grava o primeiro álbum, logo com uma letra de sua autoria chamada “you´ll see”.
Músico, letrista, compositor, autor e produtor de discos, A&R de multinacionais, vice-presidente e presidente de duas companhias - a BMG e a Universal - fez também música para teatro, cinema, televisão, e música infantil. Participou em 12 festivais da canção, ganhou 3, um como intérprete, 2 como autor. Foi 3 vezes à eurovisão. São dele algumas das canções que sabemos de cor e que hão de ficar na história da música portuguesa. Uma evidência que terá estado na origem do disco de tributo “Tozé Brito (de) Novo”, que lhe é dedicado e que acaba de sair, onde constam novas versões de algumas das composições mais emblemáticas do nosso convidado pela voz de cantores como Ana Bacalhau, Camané, António Zambujo, Joana Espadinha, Samuel Úria, Rita Redshoes, B Fachada, entre outros.

Luca Argel
Luca Argel nasceu no Rio de Janeiro, em 1988. Atualmente cantor e compositor de samba a viver em Portugal e cidadão português, começou por fazer o Curso Superior de Música no Rio de Janeiro e, ainda na faculdade, por dar aulas de música em ONG´s, escolas, ou lições particulares. Em 2012, estava a lecionar numa Escola Municipal do Rio de Janeiro e decidiu vir para Portugal fazer um mestrado em literatura, sem saber se o futuro voltaria a trazer-lhe a música de novo. Antes de chegar ao Porto, ainda lançou no Brasil o seu primeiro livro de poemas pela editora 7 Letras chamado "Esqueci de Fixar o Grafite". Haveria de publicar mais poesia, quer no Brasil, quer em Portugal. Já este ano saiu o seu quarto disco a solo em Portugal, e o primeiro de versões, ou covers. “Samba de Guerrilha” é um projeto musical e, simultaneamente, uma viagem narrativa pela história do Samba e dos primeiros sambistas, que é a história da luta da escravatura contra ditadura militar do Brasil, e uma homenagem aos protagonistas do combate ao racismo, à escravatura e às desigualdades no Brasil. Além de literatura e de música gosta de filmes baseados em banda desenhada, de histórias de super-heróis, de cemitérios “pela tranquilidade dos moradores”, de ambientes informais e de pijamas, "a invenção mais sublime da história da indumentária", fim de citação, pelo conforto que representam.

Laurinda Alves
Laurinda Alves nasceu em Dezembro de 1961. Estudou no Liceu de Queluz, onde foi aluna de Teresa Belo, mulher do poeta Ruy Belo. Era muito boa aluna a português, e muito boa jogadora de basket, primeiro no Queluz, depois no CIF, onde foi campeã. Aos 17 anos participou num concurso para entrar na RTP, e foi selecionada entre mais de 2 mil candidatos. Como era menor de idade, não podiam legalmente contratá-la, mas disseram-lhe que esperariam que fizesse os 18 para entrar na empresa, e foi assim que começou no jornalismo, ao mesmo tempo que estudava Comunicação Social na Universidade Nova. Televisão, rádio, imprensa escrita, onde se destaca esse projecto de uma revista chamada XIS, mas também o programa de televisão verdes Anos ou a reportagem de investigação que lhe valeu, por exemplo, o Prémio Gazeta do Clube de Jornalistas pelo seu trabalho de investigação sobre o assassinato do general Humberto Delgado. Uma longa carreira ligada à palavra, à voz, e onde se inclui uma distinção com o grau de Comendador da Ordem do Mérito pelo debate e defesa das questões educativas, no ano 2000 pelo Presidente Jorge Sampaio. Um percurso para o qual, se olharmos através de uma rede mais apertada, encontramos uma constante no tratamento dos temas do jornalismo que dizem respeito ao outro e às muitas formas de lhe contar as histórias, como se o ângulo de observação da realidade de Laurinda Alves se construísse antes de mais através da pessoa e da sua singularidade, para depois lhe contar a história e partir daí para um tema maior. Atualmente é Professora de Comunicação, Liderança e Ética, na Nova SBE e Colunista no Observador, e acaba de ser eleita vereadora independente para a Câmara de Lisboa ao lado do novo presidente da autarquia Carlos Moedas.
Lista de poetas:
Novalis – “O amor é a finalidade final (…)” Novalis – “Existe em nós um sentido especial para a poesia (…)” Joseph Brodsky - No Centenário de Anna Akhmatova John Milton, Paraíso Perdido (livro III) – “Assim falou o astuto sem suspeita (…)” Ruy Belo – Uma Vez que Tudo Já se Perdeu Carlos Drummond de Andrade - Poema da Purificação João Cabral de Melo Neto – Deserto Sophia de Mello Breyner Andresen - A paz sem vencedor e sem vencidos Sophia de Mello Breyner Andresen – Dia Eclesiastes 3 – Tudo Tem o Seu Tempo Teixeira de Pascoaes – “Todo Princípio é fim (…)” António Barahona – Pôs-me Fora de Mim, o Teu Amor
Luís Miguel Cintra
Luís Miguel Cintra nasceu em Madrid, em 1949. Foi um dos melhores alunos do Liceu Camões, onde partilhou sala de aula com António Guterres. Marcaram-no alguns professores desse período como Mário Dionísio, Vergílio Ferreira ou Bénard da Costa, mas também o contacto próximo com figuras importantes da cultura que eram visita de casa: Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen, Vitorino Nemésio, entre outros. Em 1966 entrou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para fazer o curso de Filologia Românica. Foi lá que encontrou o teatro pela primeira vez fora de casa, uma vez que desde pequeno escrevia, encenava e representava peças para a família e amigos da casa, algumas das quais recorrendo a marionetas. O teatro universitário, onde foi actor e encenador, marca o início de uma escolha que viria a ser definitiva na vida de Luís Miguel Cintra. Depois de uma passagem por Bristol, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar teatro, fundou, em 1973, a companhia de teatro Cornucópia ao lado de Jorge Silva Melo. Distinguido com vários prémios, entre os quais o Prémio Pessoa, recebeu também o Prémio Cultura Árvore da Vida Padre Manuel Antunes, uma figura que conheceu enquanto aluno universitário e de quem guarda recordações importantes e marcantes. Como declamador de poesia e prosa, gravou vários textos importantes da literatura portuguesa. Falamos da leitura integral para a rádio da obra Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, ou da gravação do Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco. Para cd gravou todas as canções de Luís de Camões, poemas de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ruy Belo, Gastão Cruz, entre outros. Considera a cultura “a coisa mais importante para modificar mentalidades e pessoas”.
Lista de poemas:
Luís de Camões – Canção X Bernardim Ribeiro – Segunda Fiama Hasse Pais Brandão – No teatro – Ricardo III por Luís Miguel Cintra Luiza Neto Jorge – Morreu com o dia o sol fiel Sophia de Mello Breyner Andresen – final da peça “O Colar” Sophia de Mello Breyner Andresen – Goa José Tolentino Mendonça – Retrato de Pasolini em Nova Iorque Ruy Belo – Fala de um Homem Afogado ao Largo da Senhora da Guia no dia 31 de Agosto de 1971 Álvaro de Campos/Fernando Pessoa – Tabacaria Carlos de Oliveira – Descrição da Guerra em Guernica
Jerónimo Pizarro
Se pudesse oferecer um presente a Fernando Pessoa, o meu convidado de hoje escolheria uma máquina fotográfica para que Pessoa nos ensinasse a fazer fotografias do imaginário. Jerónimo Pizarro, colombiano, um dos grandes pessoanos do nosso tempo, descobriu o poeta dos heterónimos algures entre a adolescência e a entrada na universidade, depois da leitura do Livro do Desassossego. Depois dessa leitura inicial quis conhecer Pessoa mais e melhor, e uns anos mais tarde, já em Portugal, confirmou o deslumbramento com o universo pessoano. Passo a citar: “Morri de amor pelo arquivo e pelas fontes. Acho que depois de procurar fontes nas montanhas mais altas da Colômbia precisava de encontrar os regatos, como diria Caeiro, ou melhor, as nascentes dos rios pessoanos.” Não sabemos se essa busca pelas nascentes pessoanas estará já concluída, mas o trabalho sobre o poeta da Ode Marítima mantém-se até hoje, não apenas na investigação como também na divulgação do enorme legado de Fernando Pessoa. Jerónimo Pizarro é professor, tradutor, crítico e editor, e também professor da Universidade dos Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e Prémio Eduardo Lourenço, em 2013.
Lista de poetas:
William Blake – The Tyger Jorge Luis Borges – El Mar Pablo Neruda – Walking Around Fernando Pessoa – Ulisses César Vallejo – Hay Golpes en la Vida Cesare Pavese – Virá a Morte e Terá os Teus Olhos Emilio Adolfo Westphalen – He Dejado Descansar Tristemente Mi Cabeza Gonzalo Rojas – El Sol es la Única Semilla Emily Dickinson – I´m Nobody! Who Are You? Sophia de Mello Breyner Andresen - Inscrição
Tiago Nacarato
Lista de poetas:
Oswaldo Montenegro – Metade
Rainer Maria Rilke – Cartas a um Jovem Poeta (dois excertos)
Tom Zé - Tô
Alberto Caeiro - O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Jacques Prévert – canção do carcereiro
Chico Buarque e Gilberto Gil - Cálice
Manel Cruz – O Navio Dela
Gilberto Gil - Super-Homem
Rupi Kaur - 2 poemas em inglês do livro "milk and honey"

Carlos Tê
Lista de poetas:
À espera dos Bárbaros, Konstantínos Kavafis
Sempre me pareceu um pouco cobarde - Golgona Anghel
No Livro de Leitura do 7º ano, Hans Magnus Enzenberger
Entre a Cortina e a Vidraça, Alexandre O’Neil
Holanda, Helberto Helder (d´Os Passos em Volta)
A Passagem das Horas, Álvaro de Campos
America, Allen Ginsberg
Caprichos, Adília Lopes
Pólo Norte, Jorge de Sousa Braga
Invernáculo, Paulo Leminsky

João Gesta
Lista de poetas:
Mário Cesariny - Ode Doméstica
José Miguel Silva - Queixas de um Utente
Fernando Assis Pacheco - Este Ministro é um Mentiroso
Ana Hatherly - Esta Gente/Essa Gente
Alexandre O´Neill - Pois
Jorge Sousa Braga - Remos
Luís Miguel Nava - ARS Poética
Daniel Maia-Pinto Rodrigues - (Ela trincou o rissol)
José Carlos Barros - Os Condicionamentos da Crítica
Golgona Anghel - (Não me interessa o que)

José Eduardo Agualusa
José Eduardo Agualusa é um escritor amplamente premiado e traduzido, que escreve porque não sabe o fim da história. Ou seja, escreve livros porque também ele quer saber como acaba a narrativa que iniciou, e esse detalhe é o que o faz considerar que a sua profissão não é um trabalho, mas uma atividade lúdica. Assume-se como um Angolano em viagem, e de facto já viajou mundo fora muitas vezes, e já viveu em cidades como Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Berlim. Atualmente, divide o seu tempo entre Lisboa e a Ilha de Moçambique. Gosta do mar, de dormir a sesta, de escutar os outros, “metade do trabalho do escritor”, em sua opinião. Acredita que um bom livro abre sempre espaço à aproximação ao outro e ao debate, e que por essa razão, a literatura aproxima as pessoas e pode evitar guerras e conflitos. Por outras palavras, defende a ideia de que ler ficção é, em última análise, uma atividade que aumenta o músculo da empatia.
Lista de poetas:
Leopold Sédar Senghor Nicolás Guillén Ruy Duarte de Carvalho Rui Knopfli Manoel de Barros Zetho Cunha Gonçalves Glória de Sant'Anna Ferreira Gullar Sophia de Mello Breyner Andresen Ana Paula Tavares
Inês Meneses
Lista de poemas:
Henrik Nordbrandt - Esplanada
Amalia Bautista - Conta-mo outra vez
Ibn – Al Farid – O Amor
Jorge Sousa Braga – Cinco Visões de uma Vulva
Al Berto – Clamor
Filipa Leal – No Princípio Era
António Gancho - "Mostras-me o fim do mundo..."
Joan Margarit – A rapariga no Semáforo
Maria do Rosário Pedreira - "Dorme meu amor, que o mundo já viu morrer mais..."
Pedro Mexia – Eternity (For Men)

Joana Gama
Joana Gama nasceu em Braga, em 1983. Estudou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, para onde entrou com 5 anos; no Royal Academy of Music, em Londres; e na Escola Superior de Música de Lisboa. Em 2010 concluiu o mestrado em Interpretação na Universidade de Évora onde defendeu, em 2017, a tese de doutoramento "Estudos Interpretativos sobre música portuguesa contemporânea para piano: o caso particular da música evocativa de elementos culturais portugueses". Tem um enorme fraquinho por Erik Satie - além de recitais dedicados ao compositor e pianista francês, dedicou-lhe também mais do que um disco, e teve ainda a ideia de criar um recital para crianças com obras de Satie comentadas chamado "Eu Gosto Muito do Senhor Satie". Além de tocar a solo e sobretudo como intérprete, também compõe e integra projectos musicais com outros músicos, como por exemplo o duo com Luís Fernandes. Do percurso de Joana Gama destaca-se também uma atenção às artes performativas. Encontramo-la no cinema, na dança, no teatro ou na fotografia.
Lista de poemas:
Burnt Norton - T. S. ELIOT
Aquela Senhora tem um piano in O Guardador de Rebanhos - XI - Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
A possibilidade - João Luís Barreto Guimarães (Movimento)
O do Amor - Regina Guimarães (Antes de mais e depois de tudo)
As folhas da Cerejeira - Tonino Guerra (O Livro das Igrejas Abandonadas)
Destinatário desconhecido - Retour à l'expediteur - Hans Magnus Enzensberger (66 Poemas)
Poema à duração - Peter Handke
Só gosto das pessoas boas - Adília Lopes (Estar em casa)
Entreabre-me a porta - A. M. Pires Cabral (Cobra-d'água)

Alberto Manguel
Alberto Manguel nasceu em Buenos Aires em 1948, e cresceu em Telavive e na Argentina. Aos 16 anos, trabalhava na livraria Pygmalion, em Buenos Aires, quando Jorge Luis Borges lhe pediu que lesse para ele em sua casa. Foi leitor de Borges entre 1964 e 1968, ano em que se mudou para a Europa. Viveu em vários países, entre os quais Espanha, França, Itália e Inglaterra. É ensaísta, romancista premiado e autor de vários best‑sellers internacionais, como "Dicionário de Lugares Imaginários", "Uma História da Curiosidade", "A Biblioteca à Noite" ou "Para uma História da Leitura". Escritor e bibliófilo, foi director da Biblioteca Nacional da Argentina entre 2016 e 2018. Em 2020, escolheu Lisboa para viver e doar a sua biblioteca de cerca de 40 mil livros. É na capital que vai dirigir uma biblioteca e centro de Estudos dedicado à história do Livro e da Leitura de vocação internacional, chamada Centro de Estudos da História da Leitura, sob gestão da EGEAC.
Lista de poemas:
Johann Wolfgang von Goethe “Erlkönig”
Anónimo - de Mother Goose Nursery Rhymes
Robert Louis Stevenson - "Para Onde Vão os Barcos"
Arthur Rimbaud - “Le Bateau Ivre” - "O Barco Ébrio"
Alejandra Pizarnik - “Resgate”
Miguel Hernández - “Fatiga tanto andar sobre la arena”
Jorge Luis Borges - “Uma Bússola"
Edna St-Vincent Millay - “Dirge Without Music”
Dante - "A Divina Comédia", de Purgatório, canto I:13-27
Nuno Júdice - “A luz de Lisboa”

Márcia
Chama-se Ana Márcia de Carvalho Santos, mas conhecemo-la por Márcia. Nasceu em Lisboa, em 1982, e começou a tocar guitarra aos 12 anos. Estudou pintura na Faculdade de Belas Artes e estagiou em cinema documental. Ao mesmo tempo que fazia a formação académica, frequentou o curso de canto na escola de Jazz Hot Clube. Cantou no grupo popular Real Combo Lisbonense e na banda Ana's Blame. Foi com esta banda que se apresentou pela primeira vez ao vivo, no Teatro Gil Vicente, em Cascais, num concerto onde esteve o tempo todo a cantar sentada, porque nessa altura era ainda muito tímida em relação à exposição. Em 2009, com 20 anos, estreou-se com um EP de cinco temas chamado “Márcia”, onde constava a canção "A Pele que Há em Mim", que viria a gravar mais tarde com JP Simões. Depois deste, lançou 4 álbuns, “Dá”, “Casulo”, “Quarto Crescente” e “Vai vem”, editado em 2018. Continua a gostar de discrição mas já aprendeu a domar a timidez. Em entrevistas passadas conta que é sempre autobiográfica nas canções. No último ano lançou um livro chamado “As Estradas São para Ir”, edição planeta, onde recupera alguns excertos de canções, mas também partilha poemas e textos mais uma vez intimistas e reveladores de uma proximidade e verdade que insiste em manter com o público. Neste episódio, também nos brinda com um mini-concerto.
Lista de poemas:
A Morte Saiu à Rua - Zeca Afonso Lavava no Rio Lavava - Amália Rodrigues Sete Anos de Pastor - Luís de Camões Não Sei se é Sonho ou Realidade - Fernando Pessoa Ela Tinha uma Amiga - Manuela de Freitas Cajuina - Caetano Veloso Avó Dores - Filipa Leal Contra a Maré - Carminho O Bule - Adília Lopes No dia do Teu Casamento - (Cátia Mazari) - A Garota Não
Dia Mundial da Poesia 2021 - Emissão Especial

Afonso Cruz
Afonso Cruz nasceu em 1971, na Figueira da Foz. Em criança, o seu lugar preferido no mundo era em cima de uma árvore, hoje é perto dos amigos. Começou a ler muito cedo – o primeiro livro não infantil foi do autor russo Dostoievsky aos 12 anos - e acredita que o facto de escrever lhe aconteceu devido às inúmeras leituras que acumulou, como se cada livro lido fosse uma gota de água a encher um copo, que às tantas tem de transbordar e sair de outra forma. Explicou, numa entrevista, que escrever é como uma transpiração, a escrita é o transbordar da leitura.

Ivo Canelas
Lista de poemas:
Rudyard kipling – Se
Margarida Vale de Gato – Mário
Jacques Brel – La Quête
Mário Cesariny – You Are Wellcome to Elsinore
Chico Buarque – Construção
Charles Bukowski – O Pássaro azul
Allen Ginsberg – América
Alberto Caeiro – Quando vier a primavera
Sebastião da Gama – Pelo Sonho é que Vamos

Júlio Machado Vaz
Júlio Machado Vaz nasceu no Porto, em 1949. Pai, avô, médico psiquiatra, professor universitário, autor de muitos livros, colabora há muitos anos com a imprensa, rádio e a televisão, e marcou várias gerações a falar de sexo com programas como O Sexo dos Anjos, na rádio, ou Sexualidades, na televisão que lhe trouxeram um proximidade quase sempre carinhosa com o público, que gosta de lhe chamar Tio Júlio”. Já não está regularmente na caixinha mágica, mas mantém, há mais de uma década, o programa de Rádio “O Amor é” com Inês Meneses. Benfiquista, viajante, aprecia a conversa entre amigos, o prazer de estar à mesa, as tertúlias, e fala da vida como “um gozo lento” onde Outonescer, para usar um verbo de Sophia de Mello Breyner Andresen, pode ser pacificador.
Lista de poemas:
Eugénio de Andrade - O silêncio; Que fizeste das palavras Brel - Les vieux Reggiani - Votre fille a vingt ans Sophia - 25 de Abril; Esta gente Pink Floyd - Wish you were here António Ramos Rosa - O funcionário cansado Chico Buarque - Todo o sentimento Manuel António Pina - Esplanada
Vicente Alves do Ó
Vicente Alves do Ó nasceu em Janeiro de 1972, em Sines. Antes de vir para Lisboa, aos 27 anos, trabalhou na Câmara Municipal, secção de obras e secção cultural, e ainda antes disso, no Centro Cultural Emmerico Nunes com o poeta Al Berto. A figura do poeta que haveria de filmar e homenagear no cinema em 2017 esteve presente na sua vida desde cedo por via da relação de Al Berto com o irmão mais velho de Vicente Alves do Ó. Disse numa entrevista que esta proximidade a Al Berto e ao seu grupo de amigos que viviam numa casa em Sines a que chamavam palácio, lhe permitiu a acreditar na liberdade e o ensinou a ser livre. Talvez ancorando-se nessa liberdade que refere ou por causa dela, Vicente Alves do Ó, realizador com uma série de argumentos e filmes no currículo, considera-se ainda hoje um outsider do meio cinematográfico português. Cresceu em Sines, numa casa sem livros ou hábitos de leitura, mas aos 7 anos de idade disse à mãe “vou tratar da minha vida e venho já”, e saiu de casa para se inscrever na biblioteca municipal de Sines e, pelo caminho, na catequese.
Lista de poemas:
Estranha forma de vida , Amália Rodrigues
Eu, da Flobela Espanca
Vento de dentro, Luíza Neto JOrge
Cidades Acesas, Sophia de Mello Breyner Andresen
Tragam-me um homem, Cláudia R. Sampaio
O guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro
Mar de leva, Al berto
Não posso adiar o amor, António Ramos Rosa
Por Viver Muitos Anos, Manoel de Barros
O actor acende a boca, Herberto Helder

João Botelho
Lista de poemas:
Busque amor novas artes - soneto de Camões
Perguntas de um operário leitor - Bertolt Brecht
Café Orpheu - Manuel António Pina
Sentimento dum ocidental - Cesário Verde
Crise Lamentável - Mário de Sá Carneiro
Chuva Oblíqua - Fernando Pessoa
Guardador de rebanhos - Alberto Caeiro / Fernando Pessoa
Adeus Português - Alexandre O'Neil
Terra sem vida - T.S. Eliot
Estranha forma de vida - Amália Rodrigues

Camané
Lista de poemas:
Abandono - David Mourão-Ferreira
Espelho Quebrado - David Mourão-Ferreira
Equinócio (Chega-se a Este Ponto) - David Mourão-Ferreira
Cantiguinha (Te Juro) - Cecília Meireles
O Amor, Quando se Revela - Fernando Pessoa
Remorso - João Linhares Barbosa
A Casa da Mariquinhas - João Silva Tavares
Mal - Sebastião Belfort Cerqueira
Monda - Sebastião Belfort Cerqueira
O Homem da Cidade - José Carlos Ary dos Santos

Francisco José Viegas
Lista de poemas:
De tarde - Cesário Verde
Nós os vencidos do catolicismo - Ruy Belo
Os Justos - Jorge Luis Borges
Ela dança sobre pregos - Gerrit Komrij
You are welcome to Elsinore - Mário Cesariny de Vasconcelos
Portugal - Alexandre O’Neill
A Concha - Vitorino Nemésio
Vasco Graça Moura
Na margem do rio - Li Bai
Barra de Aveiro: Um Agosto - Fernando Assis Pacheco

Nicolau Santos
Bertolt Brecht – Da violência
Natália Correia – A defesa do poeta
Sophia de Mello Breyner – Um dia
Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya
Lawrence Ferlinghetti – Os elevadores de Lisboa
David Mourão Ferreira – E por vezes
Jorge Sousa Braga - Portugal
Rui Nogar – Xicuembo
Viriato da Cruz – Namoro
Nicolau Santos – O meu país já não existe

António Zambujo
Do clarinete à guitarra foi um salto, marcado também pela descoberta da música brasileira através dos discos de João Gilberto durante a adolescência. O cantor e compositor brasileiro tocava outros autores, e António Zambujo abriu essa porta para não mais a fechar.
Na bagagem tem o Cante Alentejo, o fado, a participação num musical em Lisboa de Filipe La Féria, seguida do convite de Maria da Fé para cantar no Senhor Vinho, onde estaria por 7 anos, a trabalhar e viver de noite, e dormir de dia. Com o tempo encontrou uma sonoridade que não esquece nem ignora essas raízes mas que tem uma linguagem musical própria. O currículo soma 8 discos, 7 originais e um de homenagem a Chico Buarque. Está neste momento em estúdio a gravar o próximo álbum.
Lista de poemas:
Há Festa na Mouraria - Gabriel de Oliveira
Urgentemente - Eugénio de Andrade
Memória - Carlos Drummond de Andrade
Pela Luz dos Olhos Teus - Vinicius de Moraes
Dialética - Vinicius de Moraes
Apesar das Ruínas - Sophia de Mello Breyner Andresen
Loura a Face que Espia - Bernardo Soares
Noite Apressada - David Mourão-Ferreira
Deixei de Ouvir-te - Maria do Rosário Pedreira
Súplica - Miguel Torga

Alice Vieira
Lista de poemas:
HERANÇA, David Mourão Ferreira
“RECADO”, Vasco Graça Moura
A NOITE ABRE OS MEUS OLHOS, José Tolentino de Mendonça
O VALOR DO VENTO, Ruy Belo
DE UM AMOR MORTO, Sophia de Mello Breyner
"INTERNET”—Nuno Júdice
“POEMAS QUOTIDIANOS—POEMA 17”, António Reis
.“CANÇÃO”, Eugénio de Andrade
“AS MULHERES”, Daniel Faria
“TENTAÇÃO”, Luís Filipe Castro Mendes

Martim Sousa Tavares
Lista de poemas:
António Ramos Rosa - “Vivo tanto que já não tenho outra noção (...)
Sophia de Mello Breyner Andresen- Soror Mariana - Beja
Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos - IV
A. Maria de Jesus - A Vinha d’ O Senhor dos Aflitos
Luís de Camões - Glosa “Nunca em prazeres passados (...)”
Margarida Vale de Gato - Glosa da Nau Catrineta
Sophia de Mello Breyner Andresen- Musa
José Miguel Silva - Musa, Sinceramente
Fernando Pessoa - António de Oliveira Salazar
Golgona Anghel - “Não me interessa o que dizem os dissidentes da ditadura”

Pedro Santos Guerreiro
Lista de poemas:
Fernando Pessoa, Lisbon Revisited (1923)
Ruy Belo, Morte ao Meio-Dia
Amalia Bautista, Dúvida
Adélia Prado, Trottoir
Andreia C. Faria, Sou a mulher que se mata por amor a ti
T. S. Eliot, The Waste Land
Jim Morrison, Awake
Tennyson, Ulysses
Philip Larkin, An Arundel Tomb
Juan Manuel Roca, Al Pobre Diablo

Teresa Conceição
Lista de poemas:
A PROPÓSITO DE ESTRELAS, Adília Lopes
E TUDO ERA POSSÍVEL, Ruy Belo
POEMA DO POSTE COM FLORES AMARELAS, António Gedeão
MONTANHAS, de Jorge Sousa Braga
AO ANOITECER, al berto
O REGRESSO, Manuel António Pina , "A triste história do zero poeta"
Quadras soltas de ANTÓNIO ALEIXO
DIE LORELEI, Heinrich Heine
LE BATEAU IVRE, Rimbaud
THE NAMING OF CATS, T.S. Elliot

Joaquim Furtado
Lista de poemas:
Comigo me Desavim- Sá de Miranda
O Amor em Visita - Herberto Helder
Uma pequenina Luz - Jorge de Sena
Intercidades - Margarida Vale de Gato
Uma Faca nos Dentes - António José Forte
A Tabacaria - Fernando Pessoa
You Are Welcome do Elsinore - Mário Cesariny
Serenidade és Minha - Raul de Carvalho
Poeta no Supermercado - Fernando Assis Pacheco
Para Agradar a uma Sombra - José Miguel Silva

Dia Mundial da Poesia 2020 - Emissão Especial
"Em tempo de pandemia, de estado de emergência e de isolamento para a maioria de nós, pedi a alguns amigos e leitores de poesia para usarem os seus telefones e gravarem um vídeo a dizer um poema. As contribuições foram muito generosas, e muito além do que eu poderia esperar. Só posso agradecer. Partilhei esses vídeos nas várias plataformas d’O Poema Ensina a Cair, Facebook, instagram e YouTube, a grande maioria no dia mundial da poesia, 21 de Março, mas também nos dias que antecederam a efeméride e nos dias posteriores. São essas leituras e essas escolhas de pessoas com profissões tão diferentes como jornalista, actor, músico ou professor que agora partilhamos convosco nesta emissão especial do podcast." - Raquel Marinho

Rui Vieira Nery
Lista de poemas:
Poema sobre a Recusa - Maria Teresa Horta
Ladainha dos Póstumos Natais - David Mourão-Ferreira
O rapaz da camisola verde - Pedro Homem de Mello
Pátria - Sophia de Mello Breyner Andresen
Portugal - Alexandre O´Neill
Adeus - Eugénio de Andrade
Cantar do Amigo Perfeito - Jorge de Sena
Para uma canção de embalar - Vasco Graça Moura
Ítaca - Kostantin Kavafis (trad. Jorge de Sena)
Do not go gente into that good night - Dylan Thomas (Trad. Rui Vieira Nery)

Capicua
É conhecida do público por Capicua, chama-se Ana Matos Fernandes. Descobriu o Hip Hop aos 15 anos nas ruas da cidade do Porto, onde nasceu, e também nas cassetes que chegou a gravar em casa, antes de chegar aos microfones profissionais e ao grande público. Estudou Sociologia, fez um doutoramento em Geografia Humana, em Barcelona, e nunca pensou viver da música.
É rapper, acaba de lançar o terceiro álbum, e é também letrista, activista, feminista, cronista, e admiradora confessa de Sérgio Godinho - numa das primeiras músicas ouve-se a frase "ai de quem dissesse mal do Sérgio Godinho". Mas há muito outros cantautores que admira, e também muitos poetas. Ambos, de resto, integram as suas músicas.
Lista de poemas
Sophia de Mello Breyner Andresen:
- Com Fúria e Raiva
- Liberdade
Cesário Verde:
- Sardenta
José Gomes Ferreira
- O Problema da Transformação do Mundo Sem Lutos Nem Cólera
Vinicius de Moraes
- Soneto do Amor Total
Mário Quintana
- Poeminho do Contra
José de Almada Ndegreiros
- "Quando vejo o côr-de-rosa parece que se referem a mim", do livro A Invenção do Dia Claro
Gilberto Gil
- Se Eu Quiser Falar Com deus
Chico Buarque
- Construção
Sérgio Godinho
- Parto Sem Dor

Eunice Muñoz
Eunice Muñoz nasceu a 30 de julho de 1928, na Amareleja, Baixo Alentejo, no seio de uma família de actores. Aos cinco anos já realizava pequenos números musicais na companhia teatral da família, a Troupe Carmo. Estreou-se no Teatro Nacional com a peça Vendaval, aos 13 anos, e recorda desse momento “o terror de ver o pano de boca a subir, uma imagem que se eterniza”, segundo disse recentemente numa entrevista ao Diário de Notícias.
Entrou no Conservatório aos 14 anos, e saiu aos 17 com uma média de 18 valores. Foi nessa altura que começou a ler poesia. Considerada umas das maiores actrizes portuguesas de sempre - a neta Lídia chegou a dizer que a “avó não é uma actriz, é o teatro” -, prefere manter-se afastada dos epítetos e gosta que lhe chamem Eunice, apenas. A representação acompanha-a desde a adolescência, as leituras públicas de poesia começaram mais tarde. Tinha 40 anos quando se estreou a dizer poesia em público na Livraria Bucholz, e foi nessa altura que percebeu a importância que as palavras dos poetas representavam para si. Seguiram-se inúmeros recitais, leituras e discos, em que Eunice deu voz aos poetas de que mais gostava.
Lista Poemas:
Alexandre O´Neil:Canção
Em Pleno Azul António Barahona:
Memória de Luís Abel Ferreira Camilo Pessanha:
Foi um Dia de Inúteis Agonias
Esbelta Surge! Vem das Águas
Passou o Outono Florbela Espanca:
Oração de Joelhos
O Espectro
Se as Tuas Mãos Divinas Jorge de Sena:
Envelhecer José Régio:
Livro Cântico Suspenso - último poema

Alexandre Quintanilha
Alexandre Quintanilha, físico e biólogo, é um dos nomes da investigação científica mais reconhecidos de Portugal. Licenciado em Física Teórica e doutorado em Física do Estado Sólido, viveu na África do Sul e nos Estados Unidos, antes de chegar a Portugal aos 45 anos, para trabalhar na Universidade do Porto. A par do ensino na Universidade, dirigiu algumas das instituições de investigação científica mais prestigiadas do país. Atualmente é deputado da Assembleia da República, para onde foi eleito pelo Partido Socialista.
Lista de Poemas:
O Melro – Guerra Junqueiro Sôbolos rios que vão por Babilónia – Luís de Camões Elegias de Duíno – Rainer Maria Rilke Hinos à Noite – Novalis Tabacaria – Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) D. Bailador – Bailarino – Reinaldo Ferreira Apparition – Stéphane Mallarmé O Corvo – Edgar Allan Poe Sobre um Poema – Herberto Helder As Crianças – Kahlil Gibran Quarta-Feira de Cinzas – T.S. Elliot